01/03/2012 - 0:00
Era difícil conter a ansiedade. Eu seria o único jornalista brasileiro a avaliar o Porsche Panamera GTS. Pousamos em Málaga, na Espanha. O lugar escolhido para o teste não poderia ser mais apropriado: a pista particular Ascari Racing Resort, famosa pelo seu traçado inspirado nos grandes circuitos do automobilismo. Lá estava eu, frente à máquina. As primeiras voltas foram dadas em velocidade moderada, por recomendação dos representantes da marca. Aproveitei a oportunidade para reparar no volante Sport Design com borboletas para as trocas de marchas e nos outros detalhes do luxuoso interior com peças de alumínio e couro Alcântara. O PCM (Porsche Comunication Management) traz uma tela de 7” no painel e integra as funções de comunicação e navegação GPS. Tudo muito intuitivo.
Chega de passear. Queria mesmo era conferir do que o carro é capaz. Segundo a Porsche, essa versão recria o desempenho do lendário 902 Carrera GTS de 1963. Por isso, esse Gran Turismo usa diversos componentes do irmão Turbo (500 cv). Como concorrentes, tem o BMW série 7, Aston Martin Rapide e, embora não tenha a mesma proposta, o SLS AMG. A mecânica traz um V8 de 4,8 litros com injeção direta de gasolina. É o mesmo das versões 4S, mas com potência aumentada de 400 para 430 cv e com 53 kgfm de torque. Entre as maiores novidades estão um novo mapeamento do motor e o sistema de admissão revisto. Acima das 3.500 rpm, as tampas dos dois filtros extras, que ficam nas extremidades do para-choque dianteiro, se abrem para aspirar uma maior quantidade de ar e aumentar o desempenho. O pacote Sport Chrono (opcional) permite que o motorista altere as reações e os parâmetros do modelo, deixando-o ainda mais esportivo. São três modos: Normal, Sport e Sport Plus.
Nosso repórter Rafael Poci Déa foi o único jornalista brasileiro presente na apresentação do Porsche Panamera, em Málaga, na Espanha
Peço licença aos puristas que torcem o nariz para o Panamera por causa dos quatro lugares e de seu tamanho avantajado. Esse GTS tem comportamento arisco e acelera rápido. Muitas vezes, durante o teste de avaliação, me perguntei se ele seria mesmo um carro “familiar”. O ronco é um capítulo à parte e ainda pode mudar de intensidade se você pressionar a tecla Sound Symposer. A transmissão automatizada PDK de sete velocidades é outra obra-prima da engenharia. As marchas são trocadas de forma incrivelmente rápida. “Reprogramamos o software para deixá-la mais ágil e melhorar as trocas”, explicou Andreas Jaksch, diretor de projeto de toda a linha Panamera.
Por causa do trabalho de desenvolvimento do chassi, o modelo pode até ser usado em pistas. Segundo o engenheiro Andreas Probstle, a estabilidade foi melhorada com o uso de espaçadores de cinco milímetros para o aumento da bitola, com as rodas de 19” (opcionalmente pode vir com aro 20) e o aerofólio da versão Turbo, que se abre para cima e para os lados.
O interior é requintado e luxuoso e, na parte de trás, está a quande diferença do Panamera com relação aos outros modelos da Porsche: há espaço para duas pessoas viajarem com conforto
Nas curvas, a suspensão pneumática adaptativa cumpre seu papel. Traz, de série, o Porsche Active Suspension Management, sistema que permite ajustar a altura da carroceria, o nível de deformação das molas e a carga dos amortecedores. No modo Normal, ele já é um centímetro mais baixo que um Panamera convencional. Mas, ao pressionar a tecla Sport, a distância do solo diminui mais 0,5 cm. Os freios foram tomados emprestados da versão Turbo e, em caso de exagero, toda a parafernália eletrônica está lá.
Entre os dispositivos, há o Porsche Traction Management (PTM), que integra o diferencial automático. O GTS também está equipado com controle de tração (ASR) e de estabilidade Porsche Stability Management (PSM), que distribui a força do motor para as quatro rodas.
A cereja do bolo é o Dynamic Chassis Control, um sistema de estabilização ativa que detecta e diminuiu as oscilações laterais da carroceria. Além de tudo isso, o sistema reduz as trepidações em pisos irregulares e está conectado ao PTV Plus, sistema que melhora a dinâmica de condução e aumenta a estabilidade.
Quando tive que devolver o Panamera, senti uma sensação de vazio. Além de ser um esportivo mais que irrepreensível, com ele, você pode trabalhar, viajar e até ir ao supermercado. Isso tudo assessorado por sistemas que alertam sobre mudanças involuntárias de faixa, veículos escondidos nos pontos-cegos, sensores de estacionamento e câmera de ré. Dá até para economizar combustível com o start-stop. Uma belíssima máquina que, em pouco tempo, chegará ao Brasil.
A casa da Porsche
A fábrica da marca de esportivos fica na cidade de Leipzig, na Alemanha. É de lá que saem os modelos Panamera e o SUV Cayenne. De acordo com a Porsche, no ano passado, foram produzidos mais de 93 mil veículos nessa unidade industrial. O processo de produção é a síntese da organização alemã: o motor do GTS, por exemplo, leva seis horas para ser construído. Quando saem da linha de montagem, os modelos seguem para a pista de testes, dentro do complexo. O circuito é travado, com curvas de alta velocidade e outras em forma de cotovelo, e boas retas. No topo do prédio administrativo (o cone invertido visto na foto à esq.) fica o Museu Porsche que reúne belos exemplares históricos e alguns modelos atuais, como o Carrera GT.