Quando a Philip Morris me deu patrocínio e também liberdade para escolher minha próxima equipe, em 1973, eu já estava conversando sobre o assunto com Tyrrel, Brabham e McLaren. A Tyrrel vinha de enormes sucessos nos últimos anos e tinha não apenas um, mas dois “assentos” sobrando: Jackie Stewart havia anunciado sua aposentadoria no final de 1973 e o coitado do François Cevert, seu colega de equipe, havia falecido durante os treinos de classificação para a última corrida do ano, o GP dos Estados Unidos em Watkins Glen.

A Tyrrel era uma equipe muito boa, na qual Jackie ganhou os campeonatos mundiais de 1969, 1971 e 1973. Claramente, era uma possibilidade atraente para mim. A Brabham, na época, era a equipe de Bernie Ecclestone, com quem eu me relacionava muito bem. E o designer de Bernie era Gordon Murray, um dos técnicos mais criativos de toda a história das competições motorizadas. A Brabham já tinha contratado o argentino Carlos Reutemann, que era muito rápido e profissional, para pilotar o outro carro do time. Por isso, essa equipe era ainda mais tentadora do que a Tyrrel e quase assinei com Bernie.

E ainda tinha a McLaren, que, em 1973, havia substituído seu M19 por um novíssimo carro, o M23. Logo na estreia, Denny Hulme colocou o M23 na pole na primeira corrida, no superveloz circuito de Kyalami, no GP da África do Sul. Jackie Stewart ganhou a corrida com a Tyrrell, mas eu gastei boa parte da competição brigando pelo segundo lugar com Denny e Peter Revson, o outro piloto da McLaren. Ultrapassei Peter muitas vezes, mas terminei meio segundo atrás dele. Era a velocidade do M23 em curvas rápidas que mais me impressionava, principalmente porque era um carro totalmente novo.

Minhas primeiras impressões do M23 se mostraram corretas: a McLaren ganhou três GPs em 1973, um com Denny e duas com Peter. Assim, no outono daquele ano, me reuni com o pessoal da McLaren na fábrica em Coinbrook, na Inglaterra. Me senti muito confortável com aquela turma. Teddy Mayer era o chefe, Phil Keer era o gerente operacional e Alastair Caldwll era o team manager, enquanto Gordon Coppuck era o chefe de design. Gordon era o único inglês, enquanto todos os outros eram estrangeiros, como eu. Teddy era americano, Phil e Alastair vinham da Nova Zelândia, seguindo Bruce McLaren, que fundou a companhia e morreu tragicamente testando o M8D Can-Am em Goodwood, na Inglaterra, em 1970.

Aqueles caras tinham um espírito fantástico, era fácil perceber. Eram tão motivados, tão organizados… prontos para vencer. Eles tinham fome de sucesso e gostei muito deles. Aí escolhi a McLaren e meu companheiro de equipe seria Denny Hulme, já que Peter foi para a equipe Shadow. Eu tinha ótimos pressentimentos sobre o ano que estava à frente.