Antes de explicar por que a F1 “não funcionou” em Indianápolis, preciso falar da minha experiência de Indycar lá. A Indy 500 foi disputada pela primeira vez nessa pista há mais de 100 anos – em 1911. Eu ganhei a prova duas vezes (1989/1993), ambas pela Penske-Chevy, e fiquei orgulhoso por entrar no lendário “Hall da Fama” de Indianápolis.

Embora tenha corrido pela primeira vez de Indycar em 1984 (CART), dirigi pela primeira vez um deles em Indianapolis. Foi em um teste privado em 1974, após ter vencido o campeonato pela McLaren no último GP, de Watkins Glen. Era o fabuloso McLaren-Offy laranja – de Offenhauser, famoso fabricante de motores que venceu a Indy 500 27 vezes – que Johnny Rutherford havia levado do 25º lugar no grid para a vitória, ultrapassando todo mundo, com exceção de Eagle-Offy de Bobby Unser.

O Offy tinha um motor realmente fantástico, ainda que pouco tecnológico: um 2.6 turbinado com quatro cilindros de 800 cv, quase o dobro da potência média dos F1 da década de 1970. O McLaren M16 era simplesmente fabuloso. Na verdade, tenho até hoje uma miniatura do carro do Johnny atrás da minha mesa no meu escritório em São Paulo (o carro original, verdadeiro vencedor de 1974 da Indy, foi vendido na RM Leilões em Monterrey por US$ 3,5 milhões. E, não, infelizmente não fui eu o sortudo comprador!)

Um dos patrocinadores da McLaren na década de 1970 era a Texaco, e depois de testar o M16 de Johnny, um plano foi rapidamente criado para eu pilotar um Indycar branco na Indy 500 de 1975, com apoio da Texaco – e por isso se chamaria McLaren Texaco Star. Pensei com carinho na proposta, que era bastante atraente, mas no fim recusei a oportunidade por sentir que a Indycar era muito insegura na época.

Com o tempo isso mudaria, e nas décadas de 1980 e 1990 ganhei 24 corridas da Indycar, mais que os 14 GPs que ganhei na F1 entre 1970 a 1980. Me diverti muito e fiz grandes amigos – das grandes dinastias de pilotos Unser (Bobby e Al) e Andretti (Mario e Mike) a AJ Foyt, Johnny Rutherford, Bobby Rahal, Danny Sullivan e outros. Eram todos caras maravilhosos.

Talvez como resultado dessas amizades todas, embora a F1 sempre seja (e sempre será) minha categoria preferida do automobilismo – por ser o ápice do esporte, com circuitos mais desafiadores e carros mais sofisticados – admito que gostei ainda mais da Indycar, por causa do ambiente amigável, da ética esportiva e da pureza no entusiasmo e respeito pelo sua própria história.