05/07/2019 - 15:10
Os Estados Unidos têm um relacionamento complexo com a Fórmula 1. Sem dúvida, nenhum outro país é tão apaixonado pelo automóvel quanto os EUA, e os americanos amam o automobilismo com o mesmo fervor. Mas a Fórmula 1 atrai uma audiência bem menor e menos animada se comparada às categorias “da casa”, Nascar e IndyCar. Eu acho que é porque os fãs de esportes americanos tendem a prestar às suas instituições esportivas reverência que é rara em outros países, com uma pureza e entusiasmo e respeito pelo patrimônio esportivo.
Tudo bem, na década de 1970 eu morei na Inglaterra por tempo suficiente para saber que lugares como o Wembley Stadium, o Lords Cricket Ground e o Wimbledon All England Club são muito especiais para os ingleses – e, sem dúvida há estádios de futebol na Itália, na Espanha e no Brasil onde o coração dos fãs batem mais forte.
Mas, para os fãs de corridas dos EUA, a F1 nunca teve esse tipo de “lugar sagrado”. Em quantos locais diferentes a categoria competiu nos EUA? Dez! Sebring, Riverside, Watkins Glen, Long Beach, Las Vegas, Detroit, Dallas, Phoenix, Indianápolis e Austin. É muito. Verdade que excelentes corridas foram disputadas em alguns desses circuitos ao longo dos anos – como Watkins Glen (onde ganhei meu primeiro GP, em 1970, e o primeiro campeonato com a McLaren em 1974) e Long Beach (meu último pódio de 1980, um terceiro lugar com o carro de F1 que tinha meu nome).
Mas, com tanta mudança, como poderia um desses locais ser tão importante para os fãs norte americanos de F1 quanto são Wembley ou Wimbledon para os ingleses? Como uma dessas dez pistas poderia cativar os torcedores da F1 como San Siro em Milão, Camp Nou em Barcelona ou o Maracanã no Rio de Janeiro fazem com os italianos, espanhóis e brasileiros? Ou como o Yankee Stadium é para os fãs de beisebol de Nova York, ou o Cowboys Stadium para os fãs do Dallas?
Interlagos tem mais ou menos essa mesma “aura”, assim como Silverstone na Inglaterra, Monza na Itália e Suzuka no Japão. Mas Sebring, Riverside, Watkins Glen, Long Beach, Las Vegas, Detroit, Dallas, Phoenix e Indianápolis nunca foram usadas por tempo suficiente para fazer o mesmo. Por quê? É o que eu vou explicar nas próximas edições – assim como o processo que nos levou à ótima Austin, Texas, e seu “Circuito das Américas”. Até mês que vem!