“As vendas da Peugeot no Brasil vão decolar com o 208”, me diz, confiante, o CEO da Peugeot, Maxime Picat, no Salão de Genebra (Suíça). Ele acabara de mostrar ao mundo o 2008, um crossover urbano derivado do hatch que você vê nestas páginas e que também será produzido no Brasil, conforme mostramos na edição anterior. A expectativa de Picat realmente deve ser enorme. Afinal, o 208 é a grande aposta da marca para resgatar o prestígio e o sucesso do 206, perdidos com seu sucessor, o 207, que ganhou uma mediana “versão brasileira”. Agora, com o 208, a Peugeot volta a oferecer um carro com design ousado e harmônico e – o mais importante – igualzinho ao modelo europeu.

Sem ainda aposentar o 207, o sucessor chega em três versões, todas com garantia de três anos. Com o novo motor 1.5 8V de 93 cv, custa R$ 39.990 na configuração Active e R$ 45.990 na Allure. A primeira vem com ar, ABS e airbags, trio elétrico e computador debordo. Na segunda, são adicionados os itens mais legais: o teto panorâmico de vidro e a central multimídia (além de ganhar também faróis de neblina, rodas de liga aro 15 e volante multifuncional em couro). Já a versão avaliada, Griffe, além do motor 1.6 de 122 cv de potência, ganha sofisticação: LEDs diurnos, rodas aro 16, sensores de chuva, crepuscular e de estacionamento, piloto automático, ar digital bizone e detalhes cromados. Sai por R$ 50.490, o suficiente para comprar um 308 básico (também 1.6 de 122 cv). Um carro maior, mas bem menos equipado.

O maior atrativo do 208 é a posição de dirigir, mas não o único. Seu volante, bem menor que a média, tem que ficar baixo para não esconder o painel – que é visto por cima dele, e não por dentro, como o “normal”. O carro foi projetado para ser assim. No princípio, há uma certa dificuldade para se acomodar; depois, é pura diversão (os amplos ajustes da direção e de altura do banco ajudam a encontrar a a posição ideal). Parece que todos os carros deveriam ser assim – como afirmou nossa editora Ana Flávia Furlan em seu primeiro contato com o carro, ainda na Europa, no ano passado. Na França, aliás, ele já é o segundo modelo mais vendido de todo o mercado, e líder em seu segmento.

Depois de acomodado, resta apreciar o ambiente. A qualidade do acabamento surpreende, e pode seguramente ser considerada a melhor de seu segmento. O painel, moderno e funcional, tem iluminação branca, e a central multimídia é excelente. Além de conectividade bluetooth, USB e auxiliar, tem navegador GPS e tela de sete polegadas. É facílima de operar, seja pela tela sensível ao toque, seja pelos botões no volante, que permitem controle total. O teto panorâmico traz luminosidade para a cabine e amplia a já boa sensação de espaço. Pode ser tampado com o forro, mas nem precisava: mesmo com sol forte, a cabine não esquenta demais. As luzes de neon – que fazem uma espécie de moldura do teto de vidro no modelo europeu  – foram abolidas aqui porque os consumidores consultados acharam a ideia um tanto brega.

Ao volante, o 208 mantém a boa dose de esportividade típica dos Peugeot, mas as suspensões poderiam ser mais firmes, mais próximas às do modelo francês. O motor 1.6 16V flex (sem o tanquinho de partida a frio) garante retomadas e acelerações vigorosas. São 122 cv e um torque que não decepciona em baixas rotações. A direção tem assistência elétrica progressiva: bem calibrada, é leve em manobras e precisa à medida que se aumenta a velocidade. O câmbio poderia ser mais curto, embora tenha bons engates e relações adequadas. Na estrada, um item bastante raro no segmento: o piloto automático indica a velocidade selecionada no centro do painel de instrumentos.

Defeitos? A 120 km/h o motor vai a 3.400 rpm, emitindo muito ruído, e o espaço traseiro não é nenhuma maravilha. Além disso, o tanque não tem abertura interna (um defeito “cultural”, já que na Europa os frentistas são raros e quem abastece é o motorista). Coisas que passariam despercebidas em outros carros, mas que contrastam com as qualidades do 208.