Na primeira quinzena deste ano, a Fiat apresentou o Palio 2010. Em um passado recente, foi a Ford que fez o mesmo com o Fiesta com nova frente. Em janeiro de 2007, já apresentava o modelo 2008. Um exagero de ambas. No segundo semestre de 2008, a Fiat já havia apresentado a linha 2009. Depois, resolveu que o Palio deveria usar a frente do Siena para brigar com o novo Gol. Compreensível, mas por que não planejar antes? O Palio 2009 já poderia ter a frente do Siena, sem a confusão de chamá-lo de 2010.

Ficou curioso: praticamente não existe Palio 2009/2009. Ou o Palio é 2008/2009 ou é 2009/2010. O que acontecerá quando essas unidades forem comercializadas como usadas? Na hora de vender, a cotação considera o modelo e não o ano de fabricação, entendendo que o carro já incorpora as evoluções da nova versão. Mas como explicar para quem compra que ele está adquirindo um carro produzido em janeiro de 2009 e pagando o valor de um 2010? O carro tem um ano a mais de desgaste! É uma questão polêmica.

Essa atitude da Fiat levou a maioria dos fabricantes a fazer o mesmo. Com algumas poucas exceções que mantiveram- se fiéis ao bom senso (lançar o modelo seguinte três ou quatro meses antes de acabar o ano), todo mundo lançou linha 2010 ainda no primeiro semestre de 2009, mesmo sem qualquer alteração no produto. O que mais ouvimos no mercado foi: “Nossos concorrentes lançaram e por isso não podemos ficar vendendo produtos 2009 enquanto eles vendem 2010.” Artifícios para manter as vendas em alta, mas que, a longo prazo, vão virar transtorno aos consumidores. Precisava?

Douglas Mendonça | DIRETOR TÉCNICO