Um grupo japonês elaborou planos para que a Tesla aporte investimentos na Nissan após o fracasso das negociações de fusão da montadora japonesa com a Honda, informou o Financial Times nesta sexta-feira, 21. As ações da Nissan fecharam em alta de 9,6% após a reportagem do Financial Times.

Uma outra reportagem do jornal japonês Nikkei afirma que a empresa de tecnologia taiwanesa Foxconn propôs uma parceria com a Honda com a finalidade de criar uma estrutura com quatro companhias, que também incluiria a Nissan e a Mitsubishi Motors.

Makoto Uchida, CEO da Nissan, e Toshihiro Mibe, presidente da Honda
Makoto Uchida, CEO da Nissan, e Toshihiro Mibe, presidente da Honda – Crédito: Richard A. Brooks / AFP

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Qual seria o plano?

O grupo japonês por trás dos planos de investimento da Tesla na Nissan espera que a empresa liderada por Elon Musk se torne uma investidora estratégica, e acredita que a companhia norte-americana estaria interessada em adquirir as fábricas da Nissan nos Estados Unidos, de acordo com o Financial Times.

A proposta é liderada pelo ex-membro do conselho da Tesla Hiromichi Mizuno, com o apoio do ex-premiê Yoshihide Suga e de seu ex-assessor Hiroto Izumi, disse o jornal, citando fontes anônimas.

O gabinete de Suga disse que não está ciente de um plano para incentivar a Tesla a investir na Nissan. Suga deixou o cargo de primeiro-ministro em 2021, mas continua na Câmara dos Deputados do Japão, representando um distrito eleitoral da prefeitura de Kanagawa, sede da Nissan.

Em postagem no X, Mizuno disse que não tinha “absolutamente nenhum envolvimento” no plano citado no artigo do Financial Times. Ele afirmou duvidar que a Tesla tenha interesse nas fábricas da Nissan, dado o design único das fábricas da montadora dos EUA.

O que dizem as partes citadas?

A Nissan se recusou a comentar a reportagem e a Tesla não respondeu a pedidos de comentários. A Reuters não conseguiu contato imediato com Izumi.

Matt Britzman, analista sênior de ações da Hargreaves Lansdown, disse que não há vantagem para a Tesla em investir na infraestrutura de uma montadora antiga.

“A arma secreta da Tesla é a maneira inovadora como suas fábricas foram projetadas e otimizadas para seus carros”, disse Britzman, acrescentando que a empresa tem ampla capacidade em suas fábricas existentes.

A Honda se recusou a comentar a reportagem do Nikkei.

Uma pessoa passa pelo logotipo da Nissan em seu showroom na sede da empresa em Yokohama, Japão, em 13 de fevereiro de 2025
Uma pessoa passa pelo logotipo da Nissan em seu showroom na sede da empresa em Yokohama, Japão, em 13 de fevereiro de 2025 – Crédito: REUTERS/Kim Kyung-Hoon

Fim da negociação entre Nissan e Honda

No início de fevereiro, a Nissan e Honda encerraram negociações para formarem uma montadora de veículos avaliada em US$ 60 bilhões, lançando a Nissan ainda mais na incerteza e destacando o desafio para as montadoras tradicionais diante do avanço de rivais chineses sobre o setor.

As negociações entre Honda, segunda maior montadora do Japão, e Nissan, terceira maior, foram anunciadas em dezembro, mas logo se complicaram devido às crescentes diferenças entre os grupos, inclusive sobre o equilíbrio de poder na união.

Foi a proposta da Honda de que a Nissan se tornasse uma subsidiária da companhia combinada que acabou afundando o acordo, segundo fontes.

As duas empresas disseram que continuarão com um acordo anterior sobre cooperação em tecnologia e outras áreas, colaboração que, segundo analistas, é crucial, dado avanço da chinesa BYD e outras montadoras de veículos elétricos da China.

A Nissan é, em muitos aspectos, a mais problemática das grandes montadoras tradicionais, nunca tendo se recuperado totalmente dos anos de crise e turbulência gerencial desencadeados pela prisão e destituição do ex-presidente Carlos Ghosn em 2018.