16/03/2015 - 6:00
Nos anos 1970 e 1980, produzindo carros práticos, leves, potentes, bonitos e baratos, graças ao sistema just-in-time (entre outras medidas), o Japão apavorou a indústria automobilística mundial. Nos anos 1990, já com a fama feita, os carros japoneses começaram a chegar ao Brasil. O sucesso foi rápido e vários modelos passaram a ser fabricados no País A entrada de carros franceses, alemães e coreanos tirou um pouco o foco dos carros japoneses, mas eles têm grandes chances de recuperar o máximo prestígio em 2015.
Para se ter uma ideia, entre as 10 marcas líderes em emplacamento, quatro são japonesas (Toyota, Honda, Nissan e Mitsubishi), duas são americanas (Chevrolet e Ford), uma é italiana (Fiat), uma é alemã (Volkswagen), uma é coreana (Hyundai) e uma é francesa (Renault). Apesar de ocuparem do sétimo ao décimo lugar, as japonesas devem crescer bastante este ano por causa dos renovados Nissan March/Versa, Honda HRV e até do Toyota Corolla, cuja nova geração estreou em meados do ano passado.
Somente o novíssimo crossover compacto HR-V, que começou a ser comercializado ontem (15/03), deverá ter uma venda média de 5.000 carros/mês, chegando a 50.000 no final do ano. Ele chegou para brigar pela liderança entre os crossovers/SUVs. Como o Ford EcoSport (líder há vários anos), vendeu 54.263 unidades no ano passado (média de 4.521), mas caiu bastante nos dois primeiros meses deste ano (média de 3.105), o carro da Honda arranca como favorito, por ser uma novidade e trazer tecnologia mais recente. Só não dá para cravar sua vitória porque outro peso-pesado estará na briga e com a mesma meta de 50.000 carros/ano: o Jeep Renegade, que chega no comecinho de abril, com a força de comunicação da Fiat.
Evidentemente, a participação da Honda não terá um aumento de 50.000 veículos, levando-a dos atuais 137.888 carros/ano para 187.888 carros/ano, pois o HR-V canibalizará alguns exemplares do sedã Civic e do monovolume Fit. Mas uma subida expressiva colocará a Honda muito mais próxima da Toyota (195.416 carros/ano) na briga interna pela liderança entre as marcas japonesas.
Isso porque estamos falando das vendas somadas de automóveis e comerciais leves. Considerando só os carros de passeio, a Honda (130.951 unidades/ano) não só deixará a Toyota (129.915 unidades/ano) bem para trás, como reduzirá sua distância para a Renault (171.019 unidades/ano), que terá acrescido o volume do crossover Duster (48.866 unidades/ano), agora considerado automóvel de passeio. Na verdade, a Honda pode até ultrapassar a Renault, pois, sem o HR-V, ela já acumulou 19.825 vendas em 2015 (média de 9.962 unidades/mês), contra 24.561 da marca francesa (média de 12.280 unidades/mês). A Toyota (18.244) e a Nissan (9.094) vêm em seguida. Já a Mitsubishi (4.655) perde a décima posição para a Citroën (5.706).
O problema da Honda está no segmento de comerciais leves, no qual não tem nenhum veículo, enquanto as rivais Toyota, Mitsubishi e Nissan oferecem as picapes Hilux, L-200 e Frontier, respectivamente. A Toyota (5.747) está em quarto lugar, a Mitsubishi (2.866) está em sexto e a Nissan (682) está em nono no ranking deste ano. Na soma dos automóveis de passeio com os comerciais leves, a Toyota (23.991) ocupa a sétima posição com 5,7% de participação, a Honda (19.825) vem em oitavo com 4,7%, a Nissan (9.776) aparece em nono com 2,3% e a Mitsubishi (7.521) ocupa o décimo lugar com 1,8%.
Vale dizer ainda, a respeito das marcas japonesas, que três de seus modelos ocupam a liderança em seus respectivos nichos de mercado: o Honda City na categoria sedãs compactos (41,7%), o Toyota Corolla entre os sedãs médios (32,0%) e o Honda Fit na categoria monovolume (64,6%). Sem contar que na categoria de sedãs médios há uma tripla vitória japonesa, pois o Honda Civic (18,1%) e o Nissan Sentra (9,4%) vêm logo atrás do líder Corolla, e que entre as picapes grandes a Toyota Hilux (27,5%) está nos calcanhares da líder Chevrolet S10 (28,3%). Portanto, prepare-se para ouvir falar muito de carros japoneses nessa temporada.