01/07/2010 - 0:00
Eles são parecidos no design e no preço, mas suas receitas mecânicas são bastante distintas. Enquanto a razão aponta para um lado, a emoção pode te levar para o outro
Quase irmãos, Passat CC e o novo Audi A5 Sportback realizam aqui uma bela disputa. A maior semelhança entre os dois está na proximidade dos preços e na ousadia das linhas de cupê encravadas em um sedã. Produzidos na Alemanha pelo mesmo grupo Volkswagen, são de duas marcas que costumam mirar públicos diferentes. Nos mercados em que estão presentes, quem compra Volks sonha um dia ter um Audi. Mas não no caso dessas preciosidades: a VW invadiu a praia da Audi e disputa o mesmo cliente exigente por design diferenciado, qualidade e tecnologia – e que esteja disposto a gastar entre R$ 188 mil (Passat CC completo) e R$ 189 mil (A5) em máquinas irrepreensíveis. Você tem esse per l? Então, terá uma difícil escolha: selecionar, entre ambos, qual ocupará a vaga de honra de sua garagem.
Iguais, mas diferentes: uma afirmação que soa estranho, mas é verdadeira. São dois confortáveis e espaçosos cupês com quatro portas, ambos de linhas ousadas e belíssimas. Mas suas semelhanças terminam aí. Na disposição mecânica, motor longitudinal em ambos, mas com uma diferença fundamental: um 2.0 turbo de quatro cilindros e 214 cv no Audi e um V6 de 3.6 litros e 300 cv no VW (herdado da Audi) – ambos alimentados por um moderníssimo sistema de injeção direta de alta pressão (também tecnologia Audi) que concilia de maneira surpreendente baixo consumo com altas performances. No Passat, por exemplo, dirigindo de maneira comedida e moderada, é fácil obter marcas de 12 km/l na estrada, apesar do seu tamanho, da tração integral e da alta potência. No Audi, 13 km/l também é uma marca fácil de ser atingida na estrada por quem dirige de maneira tranquila.
Mesmo com as diferenças entre os motores, eles têm uma particularidade interessante: produzem uma força – ou torque – quase idênticos: 35,6 kgfm no V6 da VW e 35,7 kgfm no turbo da Audi. No valente quatro cilindros, essa força máxima ca disponível entre 1.500 rpm e 4.200 rpm e no V6 ela começa em 2.400 rpm e vai até as 5.300 rpm. Na prática, isso signi ca que, nesses regimes de rotações, sempre que o motorista pisar fundo no acelerador ele terá disponibilidade de torque bastante signi cativa, seja nas acelerações, seja nas retomadas de velocidade. Nas baixas e médias rotações, o Audi terá respostas mais brilhantes, realçada por seu câmbio continuamente variável; nos altos regimes, falarão mais alto os 300 cv do motor V6. Na prática, isso signi ca um zero a 100 km/h em bons 7,4 segundos no A5 e em rapidíssimos 5,6 segundos no Passat CC. Dois foguetes.
No interior do Audi, o preto predomina e o comando do freio de estacionamento se faz por um botão ao lado da alavanca de câmbio CVT com oito marchas préselecionadas e que, como o rival, permite trocas sequenciais
No interior do Passat CC, aço escovado e comandos intuitivos. O câmbio de seis marchas e dupla embreagem é rápido e o acionamento do freio de estacionamento é feito por um botão no painel próximo da porta.
Vistos de trás, os dois são semelhantes, com curvas suaves e vidros traseiros bem inclinados
No sistema de tração, uma estranha inversão: o Audi, que fez fama com sua tração integral, tem tração dianteira e o Volks, integral. No câmbio, tecnologias CVT (continuamente variável) no Audi com a opção de oito relações xas e automatizada de seis marchas e dupla embreagem no rival. É difícil saber qual é melhor, mas o Passat tem tração integral. Apesar da melhoria dinâmica , principalmente em curvas e situações de pouca aderência, carrega sempre um peso extra.
Agora, um fato é irrefutável: um carrega a marca VW e o outro a marca Audi. Dentro do grupo, a primeira tem como missão a concepção e o desenvolvimento de carros para um consumidor mais interessado em um bom carro e em uma mecânica moderna e resistente. Na Audi, devem-se suprir as necessidades de um público mais exigente, que quer re no, alta tecnologia, design e status – um produto que o destaque. Como nos con denciou um técnico da VW: “Nós somos o primo pobre e a Audi é o primo rico. No desenvolvimento de um carro, temos uma série de limitações de gasto, o que limita a construção de um carro 100% perfeito sob todos os aspectos. Eles não. Quando desenvolvem um carro, praticamente não há limitações e, por isso, busca-se sempre a melhor solução, o melhor resultado para seu consumidor exigente. Não é à toa que eles assumiram a liderança mundial na produção de carros de luxo deixando para trás BMW e Mercedes”.
Isso não significa que o Passat seja inferior. Bem provavelmente, o CC foi uma exceção à regra. Examinando ambos, tem-se a impressão de que o Passat é feito pela Audi e só no nal se coloca o logotipo VW para diferenciar o Passat dos demais Audi, tamanho é o esmero e a qualidade de seu acabamento. Claro que na prática não é isso, mas o Passat pode ser considerado o melhor carro já fabricado pela VW. Mas, em que pese a superioridade mecânica do CC, com motor mais potente e tração integral, o Audi carrega linhas assinadas por um dos designers mais prestigiados do mundo e o peso da marca. A razão manda escolher o Passat CC e a emoção, o A5 Sportback.