A geração anterior do coreano Hyundai Azera era mesmo um negócio da China: lançado por R$ 120 mil, logo teve o preço reduzido para R$ 80 mil, e chegou a ser vendido por R$ 68 mil. Verdadeira pechincha, era imbatível nos comparativos. Os rivais sempre eram menores, tinham motores menos potentes ou eram menos equipados. Ford Fusion, Honda Accord e as versões mais caras de Civic e Corolla, entre outros, não tinham chance diante do enorme sedã com motor de seis cilindros.

Acabou a festa. Com o novo modelo, a Hyundai teve que fazer o Azera voltar para seu real patamar. O Sonata, que foi lançado por R$ 105/110 mil, acaba de ter o preço reduzido para R$ 94 mil, dando lugar ao irmão maior. Ruim para quem pagou por ele o que poderia pagar hoje no Azera: R$ 109.920 (R$ 125 mil na versão topo de linha avaliada).

Com esse novo preço, o Azera enfrenta seus verdadeiros rivais, e isso complica sua vida. O Honda Accord V6 tem motor melhor; o VW Passat 2.0 turbo é mais econômico – e, com câmbio de dupla embreagem, anda mais –; e o Kia Cadenza, com quem compartilha a plataforma, é maior e também mais forte e potente. Além disso, muitos preferem um Mercedes C180 ou um BMW 320, mesmo que menores, mais fracos e menos equipados. A situação do Azera estaria bem melhor se tivesse o conjunto mecânico que havia sido anunciado. Mas ele não veio para Brasil, complicando a vida do modelo.

 

 

O sistema de entretenimento com navegador GPS, bluetooth e câmera de ré não chegou ao Brasil. Mas conforto e silêncio continuam sendo suas principais qualidades. Os comandos de regulagem do banco na porta são parecidos com os dos modelos da Mercedes. Na estrada, ele parece um carro híbrido, tamanho o isolamento acústico que oferece

 

O espaço para quem vai atrás sempre foi generoso no Azera, mas nesta nova geração ele está um pouquinho maior. Couro nos bancos é um item de série desde a versão de entrada, mas o extensor para as pernas do motorista está disponível apenas para o topo de linha

Em vez de chegar com o novo 3.3 V6 com injeção direta, 293 cv e 35 kgfm lançado nos EUA (e similar ao do Kia Cadenza), aqui ele desembarcou com um 3.0 V6. Um propulsor moderno, mas inferior. Enquanto o modelo 2011 tinha 265 cv e 31 kgfm, a nova geração tem 250 cv (a Hyundai do Brasil anuncia 270 cv) e só 28,8 kgfm a altas 5.000 rpm. Resultado: falta força nas retomadas. Para piorar, o câmbio de seis marchas demora a responder, mesmo no modo sequencial.

Agilidade não é mesmo seu forte. Mas, como o novo Azera aprimorou o rodar de carro americano, com suspensões exageradamente macias, é bom que não estimule uma pilotagem esportiva. Fica distante do ótimo comportamento dinâmico do VW Passat, e até mesmo do Honda Accord.

As maiores qualidades da novidade, sem dúvida, são o espaço – que aumentou pouco, mas já era excelente – e o silêncio a bordo. Quanto à lista de equipamentos, já é ótima na versão de entrada. Tem itens como oito airbags, rodas aro 18, ar digital bizone, bancos elétricos, mas – inexplicavelmente para um carro desse valor – não oferece controle de estabilidade. Esse item está restrito à versão mais cara, assim como outros equipamentos, como teto-solar, auxílio em subidas, partida sem chave, bancos e volante com memória, iluminação com LEDs, ajuste elétrico do volante, som Infinity e faróis de xenônio, entre outros. Mesmo a versão topo não tem bluetooth, câmera de ré e GPS – como em outros mercados.

É, acabou a pechincha. Com mais custo e sem muito benefício que justifique o aumento, acaba a vida fácil para o Azera. Mas, pelo histórico da marca, o preço ainda pode cair. E aí tudo muda…