A partir de fevereiro, a Renault inicia as vendas do Fluence, que foi apresentado no Salão do Automóvel para substituir o Mégane. É um carro desenvolvido para países emergentes, com atributos para agradar aos brasileiros. O interior, criticado pelos proprietários do Mégane, melhorou. Ainda é simples e racional, mas agora está bem-acabado. E os itens de série que ele oferece dão uma sensação de conforto maior. Para começar, a famosa chave em formato de cartão, enfim, se tornou um objeto prático. Antes, apesar de fininha, você precisava tê-la em mãos para abrir e fechar as portas, o que fazia o “design” diferenciado perder o sentido. Agora, basta guardá-la na carteira, junto ao corpo. As portas abrirão quando você tocar a maçaneta e se fecharão quando se distanciar do carro. Para dar a partida, basta pressionar o botão start.

O GPS integrado ao painel (só no Privilège) é da Tom Tom, uma das melhores marcas do mercado, e tem alerta de radares. O único inconveniente é ter que acessar as funções por controle remoto, já que não é touchscreen. Segundo a marca, uma medida de segurança. Bobagem! O GPS tem que ser operado com o veículo parado e, nesse caso, uma tela sensível ao toque seria muito mais prática.

De série, ele tem seis airbags, ar dual zone com saídas traseiras, banco do motorista com ajuste de altura, freios ABS com EBD, CD com MP3, USB e entrada auxiliar (de comandos pouco intuitivos), sensor de chuva e acendimento automático dos faróis. Na versão Privilège, ganha ESP, controle de tração, piloto automático, retrovisor interno eletrocrômico e externos rebatíveis eletricamente, rodas aro 17″ (têm 16″ no Dynamique), sensor de estacionamento e detalhes cromados.

O motor 2.0 flex, aliado ao câmbio do tipo CVT com trocas sequenciais, garante excelente dirigibilidade ao Fluence

 

Outro problema que a Renault tinha com o Mégane e agora está solucionado diz respeito ao conjunto motriz da versão top. Apesar de ágil, o motor 2.0 tinha uma concepção antiga e era um pouco ruidoso. Além disso, o câmbio automático de quatro marchas ao qual vinha acoplado não contribuía para melhorar seu rendimento. Para o Fluence, a marca optou por uma solução caseira, porém mais moderna. Lançou mão do eficiente motor 2.0 fl ex de 143 cv que equipa o Nissan Sentra.

Para auxiliar o bom motor, veio junto o câmbio CVT, que, no Renault, ganhou trocas de marchas sequenciais. São seis escalonamentos “virtuais” (já que o câmbio continuamente variável funciona com polias e não com engrenagens), mas que ajudam a eliminar aquela típica sensação de que o carro está sempre solto e fora do controle. Se precisar subir o motor de giro em uma ultrapassagem, por exemplo, dá para reduzir a marcha e segurar até perto do limite de corte. Bem interessante. Isso sem abrir mão da suavidade e da linearidade que só um CVT oferece. O carro vai bem. Vigoroso, retoma velocidade com facilidade e tem baixo nível de ruídos.

À esquerda, os comandos do rádio na coluna de direção. Acima, os botões do ESP, do sensor de estacionamento e para abertura do tanque

 

No alto, o interior com acabamento superior ao do Mégane. Acima, a alavanca do câmbio CVT com trocas sequenciais (junto dela, o controle remoto do GPS com alerta de radares – ao lado). Acima, o ar-condicionado digital dual zone e, abaixo do som, a chave em forma de cartão (que não precisa estar ali para o carro ser ligado)

Dinamicamente, o modelo, construído sobre a mesmíssima plataforma do coreano Samsung SM3, não decepciona e faz jus ao Mégane, irrepreensível nesse sentido. Suas suspensões têm acerto bem equilibrado, que o deixa confortável nos pisos irregulares e seguro nas altas velocidades. Um conforto ratificado pelas medidas da carroceria, uma das maiores do segmento, perdendo apenas para o C4 Pallas em comprimento e empatando com o Civic no entre-eixos de 2,700 m. O portamalas, que pode ser destravado na chave, mas precisa ser aberto manualmente, acomoda ótimos 530 litros, mas tem – diferentemente do Mégane – dobradiças do tipo pescoço de ganso, que invadem seu interior.

Até o fechamento desta edição, os preços oficiais do modelo ainda não haviam sido divulgados – mas espera-se algo em torno de R$ 60 mil para o catálogo de entrada. Se esse valor se confirmar, a Renault tem tudo para sair do ostracismo no segmento de sedãs médios. A Grand Tour, como já havíamos antecipado, permanece à venda somente na versão 1.6, com preço mais em conta (R$ 48.450) para brigar com a Volkswagen SpaceFox.