TROLLER T4 2009 R$ 85.000 (ESTIMADO)

É como se um casal tivesse adotado uma criança – mas não gostasse muito de suas feições – e trocasse olhos azuis por castanhos, pintasse seus cabelos loiros… enfim, a deixasse mais com a “cara” da família. Foi isso que a Ford fez com o Troller, da marca cearense do mesmo nome que comprou no ano passado: colocou um painel de instrumentos parecido com o do EcoSport, assim como o volante, as saídas de ventilação, os botões de abertura do vidro, que passaram para a porta… as mudanças internas foram muitas, com melhoria no acabamento e nos materiais, e de fato deram a cara da Ford ao Troller.

No design externo, muito pouco mudou: “era preciso mudar sem mudar”, como fizeram questão de explicar os executivos da Ford no lançamento do jipe.

Isso porque, dono de uma forte identidade e com uma legião de admiradores entre os jipeiros, o medo era de que um T4 muito diferente perdesse mercado.

Por isso, a Ford mudou uma porção de detalhes nos faróis de milha, olhos de gato e lanternas, além de ter feito algumas modificações (necessárias) na suspensão – que foi melhorada no eixo dianteiro, com novos amortecedores que reduziram a oscilação “sobe-e-desce” do modelo anterior – e nos vidros, que passaram a ter uma pequena curvatura (antes eram retos e provocavam reflexos indesejados).

De olho no segmento de jipes, hoje liderado por Pajero TR4 e GM Tracker, a Ford quer aumentar as vendas do Troller, que tem a vantagem, para os jipeiros, de possuir características únicas em relação aos concorrentes. E elas foram mantidas: o potente motor a diesel de 163 cv (os rivais rodam apenas com gasolina), a carroceria em fibra (fica mais fácil para consertar pequenos danos que costumam ocorrer nas trilhas), a tração 4×4 com reduzida e roda livre (muito eficiente no test-drive que fizemos, enfrentando as difíceis dunas de Fortaleza, no Ceará – bem perto da fábrica, onde sua produção foi mantida pela Ford) e a robustez de sua construção sobre chassi (com o pênalti de fazê-lo pesar mais de duas toneladas).

As melhorias foram sensíveis, mas ainda faz muita falta um porta-malas maior (ele quase inexiste), apesar do bom espaço para as pernas de quem viaja no banco traseiro. Talvez isso não importe para o nicho de mercado do Troller, mas pode ser um empecilho para fazer a marca crescer. O preço não foi divulgado, mas deve se manter na casa dos R$ 85 mil atuais.

O painel, acima, ganhou a cara da Ford. Comparado com o antigo (à direita), mudou bastante. Na página ao lado, o modelo anterior (vermelho) pode ser comparado com o novo