Para atrair novos consumidores, a BMW, controladora da marca Mini, lançou, no ano passado, uma versão básica de seu modelo mais cobiçado: o Cooper. Para baratear o carrinho, alguns equipamentos desapareceram da lista de itens de série, como o ar-condicionado digital, que virou analógico; os controles do som no volante; as entradas auxiliares do rádio; e as rodas de liga aro 16, que foram substituídas por outras, de 15 polegadas. Mas a principal diferença entre um Mini Cooper convencional de R$ 80 mil para esse modelo de entrada, que custa a partir de R$ 67 mil (manual), não está nos equipamentos, mas na potência do motor.

O mesmo propulsor 1.6 de 120 cv, aqui, oferece 98 cv de potência. Em um primeiro momento, a lógica nos levaria a pensar que ninguém, em sã consciência, pagaria tanto para ter um carro com cavalaria tão modesta.

Mesmo que ele seja bonitinho, exclusivo e que chame a atenção pelas ruas, é caro demais. Mas antes de tirar conclusões é preciso rodar com o carro, porque é no comportamento dinâmico que ele se justi ca. E se você concorda que um carro é mais do que seu motor vai compreender a proposta deste Mini One e a intenção de quem decide levá-lo para casa.

O desenho dos bancos, a posição de dirigir, a direção precisa, a comunicação entre o motorista e a rua, tudo colabora para que o piloto sinta o carro como uma extensão de si mesmo. E é exatamente isso que garante aquela sensação de esportividade tão elogiada no modelo inglês. Nas curvas, seu comportamento é basicamente neutro, com leve tendência ao sobre-esterço, mas quando a escapada se anuncia ela é mais empolgante do que assustadora, já que o bom chassi, a direção direta e a eletrônica ajudam a manter o carro na linha. Poucos modelos com tração dianteira oferecem uma dinâmica tão prazerosa quanto a do Mini Cooper, seja na versão de entrada, seja na topo de linha. Por isso, o fato de ele ter 98 cv e levar 12,3 segundos até os 100 km/h acaba virando um detalhe.

 

O modelo de entrada perde itens como o controle do rádio no volante, a entrada USB, o ar digital e a roda 16”, mas mantém os seis airbags, o ABS e os freios a disco

Nessa versão avaliada, vendida por R$ 78.950, e que tem como novidade a transmissão automática, o prazer ca um pouquinho comprometido pelo câmbio. A caixa de seis velocidades não é rápida o su ciente e, para aproveitar o torque de quase 16 kgfm do motor, faz as trocas em rotações um tanto altas. Em alguns momentos, falta fôlego. As trocas na alavanca melhoram o desempenho, o ruído e até o consumo. Quem não faz questão do conforto extra que essa transmissão oferece, pode apostar no Mini One manual, que fará um ótimo negócio.