Já se passaram seis meses desde que um protótipo com jeito de caixote foi agrado pela primeira vez nas estradas brasileiras. Hoje, sabemos que aquele objeto não identi cado era o monovolume Chevrolet Spin – por mais que a marca pre ra de ni-lo como um dois volumes. E ele chega com a importante missão de substituir de uma vez só Meriva e Za ra, modelos com mais de dez anos de estrada sem alterações consistentes na mecânica ou no design. A GM pretende vender 2,8 mil unidades mensais do Spin, que foi desenvolvido e projetado em São Caetano do Sul (SP). Para atingir esse objetivo, o Spin começa a ser comercializado em duas versões de acabamento, LT e LTZ. A primeira tem cinco lugares, como a Meriva; a segunda tem sete, como a Za ra. Ambas têm três anos de garantia.

Os preços de nitivos não haviam sido divulgados até o fechamento desta edição, mas a marca nos adiantou que o modelo partirá da casa dos R$ 45 mil em sua versão mais básica, chegando bem perto dos R$ 55 mil na mais completa. Gustavo Colossi, diretor de marketing da GM do Brasil, disse à MOTOR SHOW que, caso haja demanda, ainda pode, sim, ser criada uma versão intermediária – LT com sete lugares. “O consumidor é o rei”, explica o executivo. O Spin também será produzido na Indonésia para abastecer parte dos outros 40 a 50 países onde deverá ser vendido. No mercado brasileiro, segundo a montadora, seus principais rivais são a VW SpaceFox, os Nissan Livina e Grand Livina e o Fiat Idea – mas, obviamente, vai brigar também com o J6, da chinesa JAC Motors.

Carregando a nova identidade visual da marca – a grade bipartida -, o Spin tem linhas semelhantes às do Cobalt e faróis que lembram a S10. Se a dianteira transmite imponência, a traseira deixa a desejar, como se houvesse algo faltando. Se as lanternas invadissem a tampa, talvez o resultado fosse mais agradável.

De série, a versão LT tem ar, direção hidráulica, ABS, airbag duplo, vidros e travas elétricas e ajuste de altura do banco do motorista e do volante. A marca vai disponibilizar para ela dois kits de opcionais, com rodas de alumínio, controle de cruzeiro, transmissão automática e bluetooth. Já na LTZ somam-se a terceira leira de banco, o rack de teto, o computador de bordo, o sensor de estacionamento e o volante multifuncional. O DVD player no encosto dos bancos é um acessório.

Internamente, ele é quase igual ao Cobalt. Compartilha painel de instrumentos, volante e outros comandos, além de ter a mesma profusão de plásticos rústicos por toda a cabine. O Spin cinco lugares oferece generosos 710 litros de capacidade do porta-malas, enquanto o LTZ acomoda ín mos 162 litros quando a terceira leira está em uso – e 553 litros quando é rebatida, já que o monovolume não permite embutir os assentos no piso, como podia ser feito na Za ra. Além disso, a versão de sete lugares, na verdade, acomoda bem apenas quatro adultos e duas crianças – ou dois adultos e cinco crianças. A terceira leira é impraticável para adultos. Ainda em relação ao Cobalt, o Spin teve sua posição de guiar elevada, que cou menos parecida com a de um sedã e mais semelhante à de um SUV. Para os motoristas com mais de 1,80 metro, como eu, o banco do motorista é incômodo: mesmo com o banco em sua posição mais baixa, você continua alto demais.

Na traseira, as lanternas caram meio acanhadas; poderiam ser maiores

Para o trem de força, a Chevrolet optou por uma nova versão do já conhecido motor 1.4 Econo.Flex. Com 1.8 litro, essa unidade gera quase a mesma potência máxima – 108 cv, contra 104 cv – , mas a grande vantagem vem no torque bem maior – são 17,1 kgfm com o derivado de cana-de-açúcar. Segundo a GM, esse motor recebeu alterações nos coletores de admissão e exaustão para entregar o torque de maneira mais igualitária em todas as faixas de rotações. Já a transmissão pode ser manual de cinco velocidades ou automática de seis – essa derivada da do Cruze, mas com uma calibração diferenciada, que casou bem com o motor. O ponto mais positivo está na grande suavidade das trocas de marcha.

O Spin não permite esconder as leiras de bancos no assoalho como a Za ra. Assim, a versão de sete lugares perde espaço para a bagagem: a terceira leira pode ter o encosto rebatido (fotos do meio) ou ser dobrada para a frente (à dir.). De qualquer forma, acomoda menos do que a de cinco lugares

O painel é semelhante ao do Cobalt e, assim como nele, há abuso nos plásticos. Abaixo, os instrumentos, com velocímetro digital, e a alavanca de câmbio com trocas sequenciais na lateral. A segunda leira de bancos – boa para dois adultos ou três crianças – que pode ser parcialmente rebatida

Tomando como base a plataforma do Cobalt, o Spin tem acerto semelhante, priorizando o conforto. O conjunto formado por suspensões do tipo McPherson na dianteira e semi-independentes na traseira (eixo de torção), quando a tocada é mais esportiva, peca por seu comportamento em curvas mais fechadas. Nessas situações, transmite ao motorista a sensação de que a traseira está prestes a escapar – apesar de o carro ser projetado para sair de frente. Resultado da altura mais elevada, essa rolagem excessiva da carroceria pode assustar os motoristas menos experientes.

Mesmo com a malfadada experiência anterior de manter carros obsoletos em produção – o que culminou na perda de participação do mercado – , a Chevrolet a rma que continuará oferecendo Meriva e Za ra (essa em edição especial Collection) ao menos até o m do ano. Por enquanto, vão competir com a novidade.

Chevrolet Spin LTZ

MOTOR quatro cilindros em linha, 1,8 litro, 8V TRANSMISSÃO automática sequencial, seis marchas, tração dianteira DIMENSÕES comp.: 4,36 m – larg.: 1,74 m – alt.: 1,66 m ENTRE-EIXOS 2,620 m PORTA -MALAS 162 a 553 litros (dois ocupantes: não disponível) PNEUS 195/65 R15 PESO 1.255 kg GASOLINA POTÊNCIA 106 cv a 5.600 rpm TORQUE 16,4 kgfm a 3.200 rpm VEL. MÁXIMA não disponível 0 – 100 KM/H não disponível CONSUMO não disponível CONSUMO REAL não disponível ETANOL POTÊNCIA 108 cv a 5.400 rpm TORQUE 17,1 kgfm a 3.200 rpm VEL. MÁXIMA não disponível 0 – 100 KM/H não disponível CONSUMO não disponível CONSUMO REAL não disponível

Os principais concorrentes

GRAND LIVINA – R$ 53.231

MOTOR 1.8 16V 126 cv 17,5 kgfm (etanol) 0 – 100 km/h 11 segundos PORTA-MALAS 123 a 964 litros CONSUMO MÉDIO 8,2 km/l (etanol)

Com sete lugares, a Nissan Grand Livina sai pelo valor acima. Já a Livina 1.6, de cinco lugares, parte dos R$ 43.570.

JAC J6 – R$ 52.990

MOTOR 2.0 16V 136 cv 19,1 kgfm (gasolina) 0 – 100 km/h 13,1 segundos PORTA-MALAS 710 a 2.200 litros CONSUMO MÉDIO não disponível

O preço acima é da versão de cinco lugares. A de sete custa R$ 2 mil a mais. É mais potente e espaçosa que as rivais.