É possível dizer que como crossover este Journey SE é uma das únicas opções em sua faixa de preço. Lançado recentemente, essa versão custa R$ 85.900. Um valor que a coloca frente a frente com os SUVs Captiva e CR-V nas versões quatro cilindros. Mas, ao contrário dos rivais, ele possui motor V6 de 2,7 litros e câmbio automático de seis velocidades. Isso não signi ca que seu desempenho seja melhor que o dos concorrentes. Seus 1.940 kg realmente fazem a diferença e o Journey acaba perdendo bastante agilidade na cidade.

Como moro no interior de São Paulo e trabalho na capital, rodo grande parte do meu percurso diário em estradas e, por isso, não senti tanto essa deficiência. O carro demora um pouco para embalar, mas depois que pega uma boa velocidade deslancha bem. Aliás, para quem costuma viajar com frequência é uma ótima escolha: sua suspensão é suave e o conforto para os cinco passageiros é satisfatório. Mesmo sendo a con guração de entrada do crossover, tem um pacote de equipamentos de série bastante completo.

Entre os itens estão airbags frontais e laterais para os bancos dianteiros e do tipo cortina nas portas traseiras, controle de estabilidade e tração, ajuste de altura e profundidade do volante, freios ABS nas quatro rodas e rádio com disqueteira para seis CDs. Mesmo assim, nada que seja grande novidade na categoria.

Dirigir o Journey dá a sensação de que se está em um carro maior do que ele é realmente. O painel é grande e o comportamento dinâmico do carro um pouco lento. Apesar de ter mais espaço que os concorrentes e um design muito atraente, provavelmente não seria minha compra se estivesse em busca de um familiar para usar diariamente e viajar nos finais de semana. Minha escolha, nesse caso, seria o Honda CR-V, um carro que também tem uma mecânica bastante confiável e um desempenho mais versátil e ágil. Só mudaria de opinião se o Journey de entrada, assim como as demais versões, contasse com a terceira fileira dos bancos para levar mais dois passageiros. Um diferencial que, para mim, seria sua melhor arma para brigar com seus já consagrados concorrentes.

O câmbio oferece trocas sequenciais. O piloto automático está entre os itens de série, ao lado dos airbags, do som, dos porta-objetos e do porta-luvas refrigerado. Uma roda de liga seria bem-vinda

CONTRAPONTO

● Concordo com o Rafael. O Journey é aquele tipo de carro que não dá dor de cabeça, mas também não entusiasma. Você não se anima para tirá-lo da garagem de manhã, sabe? O motor V6 pode até transmitir a sensação de que se trata de um modelo mais apimentado que os rivais, mas não é. Ele oferece apenas o mínimo necessário para movimentar a grande e pesada carroceria.

Se eu compraria? Talvez, se quisesse um segundo ou terceiro carro na garagem. Isso porque, como familiar, ele é exemplar: muito mais espaçoso que os concorrentes, silencioso, confortável… Mesmo sem os dois bancos extras (nesse ponto discordo do meu colega), ele é melhor que Captiva e CR-V, por exemplo. Mas para um uso misto, com idas e vindas ao trabalho durante a semana (no trânsito de São Paulo) e viagens eventuais, há algumas opções superiores, até mesmo de outros segmentos.

Ana Flávia Furlan | Chefe de Reportagem

Apesar de ser um carro grandalhão, o design da carroceria é harmonioso e até um pouco agressivo, mais do que o de alguns sport-utilities rivais