A passeia pelas estradas de rípio de Bariloche, Argentina

Poucos modelos foram tão aguardados como a . Em maio de 2002, MOTOR SHOW já adiantava a intenção da marca alemã de produzir uma picape média. De lá para cá, as previsões se concretizaram. Em 2007, o CEO mundial da Volks, Martin Winterkorn, confirmou os planos e, um ano depois, o carro finalmente apareceu no Salão de São Paulo, mas ainda como protótipo e com o nome de Robust.

Para conhecer o carro, nada melhor do que um circuito de terra e asfalto – e logo depois um teste em uma pista off-road. E foi isso que aconteceu: a montadora disponibilizou a picape para teste antes de qualquer apresentação formal.

Agora sem disfarces, a primeira picape média da Volks mostra todas as suas qualidades: conforto, valentia e alta tecnologia

Em todas as condições avaliadas, o desempenho do motor 2.0 diesel foi uma grata surpresa. Ele é o menor de sua categoria, mas não o mais fraco. Isso porque tem injeção direta common-rail e é sobrealimentado por dois turbocompressores, gerando 163 cv de potência e um eficiente torque de 40,7 kgfm, atingidos a baixas 1.500 rpm. Esta força em baixa deixou a picape agradável e eficiente, principalmente na estrada. Mesmo rodando a mais de 80 km/h em sexta marcha (vantagem do modelo por proporcionar menor ruído e consumo), o carro se mantém “acordado”, e, a qualquer hora que se precise de mais força, rapidamente chega à faixa de rotação ideal. Aliás, no asfalto, a apresenta um comportamento bastante semelhante ao de um carro de passeio.

O espaço interno lembra o de um sedã, assim como a boa lista de equipamentos, entre eles o som com disqueteira, tela touch screen e compatibilidade com arquivos MP3 e SD Card.

Na pista off-road, a picape mostrou outra personalidade, mais agressiva, porém com a mesma comodidade. Basta acionar a tração 4×4 reduzida, selecionada por um botão próximo à alavanca de câmbio e ir embora. O resto ela faz sozinha – não é exagero. Neste modo, além de contar com mais força, sistemas eletrônicos fazem com que mantenha boa aderência em qualquer situação: controle de estabilidade (opcional); controle antipatinamento (ASR), que permite sair da inércia sem patinar; assistente de frenagem, que assume o controle em descidas íngremes, distribuindo a carga dos freios entre as rodas; ABS específico para offroad, que otimiza a frenagem em pisos irregulares; e bloqueio eletrônico do diferencial, que distribui a tração entre as rodas para mais aderência.

O interior, acima, tem elementos de sedãs sofisticados da marca, como o sistema de som com tela touch screen. O câmbio manual de seis marchas é da ZF, feito no Brasil

O motor diesel: apesar de ser um 2.0, as duas turbinas garantem força e potência

Outra característica importante é um sistema que auxilia o motorista a sair de ladeiras íngremes, evitando que a picape recue quando o freio é liberado. Durante o teste, o engenheiro alemão que me acompanhava pediu para que eu parasse no meio de uma ladeira e desligasse o motor. Com o carro engatado, pediu para que ligasse novamente o veículo, mas sem o pé na embreagem. Acelerando apenas um pouco, ao girar a chave a arrancou sem nenhum solavanco.

Este belo conjunto, que alia desempenho, valentia e uma boa dose de conforto prova que, mesmo estreante no segmento, a Volks acertou na receita. O modelo será produzido em Pacheco, na Argentina, e exportado para mais de 50 países da América Latina, Europa, África e Oceania. Porém, os principais mercados são Brasil, Argentina e África do Sul. Aqui, chega no começo de abril apenas na versão mais completa, a Highline cabine dupla, com câmbio manual de seis velocidades, motor 2.0 de 163 cv e tração 4×4. No final deste ano, uma versão mais barata, de 122 cv, chega ao Brasil, e, em meados de 2011, a cabine simples. Uma opção flex ainda está sendo estudada, enquanto a transmissão automática, que sem dúvida fará falta, em desenvolvimento – e sem data definida para seu (importante) lançamento.

O preço da ainda não foi divulgado: a Volkswagen pretende anunciá-lo apenas quando o início das vendas estiver mais próximo. Mas a montadora garante que o valor da picape vai ser bastante competitivo com o da atual líder do segmento, a Toyota Hilux, que custa R$ 114.900 na versão top com cãmbio manual (Fipe/MOTOR SHOW). A chega para brigar de igual para igual não só com a Hilux, mas trará muitos problemas também para a Nissan Frontier e a Mitsubishi L200 Triton. Que comece a briga!