20/07/2017 - 12:44
Upington, latitude 28º Sul, é um outro extremo dos testes de resistência: além dos protótipos enviados ao Círculo Polar Ártico, há muitos que vem encarar a África do Sul. Ao volante de um protótipo do Volkswagen Polo, estamos aqui em busca do calor de 40oC e da poeira do Kalahari, em vez dos 20oC abaixo de zero e do gelo nórdicos. Por sinal, esse destino tem muito mais em comum com o que o modelo encontrará no Brasil, onde começará a ser vendido e fabricado ainda este ano, como MOTOR SHOW revelou com exclusividade mundial em fevereiro.
A pequena cidade fica bem no meio do Vale do Rio Orange, uma incrível faixa verde quase inteiramente coberta de vinhedos, que serpenteia no deserto onde vivem os últimos herdeiros do povo San, primeiros habitantes da África Austral. As estradas que levam ao norte, em direção à Namíbia e Botswana, com pouco tráfego e muito espaço aberto, são um valioso campo de provas. Há diversos protótipos, inclusive do aguardado utilitário esportivo T-Roc (leia ao final da reportagem), mas nossas atenções se voltam todas para o Polo, que volta ao Brasil em sua quinta geração feita sobre a versão A0 da plataforma modular MQB, a mesmo que originará o futuro sedã brasileiro Virtus, outro furo mundial da MOTOR SHOW, e também a versão de produção do T-Cross, outro SUV que será fabricado no Brasil.
Assim que sentamos ao volante, nos surpreendemos com o espaço: a largura da cabine na altura dos ombros, em particular, parece incomum para a categoria. O pára-brisa amplo e quase plano garante ótimo campo de visão, mas a visibilidade traseira não pareceu boa, embora estivesse prejudicada pela camuflagem que cobria parte dos vidros laterais. Também escondido estava o painel, com exceção dos instrumentos, de visual clássico. De qualquer modo, pudemos apreciar os bancos, com tamanho generoso e bom apoio lateral.
O primeiro protótipo tinha o motor 3 cilindros 1.0 TSI (turbo/injeção direta) com 95 cv, de funcionamento liso e com respostas brilhantes. O Polo brasileiro, segundo apuramos, terá esse motor nas versões de topo, mas com um ajuste mais empolgante (125 cv, como no Golf, acoplado a transmissões manual ou automática); já as de entrada terão o 3 cilindros 1.0 na versão aspirada MSI flex (82 cv) com câmbio manual de cinco marchas e as intermediárias, o 1.6 flex de até 120 cv (com ou sem o terceiro pedal, mas sempre com seis marchas).
O nível de conforto parece honrar o histórico do hatch e é reforçado pelo excelente isolamento da cabine, que deixa distante o ruído do motor. Já o barulho dos pneus no asfalto é um tanto alto – mais por culpa da enorme aspereza do asfalto sul-africano, necessária para boa aderência em um lugar onde raramente chove. No segundo protótipo, a versão aspirada do 3 cilindros, também acusticamente contida e substancialmente livre de vibrações. Seja por um acerto diferente, seja pelas rodas ligeiramente menores, com aro 16, a absorção de impactos nos pareceu decididamente melhor.
A direção mantém a precisão e o câmbio manual seis marchas troca as marchas com banstante fluidez – condições básicas para uma condução agradável. Resta dizer que, apesar da pesada camuflagem, os protótipos nos pareceram definitivos em todos os detalhes, incluindo os acabamentos internos, apesar dos vários meses que ainda faltam para o lançamento, previsto apenas para o fim do ano. Na Europa, o novo Polo ainda terá versões 3 cilindros 1.0 de 115 cv, 4 cilindros 1.5 de 150 cv e 2.0 TSI de 200 cv para o inevitável Polo GTI – modelos ainda em estudo para o Brasil (e nós torcemos para que ele venha).
Ataque de SUVs
Outro protótipo que guiamos foi o T-Roc, mais um crossover-SUV inédito. Baseado no Golf, ficará entre o T-Cross e o Tiguan. Com motor 1.5 TSI de 150 cv e tração integral, mostrou muita agilidade. Inicialmente, deve ser feito no México e importado para o Brasil. Depois, pode até ser fabricado aqui. Deve ficar como ilustramos acima à direita.