Todo mundo adora o Fiat 500, mas pouca gente se dispõe a pagar R$ 60 mil para ter um exemplar do pequeno modelo em sua garagem. O carrinho é bonito, charmoso, divertido, cheio de itens de conforto e de segurança. Por outro lado, é pequeno, acomoda só quatro pessoas e, por isso, é caro demais para o consumidor brasileiro. Como a Fiat importava o modelo da Polônia, não tinha muito o que fazer para deixá-lo mais barato. Agora, no entanto, essa realidade vai mudar. Durante o Salão de Detroit, em janeiro, o CEO mundial da Fiat, Sérgio Marchione, afi rmou que o Cinquecento vendido aqui começará a ser importado do México. A fábrica da Chrysler, em Toluca, produzirá, segundo o executivo, 100 mil unidades do modelo por ano, metade delas destinada à América do Sul. O consumo brasileiro representa cerca de 70% do total da região, o que nos deixa com a meta de comprar cerca de 35 mil Fiat 500 por ano, ou 2.900 carros ao mês. Uma meta ambiciosa.

É verdade que, vindo do México, o modelo não paga o Imposto de Importação de 35%. Mas, ainda assim, a conta não fecha. O 500 fabricado em Toluca precisou se adequar às exigências de segurança e ao gosto do mercado norte-americano e, com isso, encareceu. Reforços estruturais deixaram a carroceria mais robusta, as suspensões foram recalibradas para garantir um maior nível de conforto, intervenções diminuíram ruídos e vibrações, o sistema de climatização foi aperfeiçoado, o tanque de combustível ficou maior, os bancos foram modificados e os para-choques receberam “olhos de gato” com luz repetidora da seta.

Assim, o 500 mexicano chegaria aqui por cerca de R$ 45 mil, 25% a menos que o atual, mas ainda um valor alto demais para justificar vendas mensais tão elevadas. Para melhorar ainda mais sua oferta, a Fiat usará outro artifício fiscal. A FPT (Fiat Powertrain Technologies) vai mandar para o México o powertrain do Uno. Lá, o conjunto (motor 1.4 8V flex e câmbio manual de cinco marchas) será montado no modelo que vem para cá, diminuindo ainda mais seu preço. Além desse motor ser mais barato, os demais impostos já pagos por ele no Brasil (ICMS e IPI, por exemplo) são descontados do valor tributado do carro importado. Com essa jogada, a marca poderá baixar o preço do 500 para cerca de R$ 40 mil. “A ideia é ampliar a gama. O consumidor do Palio ou do Punto, por exemplo, não é o mesmo do 500”, explicou uma fonte ligada à marca, descartando o impacto de uma possível canibalização entre os modelos.

Em um primeiro momento, talvez a Fiat não consiga bater a meta de vendas de 2.900 carros/mês. Mas, assim que a gama do 500 estiver completa (com as versões Cabrio e até uma cinco portas), esse volume pode, de fato, ser atingido. Essa é a ideia.

O modelo, já à venda nos EUA, ganhou bancos maiores e uma transmissão automática de seis marchas que, mais adiante, será trocada por um novo sistema automatizado

O modelo vendido hoje

O modelo à venda aqui no Brasil hoje, fabricado na Polônia, tem resultados de venda muito fracos. Culpa mais do preço proibitivo que do espaço limitado