Analisando apenas os números, o Jetta não empolga. Seu motor 2.0 tem potência mais acanhada que a de muitos 1.6 e até alguns 1.5: são 116 cv com gasolina e 120 cv com etanol. Pouco para um motor desta cilindrada e – pior – insuficiente para um carro desse porte. Mas, quando se usa o modelo no dia a dia, ele convence como familiar. O casamento perfeito do câmbio com o propulsor acaba suprindo em parte a falta de torque. Engates perfeitos, respostas prontas ao comando do acelerador. Entrosamento total que resulta em e ciência. No trânsito, quando se usa apenas uma pequena parte do potencial de performance de qualquer carro – o sedã agrada muito. Acredite: você não sente falta de desempenho. Acelerações vigorosas, agilidade… Exatamente o que se espera de um carro como esse.

Mas, assim que a família completa a lotação máxima (e o porta-malas), e pega a estrada, a coisa se complica. As limitações de seu propulsor cam claras: falta força e você precisa encarar reduções nas ultrapassagens e lentas retomadas de velocidade. A sensação não é agradável. O carro demora para embalar e parece pesado demais.

Por outro lado, é na estrada que outros pontos positivos CONTRAPONTO se revelam. O bom acerto das suspensões (inferiores às da versão Highline, mas ainda e cientes) deixou o carro equilibrado, sem endurecê-lo demais. O espaço traseiro poderia ser maior, mas não decepciona, principalmente para quem, como eu, leva só crianças. O consumo é baixo e há muitos itens de série disponíveis que facilitam a vida a bordo e oferecem mais segurança.

Para as minhas necessidades, ele cumpriu seu papel. Não é arrebatador, mas não compromete. Se eu o compraria? Não sei. O visual externo re nado me agrada bastante, mas por dentro acho que merecia um capricho maior, tanto no design quanto no acabamento. Talvez esteja mal-acostumada. O segmento de sedãs médios tem tantas opções atualmente que acabamos cando cada vez mais exigentes. Mas, de fato, acho que há opções que garantem mais espaço, oferecem mais equipamentos, têm design mais moderno e custam o mesmo que o Jetta. Se fosse a versão topo de linha com motor turbo, não teria dúvida. Mas essa, de entrada… acho que não iria para a minha garagem com tanta facilidade.

O acabamento é simples e não agradou a nossa equipe, mas não fica distante dos rivais japoneses. Ao lado, o painel, a borboleta no volante, a alavanca do câmbio e o bom sistema de som opcional

 

Jetta Comfortline Tiptronic

MOTOR quatro cilindros em linha, 2,0 litros, 8V TRANSMISSÃO automática sequencial, seis marchas, borboletas no volante, tração dianteira DIMENSÕES comp.: 4,64 m – larg.: 1,78 m – alt.: 1,47 m ENTRE-EIXOS 2,651 m PORTA-MALAS 510 litros PNEUS 205/55 R16 PESO 1.346 kg ● GASOLINA POTÊNCIA 116 cv a 5.000 rpm TORQUE 17,7 kgfm a 4.000 rpm VEL. MÁXIMA 191 km/h 0 – 100 KM/H 12s CONSUMO cidade: 10,4 km/l – estrada: 14,9 km/l CONSUMO REAL cidade: 8,3 km/l – estrada: 10,7 km/l ● ETANOL POTÊNCIA 120 cv a 5.000 rpm TORQUE 18,4 kgfm a 4.000 rpm VEL. MÁXIMA 198 km/h 0 – 100 KM/H 11s1 CONSUMO cidade: 7,2 km/l – estrada: 10,2 km/l CONSUMO REAL cidade: 5,8 km/l – estrada: 7,4 km/l

Abaixo, o portaóculos e os comandos do teto-solar, um dos muitos itens opcionais

Acima, o bom espaço para as pernas no banco traseiro.

CONTRAPONTO

● Diferentemente da Ana Flávia Furlan, acho o Jetta 2.0 Tiptronic entediante, mesmo na cidade. As respostas do motor demoram a acontecer e é preciso atenção, principalmente, nas ultrapassagens. Você acelera, o giro sobe e o sedã não deslancha. A transmissão automática até ajuda, como disse nossa editora, mas nada que cative. Realmente, o visual arrojado da carroceria não condiz com os seus tímidos 120 cv. Na minha opinião, a suspensão poderia ser um pouco mais rme, o que melhoraria ainda mais a estabilidade nas curvas. Por dentro, me incomodou a qualidade dos materiais e do couro nos bancos. Ficou aquela sensação de falta de requinte em um carro de quase R$ 70 mil! Para mim, essa versão nada mais é do que um Voyage “bombado”. O que me motivaria a comprá-lo seria o espaço para os ocupantes do banco traseiro e o tamanho do porta-malas, mas só dirijo sozinho e, quando muito, ando com mais um ocupante. Pelo mesmo valor, co com as outras opções do mercado. Opinião de ex-proprietário de um sedã.

OS CONCORRENTES

Toyota Corolla

“Na versão 1.8, o carro tem um desempenho pacato, mas para compensar gasta pouquíssimo combustível. E é líder de vendas”

Douglas Mendonça

Honda Civic

“O desenho bastante agressivo não condiz com o desempenho do motor 1.8, que, assim como no Jetta, deixa a desejar”

Roberto Assunção

Chevrolet Cruze

“Estrela em ascensão no mercado de sedãs, também tem câmbio de seis marchas, mas com um acerto de suspensões menos esportivo”

Flavio R. Silveira