Com projetos modernos e motores com turbina de geometria variável, esses veículos representam a nova geração de picapes, da qual Ranger e S10 ainda estão distantes

Modernas e luxuosas, colocamos frente a frente estas versões mais completas de Toyota Hilux e Nissan Frontier, com todos os opcionais a que têm direito. Na briga pelo mesmo consumidor, as semelhanças entre elas começam nos preços sugeridos, quase exatamente iguais: a Frontier sai por R$ 118.390 e a Hilux por R$ 118.117.

As duas também têm motor quatro cilindros turbodiesel com turbinas de geometria variável, que garantem uma aceleração constante, sem aquela falta de força em baixas rotações seguida por um tranco – característica de modelos turbo sem o recurso.

Continuando nas semelhanças, nestas versões top, as duas vêm equipadas com câmbio automático de cinco marchas com overdrive, estribos laterais, grades cromadas, santantônio, bom espaço para as pernas de quem vai no banco traseiro, caçambas um tanto pequenas em tamanho, mas com capacidade de carga ao redor de uma tonelada, e diferencial traseiro com escorregamento limitado.

Tantas semelhanças não ajudam a decidir a compra. Então vamos às diferenças. E mesmo algumas delas são bastante sutis: a Toyota é quatro centímetros mais alta (com posição de dirigir um pouco mais elevada) e três centímetros mais comprida; a Nissan tem a suspensão ligeiramente mais macia, e por isso pula um pouco menos nos buracos. Mas há diferenças maiores, que podem ajudar na escolha. Apesar do motor menor, com 2,5 litros, a Frontier é mais potente e mais forte que a Hilux, com seu 3.0: são 172 cv, contra 163 cv da Toyota – mas enquanto a potência máxima chega a 3.400 rpm na Hilux, na rival ela é atingida a 4.000 rpm, o que na prática resulta em um empate.

Na Hilux, as quatro portas têm forração em couro, enquanto na Frontier o acabamento das traseiras é de plástico. O painel com canhões é mais moderno e agressivo e entre os itens de acabamento que se destacam estão os freios a disco nas quatro rodas, o computador de bordo e os comandos do som no volante

Mas, no torque, a Frontier tem uma vantagem sensível: 41,1 kgfm, contra 35 kgfm na concorrente, o que resulta em acelerações mais vigorosas, embora ofuscadas pelo câmbio automático. Nas versões manuais, ambas são mais rápidas, com vantagem para a Nissan, com seis marchas. Esses motores potentes são restritos às versões top. As demais Frontier têm a mesma unidade, mas com 144 cv e 36,3 kgfm (a partir de R$ 83.190, apenas com cabine dupla). A Hilux tem a mesma potência na versão SR, mas as outras vêm com motor 2.5 de 102 cv e 26,5 kgfm (a partir de R$ 83.578, também cabine dupla).

No acionamento da tração 4×4 e da reduzida, nova vantagem para a Frontier, que tem controle eletrônico por botão, enquanto a Toyota usa a ultrapassada alavanca. Mas ela dá o troco com seu interior mais silencioso – na Frontier, o barulho do motor chega a incomodar.

Na Frontier, o painel é simples demais para um carro de R$ 120 mil, mas o modelo leva vantagem no engate do 4×4, que é feito por um botão no painel, na suspensão mais macia (que faz os ocupantes sofrerem menos) e ainda oferece alguns itens de conforto a mais, como a regulagem de altura dos faróis e o porta-luvas duplo

Em termos de itens de conforto, as duas são bastante completas, mas oferecem uma lista diferente de equipamentos. Em comum, regulador de velocidade, freios ABS, airbags dianteiros, couro nos bancos, regulagem de altura do banco do motorista e volante e ar-condicionado, entre outros. Mas, enquanto só a Frontier vem com espelho retrovisor interno antiofuscamento com bússola, faróis com regulagem de altura, porta- luvas duplo, rack no teto e disqueteira para seis CDs com entrada auxiliar, apenas a Hilux tem comandos do som no volante, freios a disco nas quatro rodas, computador de bordo e ar-condicionado digital automático.

Em termos de acabamento, certamente a Hilux valoriza mais os quase R$ 120 mil pagos pelo consumidor. Além de ter mais couro nas portas, e nas quatro (na Frontier as portas traseiras são inteiramente em plástico), seu painel é mais bem resolvido e agrada mais aos olhos do que o desenho simples da rival. Os três “canhões” com instrumentos separados e o desenho mais moderno acrescem pontos à Toyota.

Resumindo, a Frontier é mais potente, mais forte, mas também mais ruidosa – mas sua suspensão é mais confortável… Já a Hilux é mais luxuosa e tem alguns itens a mais, que podem ser considerados fundamentais para o consumidor exigente deste tipo de picape. Páreo duro, mas com ligeira vantagem para a Hilux. No final, quem decide é o consumidor que sabe, melhor do que ninguém, quais são suas prioridades.