O carro do futuro será pilotado por dispositivos automáticos, e ao motorista restará apenas apreciar a paisagem. Assim começou uma reportagem publicada em maio de  1958 pela revista americana Popular Science. O repórter andou em um protótipo por um quilômetro e meio em linha reta em uma pista da GM; depois consultou um pesquisador da Ford que disse: “Não viveremos o su_ ciente para ver todas as estradas americanas com carros assim.” Ele estava certo. Mas, agora, será que o automóvel sem motorista virou realidade? Na Califórnia, o Google Car está em fase avançada de desenvolvimento, e, também nos EUA, a Lexus mostrou seu protótipo com essa tecnologia. E nós tivemos a oportunidade de testar com exclusividade o protótipo italiano do  Vislab. O professor Alberto Broggi é o líder do projeto – trabalha com o assunto há 20 anos e fundou o Vislab em 2009, associando-se à Universidade de Parma. “O sonho de meio século será realidade em uma década”,  explica Broggi. “A maior barreira agora está na legislação. Com exceção de três Estados dos EUA, a circulação de veículos sem motorista  é proibida no mundo todo”, explica.A tecnologia do protótipo do Vislab é diferente da do Google Car. “Eles usam um laser rotativo, mais preciso, que custa € 60 mil e deve ser colocado 70  entímetros acima do teto – difícil e caro de ser coloca- do em veículos de produção em série. Nós focamos na utilização de duas câmeras comuns que geram uma imagem 3D, ao custo de € 80. Para auxiliá-las, usamos outros sensores. Comparando com o Google Car, não temos uma visão de 360o, mas vamos corrigir isso com um software avançado. E ainda temos de usar sistemas de iluminação noturna”, esclarece o cientista. O VisLab está  desenvolvendo esse projeto de veículos sem condutor pensando em utilizações de alto risco, como em minas e pedreiras, e já está quase pronto para entregar as primeiras unidades. Quando o sistema estará disponível para consumidores comuns? “Em dez anos, haverá carros autônomos nas estradas, em corredores reservados. Acredito que serão norte-americanos. Não porque os japoneses estejam menos interessados ou tenham menos competência, mas porque só nos EUA há espaço nas estradas para uma pista exclusiva. Já para os carros se dirigirem sozinhos nas cidades vai levar pelo menos 20 anos. Será necessária uma infraestrutura pública adequada”, completa.