Quarenta e quatro longos anos antes da chamada era moderna do Campeonato Mundial de Fórmula 1 ter começado, em 1950, o primeiro Grande Prêmio aconteceu em Le Mans, no noroeste da França. Essa corrida de 1906 foi vencida pelo húngaro Ferenc Szisz em um Renault 13,0 litros – com uma velocidade média de 101,2 km/h e percorrendo uma distância total de absurdos 1.228,5 km. E não, não participei dela!

Depois disso, o Grande Prêmio da França foi disputado em 17 circuitos diferentes, totalizando 18. Participei de dez dos GPs franceses – em Paul Ricard, Dijon e Clermont-Ferrand. Todos circuitos muito bons, sem dúvida nenhuma. Mas o melhor dos três, na minha modesta opinião, ainda era o de Clermont-Ferrand.

Corri no circuito de Clermont-Ferrand só uma vez, em 1972, mas fico extremamente feliz por tê-lo feito. Era uma pista incrível, formada por algumas estradas públicas que contornam um vulcão extinto. Era rápida e fluída, não lenta e extenuante como Mônaco ou Long Beach. Gosto de dizer que era um circuito de estrada, não um circuito de rua.

Terminei em segundo lugar nessa corrida de 1972, atrás do Tyrrell vencedor de Jackie Stewart. Mas o que mais lembro daquela tarde é do que aconteceu com o pobre Helmut Marko – hoje um dos diretores-seniores da Red Bull, mas na época apenas um jovem piloto da BRM.

Estava disputando posição com Denny Hulme, meu Lotus e o McLaren dele estavam andando juntos. Nos ápices de muitas das curvas de Clermont-Ferrand, rochas vulcânicas desmoronavam, e eu ou Denny acabamos atropelando um pedaço solto e jogando-o no BRM de Helmut, que vinha atrás. A pedra furou a viseira de seu capacete, fazendo-o perder um olho – acidente que acabou pondo um ponto final em sua carreira na Fórmula 1.

Nada menos que dez pneus foram furados por interações similares entre rochas e borracha naquela tarde, mas felizmente nada mais de grave aconteceu. No entanto, o GP da França nunca mais foi disputado em Clermont-Ferrand. Uma pena, pois era uma “arena natural” única e maravilhosa para corridas de carro. Se tivessem recapeado o asfalto e eliminado o problema das rochas soltas, a pista teria ficado mais segura.

Obviamente os carros da F1 do século XXI são rápidos demais para um circuito composto por vias públicas interligadas como em Clermont-Ferrand, mas bem que podíamos ter continuado a disputar lá o GP da França, pelo menos nos anos 1970. Eu teria adorado.