Pode soar estranho que meu circuito favorito seja um no qual meu melhor resultado foi o sexto lugar (1973), mas é verdade. Nurburgring Nordschleife – não a versão sem graça da F1 de hoje – era, e ainda é, a pista mais majestosa. Tem de tudo – mais de 100 curvas, muitas em subidas ou descidas por causa da grande variação de altitude, retas em meio às montanhas e uma característica única: por causa do microclima da região, podia estar seca em um trecho e encharcada em outro.

Minha primeira prova lá foi o GP da Alemanha de 1971. Meu chefe na Lotus, Colin Chapman, queria que me familiarizasse com a pista, o que era difícil por ser enorme. Então me mandou para uma semana de treinos em um Lotus 7, que era rápido (para um carro de rua) e tinha posição de guiar baixa como a de um F1 – para eu me acostumar com a (má) visibilidade nas curvas da pista mais intimidadora já feita. Dei dezenas de voltas com o Lotus 7 naquela semana – e quando chegou a hora do GP, senti que conhecia bem a pista. Mas meu Lotus não estava competitiva naquele ano: larguei em oitavo, tive problemas mecânicos na nona volta, e, para variar, Jackie Stewart venceu.

Em 1972 foi bem diferente. Cheguei à Alemanha na liderança, depois de vencer na Espanha, na Bélgica e na Grã-Bretanha, abrindo 16 pontos para o segundo colocado, obviamente Jackie Stewart. Nos treinos as Ferrari já mostravam que estavam bem – e Jacky Ickx, sempre rápido em Nurburgring, fez a pole. Jackie Stewart (Tyrrell) ficou em segundo e eu em terceiro, à frente de Ronnie Peterson (March).

Jacky manteve a liderança, seguido de Ronnie, Clay Regazzoni (que largou bem na outra Ferrari), eu e Jackie. De cara senti que meu carro estava bem acertado: ultrapassei Clay na segunda volta e Ronnie na quinta. Então já estava em segundo, atrás da Ferrari voadora de Jacky – e confiante que conseguiria tirar a vantagem. Mas, para minha decepção, na 11a volta meu câmbio quebrou e tive que abandonar a prova.

Em 1973 também tive azar, me classificando em 14o por conta das dores nos tornozelos depois da batida em Zandvoort. Até consegui terminar em sexto, mas foi decepcionante. Em 1974 larguei em terceiro de McLaren M23, mas meu companheiro de equipe e eu nos tocamos na primeira volta. Denny parou na hora e eu consegui ir aos boxes, mas logo parei devido a danos na suspensão. Em 1975 meu McLaren teve um pneu furado na segunda volta. Em 1976, no Copersucar, fiquei em 14o lugar.

E foi isso, porque o famoso acidente de Niki Lauda em 1976 infelizmente – mas não surpreendentemente – fez com que a F1 nunca mais fosse disputada em Nurburgring Nordschleife. Nunca venci lá. Nunca sequer subi no pódio. Mas a lembrança de pilotar um F1 lá ficará para sempre comigo. Nurburgring Nordschleife era e continua sendo a melhor pista. Melhor que Spa? Sim, podem acreditar em mim.