Eu amava Zandvoort, onde corria frequentemente, desde meus tempos de Fórmula Ford. Era um circuito rápido e fluido, tecendo seu caminho entre dunas de areia próximas à costa. Tinha algumas curvas ridiculamente rápidas na parte de trás – Shivalik, Tunnel Oost, Pulleveld – e duas mais lentas e notoriamente complicadas no começo da volta – Hugenholtz Bocht e, a mais famosa de todas, a curva Tarzan.

No GP da Holanda de 1977, James Hunt liderava em seu McLaren M26, com Andretti atrás em seu Lotus 78. Todas as voltas James “trancava” a tomada da Tarzan, melhor ponto de ultrapassagem. Mario acabou perdendo a paciência e tentou passar James por fora ali – o que resultou em um acidente, com nenhum deles terminando a corrida. Depois ficaram discutindo, um mais teimoso que o outro, cada um convencido de que estava 100% certo durante a disputa.

Como sempre, as coisas eram mais complexas do que eles estavam dispostos a aceitar no calor da disputa. Em minha opinião, Mario tinha corrido durante tantos anos em circuitos ovais nos EUA antes de ir para a Fórmula 1, em meados dos anos 1970, e para ele era natural andar roda-com-roda pelo lado de fora de uma curva longa como a Tarzan, mesmo não se tratando de um circuito oval.

James, por outro lado, era “completamente” britânico, e lembro-me de ele dizendo que o que Mario havia feito “não era cricket”. Tendo corrido pela Lotus e pela McLaren por tantos anos, eu sabia tudo sobre cricket, mas nem por isso aprendi a gostar do jogo!

Terminei em quarto lugar pela Copersucar naquele famoso GP holandês da disputa Hunt-Andretti, e meu melhor resultado em Zandvoort foi um terceiro lugar, pela McLaren, em 1974. Tinha me classificado em terceiro para a corrida, atrás das Ferrari de Niki Lauda e Clay Regazzoni, e como de costume fui dormir cedo na noite anterior.

Dormi bem – oito horas sem interrupções – e, depois do café da manhã no dia da corrida, saí caminhando pela recepção do Zandvoort Hotel, onde para minha completa surpresa encontrei Mike Hailwood, meu companheiro da McLaren, chegando. Mike era festeiro, e passou a noite na balada em Amsterdã.

Ele tinha se classificado em quarto, e quando nos alinhamos no grid naquela tarde, lembro de pensar comigo mesmo: “Não há a mínima chance de Mike correr bem, deve estar acabado”. Mas Mike foi ótimo: 75 voltas ele e eu ficamos colados, e na bandeirada ele terminou apenas 1,02 segundo atrás de mim.

Mike era um mito – um motociclista brilhante também sobre quatro rodas. Fiquei muito triste quando anos depois, em 1981, soube que havia morrido em acidente em uma estrada perto de Birmingham, na Inglaterra, indo comer um “fish ‘n’ chips”. Mas assim era Mike: um bom e velho piloto inglês.