Depois de quase sete décadas e quatro gerações, o Land Rover original se aposenta em dezembro deste ano. Tempo suficiente para o que era um veículo rústico da montadora inglesa Rover se tornar o utilitário pioneiro de uma marca que hoje abriga jipões de luxo como o Range Rover Evoque e o Discovery.

A história do utilitário começou em 1947. A Segunda Guerra Mundial havia terminado há dois anos. Mesmo vencedor do conflito, o Reino Unido ainda sofria com a destruição e o racionamento de matérias-primas. Foi nesse cenário que os irmãos Maurice e Spencer Wilks, respectivamente engenheiro-chefe e diretor da montadora Rover, decidiram se basear no Jeep Willys americano para projetar um veículo de tração nas quatro rodas para uso agrícola, mas que servisse também para as estradas.

O novo veículo ganhou carroceria de linhas simples e chapas de alumínio, devido à escassez de aço no país naquela época. A pintura era feita com sobras da tinta verde usada na camuflagem de veículos militares. O conjunto mecânico, formado pelo motor 1.6 a gasolina de 50 cv e a transmissão manual de quatro velocidades, aproveitava componentes dos carros de passeio da Rover. Conforme a situação do país melhorava, vieram as melhorias. A primeira versão de chassi longo surgiu em 1953. Já o primeiro motor a diesel, um 2.0 de 52 cv, apareceu em 1957.

Em 1958, o modelo chegou à segunda geração. O Series II, com um desenho um pouco mais refinado e que lembrava mais um carro de passeio do que um implemento agrícola. Além do propulsor a diesel, havia a opção de um motor 2.0 a gasolina e 52 cv (logo depois substituído por um 2.2 de 72 cv). O utilitário inglês ganhou traços mais modernos em 1968, quando passou por uma reestilização na qual os faróis saíram da grade e foram para os para-lamas. Outra novidade destes modelos remodelados, conhecidos como Series IIA, eram os propulsores. O 2.0 diesel virou 2.2 e o quatro cilindros a gasolina deu lugar a um bloco 2.6 de seis cilindros e 84 cv.

Ainda com uma carroceria de linhas muito próximas às dos Series II, os Series III chegaram em 1971. O modelo, que durou até 1984, teve como principal mudança estética a adoção de uma grade dianteira de plástico. Apesar do desenho antiquado, a mecânica mudou bastante. Além da transmissão com quatro marchas sincronizadas, o jipão ganhou pela primeira vez um motor V8, um Rover 3.5 a gasolina que teve a potência reduzida de 137 cv para 91 cv. Foi durante o período de fabricação da terceira geração que a Land Rover se tornou uma fábrica separada da Rover.

A quarta e última geração do utilitário inglês foi lançada em 1983, quando o jipe passou a ser designado Land Rover 90 (chassi curto) e Land Rover 110 (chassi longo). A carroceria de linhas quadradas permanecia, mas a frente ganhou uma nova dianteira, com grade mais larga. Na lateral o jipe ganhou alargadores nas caixas de roda. Somente em 1990 é que veio o nome Defender.

Mais uma vez, a prioridade foi dada às melhorias mecânicas. Na suspensão, a novidade nesta geração foi a adoção de molas helicoidais no lugar dos feixes de mola. A transmissão passou a ter cinco marchas. Em 2007, o utilitário teve a sua última reestilização, quando recebeu um novo capô e uma grade dianteira levemente retocada, novo painel de instrumentos, além de uma caixa manual de seis marchas. Em 2012 veio a última mudança mecânica: um novo motor diesel 2.2 de 120 cv, de origem Ford. 

Para quem quiser se despedir pessoalmente do jipe, a Land Rover lançou uma programação de visitas guiadas à fábrica de Solihull. O custo do passeio é de 45 libras (R$ 183), mas a visita precisa ser agendado por pelo de ligação internacional para o telefone +44 (0)121 700 4619.