Exatos 372 quilômetros separam o aeroporto de Munique, no sul da Alemanha, do centro da belíssima cidade de Praga, capital da República Tcheca. E poucas vezes vi os quilômetros passarem tão rápido quanto nessa viagem em um Audi A8 L W12 – versão topo de linha do ultraluxuoso sedã topo de gama da marca, já vendida no Brasil por R$ 779.990 para encarar o Mercedes-Benz S 500 L e o BMW 750i M Sport. A letra “L” diz que é ele uma versão ainda maior do enorme sedã, com entre-eixos estendido (3,12 m) e comprimento de 5,26 m – maior que uma picape cabine dupla. Mas isso o A8 “básico”, 6 cilindros, também tem.


As linhas conservadoras e as dimensões exageradas garantem muito conforto: a versão avaliada tinha os bancos traseiros individuais reclináveis com ajustes elétricos. O enorme apoio de braços traz os controles do sistema multimídia (com generosas telas) e do ar-condicionado – ambos totalmente independentes

O mais cobiçado aqui é o “W12”, que indica o motor com 12 cilindros em W – coisa cada vez mais rara hoje em dia, principalmente por conta do alto consumo e poluição. Mas esse é um 12 cilindros diferente dos outros. Em nome da preservação da espécie, apesar de deslocar 6,3 litros, seu bloco é relativamente pequeno e cheio de tecnologias inovadoras para reduzir a queima de gasolina. Além de materiais novos, injeção direta e duplo comando variável, ele tem o sistema COD (“cilindros sob demanda”), que o permite funcionar como um 6 cilindros.

De Munique, seguimos por Autobahnen, estradas sem limite de velocidade, e sem esforço acompanhamos os superesportivos RS 6 e RS 7 de nosso comboio. A entrega de potência não é brutal como a dos 8 cilindros turbinados dos RS, mas as respostas são quase tão rápidas (0-100 em 4,6 segundos) – e cheias de compostura. O W12 é progressivo e ronca baixo, mesmo em retomadas com “pé afundado” de 100 a 200 km/h. Seguimos a uma média de 200 km/h, sem sustos e sem exageros. Pura elegância. Chegando na República Tcheca, a máxima é de 130 km/h. Hora de colocar o W12 no modo Efficiency.


Os bancos dianteiros são ventilados e com massagem. Um largo console central concentra os principais controles do carro e separam motorista de passageiro. O acabamento impressiona

Em velocidade constante, ou até em acelerações suaves, o motor utiliza só seis cilindros e o consumo é surpreendente: 12,5 km/l (marca ajudada pelo câmbio de oito marchas e pela carroceria de alumínio). Com uma mecânica dessas, por mais tentador que seja, resisto a pular para o assento traseiro. Lá, pode-se ter um sofisticado sistema de entretenimento, com mimos como o sistema de entretenimento com telas de inclinação ajustável eletricamente (R$ 23.500), bancos traseiros individuais reclináveis, com ventilação e massagens variadas (R$ 38.500, mas isso também tem nos dianteiros).

Ainda opcionalmente, pode-se ter o sistema de som da dinamarquesa Bang & Olufsen (R$ 41.500). Total do modelo completo: R$ 883.490. No dia seguinte, durante um passeio pelos Alpes cobertos de neve, a famosa tração integral Quattro mostrou que, apesar do tamanho exagerado, o A8 é bom de curva e colado ao chão. Um carro que diverte tanto no banco traseiro quanto no dianteiro. Defeito? Para a maioria dos mortais, só o preço.

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Ficha técnica:

Audi A8 L W12

Motor: 12 cilindros em W, 48V, duplo comando continuamente variável, injeção direta, desativação de cilindros, start-stop
Cilindrada: 6299 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 500 cv a 6.200 rpm
Torque: 63,7 kgfm a 4.750 rpm
Câmbio: automático sequencial, oito marchas
Tração: integral
Direção: eletro-mecânica
Dimensões: 5,265 m (c), 1,949 m (l), 1,471 m (a)
Entre-eixos: 3,122 m
Pneus: 225/45 R19
Porta-malas: 520 litros
Tanque: 82 litros
Peso: 2.150 kg 0-100 km/h: 4s6
Velocidade máxima: 250 km/h (limitada)
Consumo cidade: 6,4 km/l*
Consumo estrada: 11,5 km/l* (*norma europeia)l
Nota do Inmetro: não participa