01/08/2010 - 0:00
Em uma primeira olhada, o design discreto faz você duvidar um pouco do potencial deste Audi. A carroceria de linhas fluidas e comportadas e seus cinco metros de comprimento remetem muito mais a um luxuoso e comportado sedã familiar do que a um esportivo. Isso se não se notar o instigante logotipo S6 na grade, as rodas aro 19 calçadas com pneus largos e baixos e os enormes discos de freios. São pistas para qualquer um se empolgar. Mas nada se compara a uma pequena e falsamente despretensiosa inscrição na lateral: “V10”. É a senha definitiva para fazer qualquer ser humano esfregar as mãos como se estivesse prestes a botar as mãos em uma joia. O melhor de tudo é descobrir, depois, que o motorzão nem é o que de melhor este carro tem a oferecer.
O S6 combina conforto e esportividade (quase) com perfeição
À esquerda, o discreto logotipo na grade dianteira e as enormes rodas aro 19 com discos de freio de 18 polegadas. À direita, os bancos esportivos com ajuste elétrico.
Dada a partida, seu som invade o habitáculo. A potência de 420 cv não é tão impressionante para um V10 de 5,2 litros FSI proveniente da Lamborghini Gallardo. A própria Audi, com o S8 (e com o RS6) mostra que pode mais. Naquele modelo, esse mesmo motor oferece 580 cv – mas auxiliado por duas turbinas. Aqui, estamos falando de uma unidade aspirada que, a 2.500 rpm, já despeja 51 kgfm de torque e passa dos 55 kgfm quando se chega a 3.000 rpm – o que garante uma dirigibilidade linear e altamente prazerosa. Se, na teoria daria para esperar mais, na prática você tem a certeza de que o que este carro dá é mais do que su ciente, até mesmo a máxima limitada a 250 km/h.
Essa sensação se deve também ao câmbio automático de seis marchas. As trocas são feitas de forma tão limpa que fica difícil identificá-las, a não ser pela movimentação do contagiros. As mudanças também podem ser feitas manualmente na alavanca de câmbio ou pelas borboletas no volante, um recurso desnecessário em uma transmissão tão ágil e bem escalonada. Até porque, feitas nesse sistema, as trocas não garantem a mesma rapidez. O bom mesmo é se manter no automático (se não se importar com o consumo, pode deixar no modo S/Sport) e aproveitar outra característica do S6, o conforto a bordo. Se quiser uma redução para entrar em uma curva, por exemplo, basta tocar na borboleta e engatar a marcha desejada. O sistema demora alguns segundos para devolver a transmissão à eletrônica, o que lhe garante que uma próxima marcha não será engatada no meio da curva, soltando demais o carro. Mas isso não importa muito – e é esta sua principal característica positiva: o S6 é muito equilibrado.
O entre-eixos é longo, a resistência à torção é alta, a tração é integral (40%-60%), há inúmeros equipamentos eletrônicos de segurança (que podem ser desativados), e seu limite está sempre tão distante que, por mais desajeitada que seja a maneira como você contornar uma curva, ele, certamente, não vai se ressentir.
Em longas viagens, seu comportamento é de um lorde. Roda suave, a suspensão, dura na cidade, não incomoda e os assentos acolhem bem o corpo. Na traseira, o desenho dos bancos faz com que dois adultos sejam mais benvindos que três. As pernas ficam distantes dos bancos dianteiros, e os ombros têm espaço de sobra. Mas há um problema: o isolamento acústico do habitáculo deixa a desejar. O barulho que se escuta não é o ronco do V10 (a120 km/h, gira próximo de 2.500 rpm), mas o ruído dos pneus no asfalto. Atrapalha a conversa e cansa.
Por R$ 399 mil, este é o carro ideal para quem quer esportividade (daquelas de grudar no banco – ele acelera de zero a 100 km/h em 5,2 segundos), mas aprecia discrição e, sobretudo, não abre mão do conforto e da comodidade que um familiar desse porte pode oferecer.
Acima, da esquerda para a direita: A pequena inscrição V10 entrega que há algo poderoso debaixo do capô; o enorme motor, a borboleta para trocas sequenciais de marcha e a alavanca de câmbio, cercada de botões que controlam computador de bordo, sistema multimídia e freio de estacionamento, entre outras coisas