O governo federal barrou o pedido da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) para elevar de 25% para 35% a alíquota do imposto de importação sobre os pneus de automóveis de passageiros. A medida ocorreu na 229ª reunião ordinária do Comitê-Executivo de Gestão (Gecex), realizada na terça-feira, 23. Desta maneira, as tarifas de importação de pneus de passeio permanecerão em 25% pelos próximos 12 meses.

Com isso, o item importado não deverá ficar mais caro para o consumidor brasileiro – pelo menos por enquanto. No entanto, isso reacendeu uma “briga” com os fabricantes locais, que alegam falta de competitividade com os asiáticos.

O que diz a associação de importadores

Segundo a Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (ABIDIP), autora da oposição ao pleito, o aumento da tributação não se justificava, já que “a indústria nacional não produz em escala significativa os pneus populares mais utilizados pela sociedade”. Eles chegam ao mercado brasileiro por meio da importação, afirma.

“Se aprovado, o aumento da tarifa teria impacto direto no bolso da população, penalizando justamente quem mais depende do carro para trabalhar e gerar renda”, afirmou Ricardo Alípio da Costa, presidente da ABIDIP, à imprensa.

Além disso, a ABIDIP ressaltou que a tentativa da ANIP visava apenas criar espaço para repassar aumentos de preços aos consumidores de veículos novos, já que as grandes fabricantes concentram sua produção que equipa os automóveis que saem das montadoras, e não nos modelos de maior procura popular.

Pneus – Crédito: Freepik/@senivpetro

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O que dizem os fabricantes nacionais

Após a decisão, a ANIP respondeu dizendo que enxerga com preocupação a decisão do Gecex de manter as tarifas de importação de pneus de passeio em 25% no Brasil pelos próximos 12 meses.

“Esse anúncio pode manter o desequilíbrio para toda a cadeia produtiva instalada no Brasil, comprometendo ainda mais a geração de emprego, renda, investimentos e compra de insumos locais”, explica Rodrigo Navarro, CEO da ANIP.

Importações representam 64% dos pneus vendidos

As importações representam mais da metade do mercado nacional e alcançaram 64% em julho de 2025, contra 38% dos pneus fabricados no Brasil, movimento acompanhado pela queda dos preços de importação (US$ 2,94/kg em outubro/24 para US$ 2,76/kg em julho/25), em uma tentativa de compensar os efeitos da medida.

Somente a China responde por mais de 70% do total de importados, com preços até 40% inferiores aos de outros mercados.

“A China possui uma sobrecapacidade produtiva e busca direcionar seu excedente para mercados como o brasileiro. Os preços praticados estão abaixo dos internacionais, e por vezes abaixo até do custo das matérias-primas, o que caracteriza concorrência desleal nesse caso. Sem o devido patamar tarifário, compatível com o que outros países já adotam, como no caso do México que tem uma tarifa de 35% para pneus de passeio, o Brasil se torna um destino natural para esse excedente”, detalha Navarro, da ANIP.

Em outubro do ano passado houve a elevação da alíquota de importados de 16% para 25%. Em agosto de 2025, a participação dos importados nas vendas no Brasil somaram 57% contra 43% de nacionais.

Atualmente, o Brasil tem 11 fabricantes de pneus com operações no país. São 20 plantas industriais, distribuídas por sete estados. As fabricantes instaladas no país investiram nos últimos 10 anos cerca de R$ 11 bilhões em suas unidades fabris para processos, aumento da capacidade de produção, tecnologia, inovação e sustentabilidade. Os fabricantes instalados no Brasil empregam 32 mil trabalhadores no país e geram 500 mil postos indiretos de trabalho no mercado local.

“O Brasil tem capacidade instalada suficiente para atender a demanda interna. Não pretendemos impedir o acesso a pneus estrangeiros, mas garantir que concorram com a produção nacional em condições isonômicas”, completa Navarro.

Pneus e rodas Honda HR-V – Foto: Honda/divulgação