23/06/2025 - 7:00
A Volkswagen não quis investir numa nova geração para a Amarok na América do Sul. Ao invés da picape completamente renovada que surgiu na Europa, projetada junto da atual geração da Ford Ranger, pegou a primeira geração, de 2010, e deu nela mais um tapa no visual. Nada muito além. E, assim, surgiu essa Nova (“pero no mucho”) Amarok 2025.
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Quanto custa a VW Amarok V6 2025?
A boa e velha picape da Volks, que surgiu no Brasil no início da década passada, hoje é vendida em três versões. A escolhida para a semana de testes é justamente a de entrada, Comfortline, que não sai por menos de R$ 313 mil sem opcionais. Com eles, passa dos R$ 320 mil. Ainda há a Highline (R$ 333 mil) e a Extreme (R$ 355 mil), todas movidas pelo motor V6 turbodiesel. Ele, aliás, é um dos mais fortes pilares da Amarok hoje em dia.
Motor V6 da VW Amarok V6 2025
Motorzão, de fato. Desenvolvido pela Audi, já equipou também versões do Porsche Cayenne, e dá (muita) vida à Amarok. Não é à toa que seus 258 cv de potência e quase 60 mkgf de torque a fazem brilhar, em que pese o visual já cansado e uma oferta de tecnologias bem aquém da concorrência. A rápida e suave transmissão automática de oito marchas, fornecida pela alemã ZF, complementa o conjunto, composto ainda pela tração integral 4 Motion. Pena só não ter função de reduzida, tão pedida no off-road…

Não oferece muito
Como já disse acima, na Amarok você não vai encontrar a melhor multimídia, nem tampouco o painel de instrumentos mais modernoso, ou o sistema de som com maior qualidade. Também deixe para lá modernidades como chave presencial, carregador de celular sem fio, freio de mão eletromecânico, entre outros. Ela é isso que você vê nas fotos: mais simples e tradicional, sem frufrus. A VW aproveitou para adicionar, nessa última reestilização, os bem-vindos faróis em LED (junto das luzes de neblina em LED), que melhoraram bastante a iluminação da picape.
O “reloginho” no topo do painel, opcional nessa Comfortline, engloba alguns alertas que ajudam o motorista na condução, mas sem interferir na direção. Alerta de saída de faixa, alerta de colisão frontal, alerta de velocidade acima do limite da via e até um indicador de distância do veículo da frente. Para não ter que mexer muito no projeto da picape, adicionando um ADAS nativo, foi a solução que a VW encontrou e fez caber no orçamento.

Porém…
Porém, é na hora de dirigir e acelerar que ela entrega seu melhor. Quem viu a estreia da Amarok, há uns 15 anos, deve lembrar que ela estava a frente das rivais no conforto a bordo, na dirigibilidade e na hora de fazer curvas rápidas ou frear com maior força. Estava mais para um carro de passeio do que outra coisa, e mostrava menos seu lado desengonçado de caminhonete. Ok, hoje boa parte das concorrentes seguem a mesma cartilha, só que o modelo da Volks continua elogiável nesse quesito.
O posto de condução, alto, fica agradável com bancos dianteiros ergonômicos, os dois com ajustes elétricos e até extensor de assento (coisa de Audi). Volante regulável em altura e profundidade, pedaleira bem posicionada, e é fácil se encaixar no cockpit da caminhonete. Pênalti apenas para a direção hidráulica, mais pesada e lenta nas respostas que a média do segmento (as demais tem assistência elétrica). Ainda assim, nada tira o mérito de boa dirigibilidade da Amarok, especialmente com o desempenho do V6zão.
Ele ronca bonito nas acelerações, e como acelera! Toda sua força, crescente a partir de baixos 1.400 rpm, garante uma bela “estilingada” ao redor dos 2.500 giros. Aí, a frente da Amarok se ergue, a tração nas quatro rodas mantém tudo sob controle, e ela dispara como uma flecha, fazendo ecoar o som dos seis cilindros em “V” trabalhando. Como vantagem do torque em baixas rotações, a picape da Volks se comporta como “boa mocinha” quando o pé é leve na condução, acelerando de forma suave e progressiva.

Como ela não dispõe de seletor de modos de condução, cabe a eletrônica saber quando o motorista exige máxima performance. E, nesse caso, ela até dispõe de um overboost que eleva a potência para 272 cv durante alguns segundos. É nessa situação que ela consegue a animadora aceleração de 0 a 100 km/h em 8 segundos, digna de esportivos como Renault Sandero R.S. É mais rápida, por exemplo, que um VW Nivus GTS, esse de fato esportivo.

Consumo VW Amarok V6 2025
Surpreende o consumo até que baixo para sua proposta: na cidade, rondou os 9,0 km/l de diesel, enquanto na estrada foi além dos 13,0 km/l com velocidade média de 100 km/h. A relação final do câmbio é longa, o que ajuda a economizar na estrada: são cerca de 2 mil giros a 120 km/h em oitava marcha. O tanque de 80 litros rende pelo menos 700 km, o que se confirmou na semana de testes: foram 725 rodados sem nem entrar na reserva, enquanto o computador de bordo fechou a conta geral com média de 11,5 km/l de diesel.

Boa de curva
Com tração integral e molas/amortecedores calibrados entre conforto e dinâmica, ela consegue se sair bem nas duas provas: absorve bem um piso esburacado ou sem asfalto, enquanto se comporta com segurança num desvio brusco de trajetória, por exemplo. Não tem segredo: precisa oferecer uma mecânica à altura da performance, e cumpre essa missão. O sistema de freios, com discos ventilados nas quatro rodas, para a grandalhona com segurança, e tende a demonstrar bem menos fading ou superaquecimento quando muito exigido. Boa!

No mais, é a picape que o brasileiro conhece há quinze anos. Tem espaço traseiro agradável para até três adultos, teto da cabine alto e plano, e um bom vão para pernas e pés dos ocupantes da segunda fileira. Só que, como em toda caminhonete, quem vai ali viaja com joelhos mais altos que o quadril, o que gera desconforto depois de algum tempo. Nessa versão Comfortline, o entra-e-sai é facilitado pelo estribo lateral opcional. Saídas de ar-condicionado traseiras? Nem pensar. Ao menos, no fim do console estão duas portas USB-C.
A vida a bordo é tranquila: o acerto de suspensões não passa muitos sacolejos para os ocupantes, e os níveis de isolamento acústico e térmico convencem. Como não há tantos comandos, essa configuração de entrada avaliada é fácil de mexer, especialmente para quem já teve outros modelos da VW como Gol, Voyage, Saveiro, Fox e afins: a Amarok traz componentes de todos eles espalhados pela cabine. Inclua na lista um acabamento consideravelmente refinado: tem partes emborrachadas no painel, e nas laterais de portas está uma boa parte forrada com o mesmo tecido dos bancos.
Itens de série da VW Amarok Comfortline V6 2025
Essa Comfortline, de série, tem volante multifuncional, piloto automático, modo de trocas de marchas manual, bancos dianteiros com ajustes elétricos, computador de bordo, conjunto óptico dianteiro em LED, sensores de chuva e crepuscular, retrovisores externos com ajustes elétricos e aquecimento, vidros e travas elétricas, rodas de liga-leve aro 17, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, multimídia de 9″ com GPS integrado, retrovisor interno fotocrômico, 6 airbags etc. Estribos laterais, capota marítima e o tal “reloginho” de alertas são itens a parte.
A caçamba ainda é a maior da categoria: 1.280 litros. Porém, para acessá-la, a tampa é grande e pesada, sem assistências hidráulicas, ao menos nessa versão Comfortline. No quesito capacidade de carga, também sai na frente da grande maioria, chegando a mais de 1.100 kg úteis. São pontos indiscutíveis que a Amarok, em que pese seu projeto dos anos 2000, ainda está na liderança.

Vale a pena?
De igual para igual, hoje a picape da VW briga apenas com a Ranger, a outra rival com motor V6 turbodiesel (menos potente, aliás). As demais são todas quatro cilindros. E, de fato, quem busca uma Amarok 0 km provavelmente vai pensar na performance e na força desse motor, assim como a caçamba e capacidade de carga superiores. Vão faltar itens de série? Sim. Ela deveria ter mais tecnologias? Também. O visual já está cansado? Sem dúvidas.

Mas, pensando no V6zão que entrega muito e cobra pouco (falo do consumo de combustível), montado num conjunto de acerto ainda aprimorado (suspensões, freios, direção), pode ser que a Amarok V6 ainda seja mais interessante do que parece…