Talvez nenhum outro carro hoje combine tantas qualidades de modo tão harmonioso quanto este novo Audi Q7. E digo isso mesmo não sendo, pessoalmente, um grande fã de SUVs. Porque algumas características que normalmente me afastam deles aqui inexistem, graças a um projeto simplesmente brilhante. Diria que este Q7 é uma “superperua”, mas tão boa, que pode até se passar por um SUV. O SUV que eu pedi ao papai Noel — e você também deveria pedir.

Como opção ao Audi e-tron, este Q7 pode ser visto como uma espécie de versão a combustão dele. Em preço, equivale – começa mais baixo, mas tem tantos opcionais que, no fim, pode ficar até mais caro (já volto a eles).

Apesar da potência menor, de 340 cv, não tem bateria e é mais leve, assim as relações de peso/potência e peso/torque são quase iguais – e, consequentemente, o desempenho. E, na prática, a autonomia é quase o dobro e o abastecimento, feito em minutos.

O visual comportado esconde um desempenho de arrepiar

Em relação à versão 2020 do próprio Audi Q7, as mudanças externas foram bem sutis – mudaram faróis, para-choques e lanternas, basicamente.

Dentro da cabine, também não houve revolução: uma tela sensível ao toque abaixo da central multimídia agora controla ar-condicionado e tem alguns atalhos para outras funções. Em um carro que já era quase perfeito, é melhor não mexer muito mesmo.

Com quase exatos três metros de entre-eixos, o Audi Q7 tem um espaço interno absurdo, do porta-malas de 740 litros à segunda fileira de bancos com três assentos individuais, reclináveis e corrediços.

Ali ainda há telas multimídia facilmente destacáveis e ajustes individuais do ar-condicionado (são quatro zonas) – que tem saídas no console central e nas colunas. Ainda há uma terceira fileira de bancos, que são erguidos e rebatidos de modo totalmente motorizado.

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O interior segue o padrão do mais recente Q8, com acabamento primoroso e três grandes telas, como o e-tron. Ao lado, detalhes do cluster, da câmera 360o, que parece filmar o carro de fora, e o menu principal da tela de controle/multimídia. Mais abaixo, o carregador de celular por indução do console central e a tela de controle do ar-condicionado, com os práticos atalhos (com botões de verdade)para os controles do som

Ao volante e aos olhos, as melhores qualidades deste Audi Q7 vem de 2015, quando o modelo chegou a esta sua segunda geração. Foi quando ele deixou de ser tão SUV e passou a ser mais perua: ficou mais baixo, mais belo e muito melhor de guiar.

E sem abrir mão da capacidade off-road, pois a suspensão a ar opcional com altura ajustável (R$ 22 mil, recomendada) transformam a “peruona” em um verdadeiro SUV ao simples toque de um botão.

Agora, o Q7 ganhou um sistema híbrido leve que se soma a seu tradicional motor a gasolina 3.0 turbo com 340 cv e 51 kgfm. Ajuda na potência em algumas situações, mas sua principal função é dar apoio ao sistema que desliga o motor em velocidades entre 55 km/h e 160 km/h para poupar combustível – sem muito sucesso, pois foi difícil superar 9,5 km/l na estrada e 6,5 na cidade (talvez seja o único “defeito” dele, mas é compreensível, considerando o porte e a proposta do modelo).

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Que shopping, que nada!

Mesmo que os endinheirados compradores usem este Q7 principalmente como SUV de shopping, nós o levamos para encarar estradas de terra e lama para ver do que é capaz. E não decepcionou, muito pelo contrário. No modo Allroad, com suspensão elevada, o Audi Q7 parece com um tapete mágico: você vê os buracos, passa por eles, mas não os sente.

Apesar dos pneus largos, o Q7 também encarou um lamaçal sem titubear: a famosa tração quattro cumpre seu papel com maestria. No resto dos trechos de terra com pedriscos, pedregulhos e rochas, a mesma tração garantiu controle total e agilidade impressionante em trechos sinuosos, graças ao eixo traseiro dinâmico, cujas rodas esterçam em até 5 graus (item opcional de R$ 13 mil, recomendado).

Assim, o carro nem parece ter mais de cinco metros de comprimento, e se comporta com extremo equilíbrio mesmo no modo “rali de velocidade” (este, do motorista). Média de consumo na terra: 7 km/l.

Seja na terra, seja no asfalto, as suspensões, a direção e os freios são todos perfeitamente calibrados – e, para quem gosta de trocas manuais, o câmbio automático tradicional, de oito velocidades, responde com rapidez impressionante aos comando feitos pelas aletas junto ao volante.

Não é um SUV para atravessar a Amazônia em época de chuvas ou fazer um Camel Trophy, como o Land Rover Defender ou o Discovery, mas já atende a 99% das necessidades, mesmo daqueles que de fato encaram aventuras bem longe dos shopppings e das cidades.

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Cuidado nas escolhas

Agora, se seu negócio é mesmo rodar na cidade e encarar shoppings, e você não faz questão de ter controle total sobre o carro, coloque no modo conforto, ative o ACC e a direção semiautônoma, e desfrute do silêncio e do conforto absolutos na cabine. Que variam conforme o quanto você gasta: a lista de opcionais é enorme.

Alguns itens oferecidos com extra na versão de entrada (R$ 439.990) vem como equipamentos de série nesta S-Line avaliada, de R$ 484.990 – como o ACC, os assistentes de faixa e de congestionamento, a câmera 360o, as rodas aro 21 e o teto panorâmico.

E, à S-line, ainda podem ser somados, além dos já citados eixo dinâmico e suspensão a ar, os bancos esportivos ou superesportivos (R$ 19 mil ou R$ 40 mil, trazem junto pedaleiras, soleiras e acabamentos esportivos), o head-up display (R$ 14 mil), os faróis full-LED Matrix (R$ 10 mil), a visão noturna, com lavador de faróis (R$ 24 mil), o som Bang&Olufsen 3D (R$ 11 mil) e os pacotes de luzes internas customizáveis (R$ 4 mil).

Mas, cuidado, pois a brincadeira pode passar de R$ 600 mil. Nossa recomendação: a versão básica com suspensão a ar e eixo dinâmico. Já basta. Pode trazer, Papai Noel.


Audi Q7 S-Line 3.0 TFSI Tiptronic quattro

Motor: seis cilindros em V 3.0, 24V, duplo comando continuamente variável, turbo, intercooler,
start-stop
Cilindrada: 2995 cm3
Combustível: gasolina, híbrido leve 48V
Potência: 340 cv de 5.000 a 6.400 rpm (motor elétrico auxiliar)
Torque: 51 kgfm de 1.370 a 4.500 rpm
Câmbio: automático sequencial, oito marchas
Direção: elétrica Suspensões: five-link (d/t)
Freios: disco ventilado (d/t)
Tração: integral, diferencial central autoblocante
Dimensões: 5,063 m (c), 1,970 m (l), 1,741 m (a)
Entre-eixos: 2,994 m
Pneus: 285/45 R21
Porta-malas: 740 litros (com 5 passageiros) a 1.925 litros (2 passageiros)
Tanque: 85 litros
Peso: 2.140 kg
0-100 km/h: 5s9
Velocidade máxima: 250 km/h (limitada)
Consumo cidade: 6,3 km/l
Consumo estrada: 7,9 km/l
Emissão de co2: 200g/km*
Consumo nota:E
Nota do Inmetro: E*
Classificação na categoria: E* (Utilitário Esportivo Grande 4×4) *estimados