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Não é nada difícil colocar o BMW M2 “de lado” como na foto acima. E nem fazê-lo voltar a andar de frente. Mas houve quem não soube respeitá-lo e acabou no gramado que cerca o circuito particular da Fazenda Capuava, em Indaiatuba, no interior de São Paulo. Felizmente, isso foi um dia após testarmos o carro no mesmo circuito (e sem nenhum imprevisto), por ocasião de sua chegada ao Brasil. Na verdade, para andar de lado no M2 basta botar o controle de estabilidade no modo mais permissivo, o MDM (M Driving Mode), e sair das curvas afundando o pé direito.

Com 370 cv e 50,9 kgfm de seu motor 6 cilindros em linha 3.0 despejados exclusivamente no eixo traseiro, o BMW escapa para um lado e espera você contra-esterçar – já levemente desesperado – antes de atuar nos freios e no torque para ajudá-lo a recolocar tudo em linha reta. Faz parte do show de um esportivo que se dedica a fazer qualquer um se sentir um piloto. Esse é o primeiro M2 da história, mas trata-se de mera questão de nomenclatura: sucessor direto do Série 1 M Coupé, vendido aqui em 2011/2012, ganhou o novo nome porque todos os cupês (e conversíveis) da BMW foram rebatizados com números pares.

E como toda a linha cresceu ao longo dos anos, o M2 de hoje tem tamanho similar ao do M3 dos anos 1990. Medida ideal para um superesportivo, vale dizer. Além do motor maior e do interior incrementado, com detalhes em fibra de carbono “crua”, bancos esportivos com costura azul, volante de três raios, pedaleiras, soleiras e outros detalhes exclusivos, o M2 tem inúmeras modificações para enfrentar pistas em track-days. Foram modificados os sistemas de refrigeração, lubrificação e freios, enquanto pistões e suspensões mais leves e sofisticadas foram emprestados do M4.

Para completar, barras no cofre do motor aumentam a rigidez da carroceria – como pude comprovar muito bem na torturante sequência de curvas no miolo do circuito. A transmissão de dupla embreagem e sete marchas permite trocas por generosas aletas no volante. Obedece com prontidão assustadora, mesmo reduzindo duas marchas de uma vez. Mas você pode deixar tudo a cargo do M2, mesmo em uma tocada mais esportiva: selecione o modo Sport Plus e ele estica marchas e antecipa reduções.

Podem ser ajustados ao gosto do piloto também direção, amortecedores e respostas do motor. Esse último ajuste, no modo esportivo, mantém a rotação alta na marcha lenta e ajusta abertura de válvulas e ignição dos cilindros para manter os gases circulando, eliminado quase todo o turbo lag (a turbina com duas entradas, uma para cada bancada de cilindros, também ajuda nessa tarefa).

Vendido por R$ 379.950, esse BMW encara principalmente Audi RS3 (R$ 290.990) e Mercedes-Benz CLA 45 AMG (R$ 333.900). Para desafiá-lo, o CLA tem um 4 cilindros 2.0 de 360 cv e 45,9 kgfm e o RS3, um 5 cilindros 2.5 de 367 cv e 47,4 kgfm. Apesar da vantagem teórica, no 0-100 o M2 empata com o Audi em 4,3 segundos, enquanto e o Mercedes-Benz marca 4,6. E os rivais, além de mais baratos, têm tração integral, que os deixam “nos trilhos”, bem mais colados ao chão. Mas não conseguem andar de lado com a facilidade do M2.

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Ficha técnica:

BMW M2

Preço básico: R$ 379.950
Carro avaliado: R$ 379.950
Motor: 6 cilindros em linha 3.0, 24V, duplo comando variável (double Vanos), válvulas de admissão continuamente variáveis (Valvetronic), injeção direta, turbo de dupla voluta
Cilindrada: 2979 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 370 cv a 6.500 rpm
Torque: 47,4 kgfm de 1.400 a 5.500 rpm (50,9 kgfm com o overboost)
Câmbio: automatizado, dupla embreagem, sete marchas
Direção: eletro-hidráulica
Suspensões: braços sobrepostos (d) e multi-link (t)
Freios: discos ventilados (d/t)
Tração: traseira
Dimensões: 4,468 m (c), 1,854 m (l), 1,410 m (a)
Entre-eixos: 2,693 m
Pneus: 245/35 R19 (d) e 265/35 R19 (t)
Porta-malas: 390 litros
Tanque: 52 litros
Peso: 1.570 kg
0-100 km/h: 4s3
Velocidade máxima: 250 km/h (limitada)
Emissão de CO2: sem dados
Consumo: não divulgado
Nota do Inmetro: não participa