O BMW iX3 é um BMW chinês? Sim, e daí? Fabricado na China em uma joint-venture com a Brilliance, o iX3 segue a qualidade vista nos carros fabricados/montados em outros mercados, sejam europeus ou o brasileiro.

Segue o “padrão BMW”, tanto na qualidade de acabamento quanto nas toneladas de tecnologia embarcada e opções de personalização da cabine (mais fáceis de usar do que antes), incluindo um dos mais avançados e precisos sistemas de assistência ao motorista.

E onde ele se encaixa? Quando a marca lançou o conceito MCV (megacity vehicle), que viraria o inovador BMW i3, seu primeiro e brilhante elétrico, ela mostrou conceitos inovadores tanto na construção e no uso de espaço quanto na ambientação e desenho da cabine.

Nascido elétrico, o modelo desagradou muita gente pelo design, e encontrou também alguns outros obstáculos – por isso, está saindo de linha para dar lugar ao iX1, um elétrico nada inovador, um SUV como muitos outros.

Mas isso, de modo algum, significou a morte da família/submarca chamada BMW “i”. O novo e incrível iX (leia avaliação) seguiu essa fórmula do i3, somando o necessário “SUV” a ela.

Isso, porém, não sai nada barato, e ainda é preciso ter modelos que possam, também, ser vendidos em versões a combustão e/ou híbridas.

Afinal, embora, na Europa a plataforma Neue Klasse vá, em 2024, substituir a atual sem opção a combustão (devido à rápida migração para os elétricos, forçada por leis), em outros mercados a eletrificação total não será tão rápida assim.

Falando nisso, teremos que ver como a BMW resolverá isso em países como o Brasil sem passar a oferecer só produtos velhos e/ou sacrificar as vendas.

A questão principal está nos custos de desenvolvimento e implantação/operação industrial, é claro, mas há outro lado positivo: muitos querem um elétrico, mas não estão prontos para algo tão “disruptivo”.

Então, voltemos ao BMW iX3: parece a combustão (exceto por detalhes), anda (quase) como um carro a combustão, mas é elétrico – com as vantagens e desvantagens que isso traz.

Padrão de qualidade (e de inteligência) BMW

Na lista de equipamentos de série, o BMW iX3 tem de tudo, com destaque para itens como o head-up display completíssimo e os modos de “ambientação” da cabine.

Há até inovações desnecessárias como o controle do multimídia por gestos – funciona, às vezes até por acidente, mas não tem por que existir.

O espaço interno, graças à cabine larga e com 2,86 m de comprimento, é bastante amplo.

O sistema de direção semiautônoma tem atuação excepcional (mas não permitem ficar sem as mãos no volante por muito tempo).

Há um exclusivo assistente de ré (volta vários metros pelo mesmo trajeto), o de estacionamento (freia, acelera, muda de marcha…) e, ainda, independente de usá-los, o carro monitora constantemente a dianteira e usa o motor-gerador para frear o carro sozinho, suavemente, quando aparece outro veículo à frente.

Isso economiza freios e carrega baterias, sem incomodar. E, guiando de um modo mais esportivo, ou em uma serra, você ainda pode usar o modo B, que atua com força nesse sistema de freio-motor-gerador.

Na medida

Em vez de ter potência até exagerada, como muitos elétricos, o iX3 tem potência e torque similares aos da versão “tradicional” – a iX3 xDrive 30e, que mantém força e potência quase iguais às da antiga versão a combustão – 292 cv e 420 Nm, contra os 286 cv e 400 Nm deste novo elétrico.

Mas, como ele é mais pesado, acelera de 0-100 km/h em 6s8, contra 6s1 do híbrido. E, para eventual uso off-road, ele perde a tração integral – aqui é só traseira.

A linha X3 ainda tem o M40i, um esportivo com 387 cv e 50 Nm (0-100 em 4s5). No preço, o BMW iX3, de R$ 485.950, fica bem entre o híbrido, de R$ 410.950, e o M40i, de R$ 584.950.

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A cabine não segue o estilo clean dos novos elétricos da marca, pois mantém o design anterior. A interação com o motorista é um tanto complexa, mas a maior parte dos comandos “rápidos” são físicos – e posicionados junto à alavanca de câmbio

Ele entrega o torque máximo logo de cara, e silenciosamente, como todo elétrico. Quer dizer… Se você pisar fundo, será silencioso para quem está lá fora (mais importante no benefício ao ambiente urbano), mas produzirá um ruído falso na cabine para dar sensação/emoção de motor a combustão, como fazem outros elétricos (nostalgia – que tal um alucinado Mustang?).

Essa força imediata garante diversão na cidade, mas, na estrada, também como em outros elétricos, em altas velocidades ele “perde” parte da força.

Com mais de 2.000 quilos, decepciona (relativamente) em retomadas como 120-150 km/h, pois não entrega o mesmo torque “lá em cima” – a tela central marca no máximo a 100-150 Nm entregues.

E, na dinâmica, é bom ter a tração traseira, mas o peso total excessivo acaba incomodando um pouco.

Outra decepção foi com relação à autonomia baixa. Os dados oficiais falam em 460 quilômetros, e esse seria o máximo possível, em um cenário ideal, na cidade, no padrão europeu.

No Brasil, o PBEV-Inmetro está começando a usar um novo padrão, e indica autonomia/alcance total de 381 quilômetros.

Ao encher a bateria, com tudo no modo padrão, o BMW iX3 indicou apenas 285 quilômetros de autonomia, baseado em um histórico recente de alto consumo, provavelmente.

Aí eu rodei 120 quilômetros na estrada a 130 km/h (o pior cenário) e pouco mais de 40 km/h na cidade.

Sobraram 110 quilômetros de alcance, segundo o painel: daria cerca de 300 quilômetros rodados, como previsto. Mas isso com um uso rodoviário (se você quer um elétrico só pra cidade, recomendamos os compactos; são ainda mais econômicos

Considerando as outras médias de nossos testes, no modo Normal, na cidade o BMW iX fez 5 km/kWh (no máximo 360 de autonomia) e, na estrada, 4 km/kwh (daria uns 320 quilômetros).

E nem pense em carregar em tomada comum: em mais de 12h, “somou” só 90 quilômetros à autonomia.

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Ser inovador tem seu preço: como o motor elétrico fica na traseira, o porta-malas acomoda apenas 410 litros, menos do que em muito SUV. A tampa traseira é motorizada, acionada por um sensor. Dentro da cabine,o espaço é muito generoso, tanto na frente quanto atrás

No fim, recomendamos que você economize R$ 80 mil e compre o híbrido plugável. Também escapa do rodízio e tem descontos no IPVA, mas anda mais e funciona exatamente como o elétrico, com custo baixo (embora o consumo seja maior) e emissão zero no dia a dia urbano, e ainda encara viagens médias e longas sem sufoco – incluindo trechos de terra, caso você precise, graças ao 4×4.

BMW iX3 M Sport

Preço básico R$ 485.950
Carro avaliado R$ 485.950

Motor: traseiro, transversal
Combustível: a bateria
Potência: 286 cv
Torque: 400 Nm
Câmbio: caixa redutora com relação fixa
Direção: elétrica
Suspensões: McPherson (d) e multilink (t)
Freios: disco ventilado (d) e disco (t)
Tração: traseira
Dimensões: 4,734 m (c), 1,891 m (l), 1,668 m (a)
Entre-eixos: 2,864 m
Pneus: 245/50 R19
Porta-malas: 410 litros
Bateria: íons de lítio, 80 kWh
Peso: 2.185 kg
0-100 km/h: 6s8
Velocidade máxima: 180 km/h (limitada eletronicamente)
Consumo cidade: 4 km/kWh (teste)
Consumo cidade: 6 km/kWh (teste)
Autonomia: 460 km (declarada) / 300 km (teste)
Nota do Inmetro: A (estimada)]

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