Acordar cedo pode ser considerada uma “missão” para uma parcela dos brasileiros. Não quando se tem à disposição um Chevrolet Camaro SS Conversível esperando no garagem. Com níveis de ansiedade estratosféricos pulei da cama às quatro horas da manhã por três dias consecutivos (incluindo um sábado). Afinal, só queria dirigi-lo, dirigi-lo, dirigi-lo e….nada mais importava.

Ele é um dos poucos carros capazes de despertar tal sentimento ou de cobiça/admiração dos demais motoristas e pedestres. Uma mística difícil de explicar. Entretanto, bruto, intempestivo e cativante são três adjetivos que o explicam. Com dez anos de trajetória em nosso mercado e 6.500 unidades comercializadas em nosso mercado, o Chevy é um daqueles carros inexoráveis.

O facelift desta sexta geração teve a dianteira inspirada no conceito Camaro Shock exibindo a “gravatinha” Black Bow Tie reposicionada para a grade superior e a barra central pintada na cor da carroceria. Um visual intimidador e de colocar respeito! Uma vez dentro à minha frente enxergo apenas o longo capô e o teto baixo não me causa uma sensação de claustrofobia. Embora seja preciso atenção redobrada nas manobras por conta do campo de visão reduzido.

O Chevrolet Camaro desperta emitindo um berro alto e estridente, que ecoou na garagem do meu prédio e provavelmente acordou até os vizinhos do sexto andar. Para quem gosta de automóveis, é uma música proporcionada somente pelos — cada vez mais raros — motores V8 naturalmente aspirados. Aliás, um “Voitão” 6.2 de saudáveis 461 cv de potência e 62,9 kgfm de torque.

São números traduzidos em acelerações vigorosas com meia carga no pedal do acelerador. Um desempenho colossal e com a “potência no pé”. Nada de turbolag ou som de escape abafado por turbocompressores. E a cada troca da caixa automática de dez marchas é sentida uma “patada” nas costas, enquanto a tração traseira deixa tudo melhor ao transmitir uma dirigibilidade irrepreensível.

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Oito cilindros em “V”

O convívio diário com o Chevrolet Camaro não tem mistérios e a altura em relação ao solo não deixa a frente raspar em valetas ou lombadas. Em situações de condução branda são desativados quatro dos oito cilindros para ajudar no consumo. E o computador de bordo informou médias de até 8 km/l sem trânsito, mas de 4,6 km/l nos congestionamentos. 

As suspensões junto das rodas em preto brilhante de 20” vestidas por “borrachudos” de medidas 245/40 ZR20 à frente e 275/35 ZR20 atrás são firmes, porém, não ao ponto de arrancar as obturações dos dentes. Mesmo assim, achei prudente diminuir a velocidade ao transitar por ruas de paralelepípedos ou com remendos no asfalto; cuidado nunca é demais! 

Estão disponíveis os modos de condução Passeio, Esporte, Circuito e Neve/Gelo, que alteram determinados parâmetros, como as respostas do motor, da transmissão e da direção, só para citar. No primeiro, as respostas ficam mais suaves ao passo que no programa Esporte a personalidade do carro muda – ao passar as marchas sequencialmente em rotações elevadas é possível ouvir os “pipocos” emitidos pelas duas saídas de escape.

Isso também ocorre no modo Circuito e aí, amigo leitor, o Chevrolet Camaro mostra as suas garras ao transmitir um comportamento para lá de radical. Com 95 kg a mais frente ao modelo fechado, a variante conversível oferece uma relação peso-potência de 3,90 kg/cv – 3,69 kg/cv no “irmão” Coupé. O ponto negativo desse programa fica pela direção pesada ao esterço em baixa velocidade.

Como estamos em um conversível (ele estreou no Brasil em 2014) aproveitei os dias ensolarados para curtir os “passeios” com os cabelos ao vento. O sistema acionado eletricamente leva aproximadamente 15 segundos para abrir/fechar o teto de lona. O baixo nível de turbulência permite aos ocupantes conversarem sem elevar o tom de voz e com 2,812 m de entre-eixos os dois passageiros traseiros não encontram muito espaço para as pernas/joelhos. Mas o espelho retrovisor que usa a imagem de uma câmera na traseira do carro fica difícil de ser visto com a luminosidade.

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Sem dúvidas, uma das partes mais interessantes de andar com a capota recolhida está em curtir a ‘sonzeira’ do oito cilindros em “V”. Por isso, desconsiderei ligar o sistema de áudio da renomada Bose. Além do visual revigorado, também veio a conectividade Nível 4, com sistema de Wi-Fi nativo – já disponibilizado nas famílias Cruze/Cruze Sport6, Onix/Onix Plus, SUV Tracker e picape S10. Ainda está presente o prático serviço de concierge OnStar, o Android Auto/Apple CarPlay e o aplicativo MyChevrolet. Este último, entre as funcionalidades, permite consultar informações do carro e até ligar o ar-condicionado à distância.

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Na estrada, indo a constantes 120 km/h o ponteiro do conta-giros fica abaixo das 2.000 rpm graças ao câmbio automático de dez marchas (também presente no arquirrival Ford Mustang) e por alguns momentos o computador de bordo indicou um consumo de 10 km/l. Nada mal para um carro de mais de 460 cv de potência. Já na hora de controlar esse poderio, os potentes freios são da Brembo.

Não restam dúvidas que o Chevrolet Camaro SS possui uma legião de fãs espalhados pelo Brasil desde a sua chegada oficial no ano de 2010. No entanto, é para poucos devido ao preço de R$ 427.200. Se a versão SS já é ‘matadora’, agora fica a vontade de dirigir a configuração ZL1 à venda nos Estados Unidos por valores sugeridos de US$ 69.995 (manual) ou US$ 71.590 (automático). Lá fora, inclusive o Chevy é comercializado com motores 2.0 turbinado e V6 3.6.


FICHA TÉCNICA

Chevrolet Camaro SS Conversível
Preço básico: R$ 381.700 (Coupé)
Carro avaliado: R$ 427.200
Emissão de CO2: 189 g/km
Nota do Inmetro: E
Com etanol: zero

Chevrolet Camaro SS Conversível
Motor: oito cilindros em “V” 6.2, 16V, injeção direta, desativação de cilindros
Cilindrada: 6162 cm3
Combustível: gasolina
Potência: 461 cv a 6.000 rpm
Torque: 62,9 kgfm a 4.400 rpm
Câmbio: automático sequencial, dez marchas
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (d) e multilink (t)
Freios: discos ventilados (d/t)
Tração: traseira
Dimensões: 4,784 m (c), 1,897 m (l), 1,340 m (a)
Entre-eixos: 2,812 m
Pneus: 245/40 ZR20 (d) e 275/35 ZR20 (t)
Porta-malas: 208 litros
Tanque: 72 litros
Peso: 1.800 kg
0-100 km/h: 4s2
Velocidade máxima: 250 km/h
Consumo cidade: 6,1 km/l
Consumo estrada: 9,6 km/l
Nota do Inmetro: D
Classificação na categoria: E (esportivo)