30/11/2018 - 8:00
Sempre tive simpatia pela proposta do Chevrolet Spin, apesar de ele não empolgar tecnicamente. No deserto que é o mercado brasileiro de minivans, o derivado do Cobalt é uma opção honesta e acessível. São pouquíssimas as opções hoje nessa categoria. Para se ter uma ideia, o Spin LTZ automático custa R$ 81.990 nessa configuração de sete lugares e isso pode ser considerado uma pechincha perto da primeira opção mais em conta no mercado: o Citroën C4 Grand Picasso, que sai por R$ 139.990. De qualquer forma, o Spin não é um carro barato e tampouco favorito em concursos de beleza, por isso sua compra é muito mais racional do que emocional.
Para melhorar o lado emocional do carro, a GM introduziu algumas mudanças no Spin, deixando-o mais atraente na linha 2019. A GM foi ousada principalmente nas cores – o azul do carro avaliado chama tanta atenção na rua quanto um Porsche. Devido ao seu design puramente funcional, muitas pessoas o confundiam com um carro clássico e depois se espantavam ao ver que era o Spin reestilizado. Ele ficou mais bonito na dianteira. Curiosamente, um sujeito a bordo de um Chevette olhou para o Spin e deu risada – não entendi o motivo.
No uso, o Spin LTZ é um carro macio, com um bom câmbio automático de seis marchas e bastante espaço interno. Rodando vazio vai bem. Carregado, porém, o motor de 111 cavalos sofre bastante e “grita” muito quando há necessidade de ultrapassagem na estrada. Se for comprar esse carro, é melhor não ter pressa em viagens. Apesar do tamanho, o Spin é fácil de manobrar, principalmente porque a versão LTZ tem até câmera de ré. A direção tem assistência elétrica e é leve. Minha esposa gostou principalmente da posição de dirigir elevada, pois “lembra um SUV”, mas ficou chocada com a feiura da peça de couro sintético no painel das portas. Já a parte de multimídia foi aprovada por todos.
Se eu tivesse que rodar sempre com sete pessoas na cidade (repito: na cidade), eu compraria o Chevrolet Spin LTZ de sete lugares por causa do custo-benefício. Por dentro o carro é agradável. Porém, se não houvesse a necessidade de carregar tanta gente e só um enorme babageiro fosse realmente importante, um Spin de cinco lugares já resolveria o problema. A terceira fileira (que rouba espaço do bagageiro mesmo com os bancos rebatidos) aumenta a versatilidade do carro só na cidade. No final das contas, o maior trunfo do Chevrolet Spin continua sendo o preço da versão de sete lugares.
Contraponto
Por Flavio Silveira
Concordo com o Quintanilha em relação ao novo design do Spin, que deixou o carro mais bonito, mas ainda está longe de ser uma razão de compra. Eu só teria um carro como esse na garagem por pura necessidade: o desempenho é fraco, como já disse meu colega, e sua dirigibilidade é sofrível. Por isso mesmo, nessa faixa de preços, optaria por um sedã – o próprio “irmão” Cobalt anda mais e gasta menos com a mesma mecânica, graças, entre outras coisas, à melhor aerodinâmica. E o porta-malas nem fica devendo para quem não costuma transportar bicicletas. No mais, achei que o painel ficou mais agradável com o desenho mais tradicional (aquele de moto combina mais com modelos mais compactos, como o Onix). Em relação ao acabamento, de fato o couro nas portas do Spin não é dos mais bonitos, mas ainda me agrada mais que os plásticos duros da concorrência. Mas é preciso cortar em algum lugar para ter o preço. Se precisasse de um carro de sete lugares hoje, minha opção seria pelo VW Tiguan ou pelo Mitsubishi Outlander… mas o Spin custa quase a metade.
COMPRE SE…
▲ Você precisa rodar frequentemente com sete pessoas dentro do carro ou eventualmente levar muita bagagem.
▲ Procura uma minivan devido à sua versatilidade e não quer gastar uma fortuna para ter um carro familiar.
NÃO COMPRE SE…
▼ Leva em alta consideração a questão da segurança, pois o Spin não foi avaliado pelo Latin NCAP e não é muito estável nas curvas.
▼ A beleza é fundamental, pois o Spin melhorou seu visual na linha 2019 mas nem tanto para ganhar aplausos nas ruas.
CONSIDERE TAMBÉM ESSES CONCORRENTES
Ficha técnica:
Chevrolet Spin LTZ AT6
Preço básico: R$ 63.990
Carro avaliado: R$ 81.990
Motor: 4 cilindros em linha 1.8, 16V
Cilindrada: 1796 cm3
Combustível: flex
Potência: 106 cv a 5.200 rpm (g) e 111 cv a 5.200 rpm (e)
Torque: 16,8 kgfm a 2.800 rpm (g) e 17,7 kgfm a 2.600 rpm (e)
Câmbio: automático sequencial, seis marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,416 m (c), 1,735 m (l), 1,609 m (a)
Entre-eixos: 2,620 m
Pneus: 205/60 R16
Porta-malas: 162 a 199 litros (sete passageiros), 553 a 864 litros (cinco passageiros)
Tanque: 53 litros
Peso: 1.235 kg
0-100 km/h: 11s4 (g) e 11s1 (e)
Vel. máxima: 170 km/h (est.)
Consumo cidade: 10,6 km/l (g) e 7,2 km/l (e)
Consumo estrada: 12,8 km/l (g) e 8,9 km/l (e)
Emissão de CO²: 120 g/km
Nota do Inmetro: C (est.)
Classif. na categoria: B (Minivan)