15/12/2025 - 8:00
O C3 XTR tem história no Brasil. Estreou em 2006 com pegada aventureira urbana para combater, dentre outros, o sucesso do VW CrossFox. Assim ficou em linha por mais de seis anos, até 2012, quando o C3 estava prestes a ganhar sua segunda geração por aqui. E, nesse meio do caminho, o XTR passou até por uma reestilização de meia-vida. Durou bastante, e voltou agora em 2025, num outro C3, e com outra proposta.
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Custo X benefício
Falo de custo X benefício. Esse C3 XTR 2026 é daqueles carros completões, com visual diferenciado e preço atraente, mais ou menos como a Fiat tinha o Argo S-Design anos atrás, ou a Peugeot trabalha com seu 208 Style. Quanto custa? Numa promoção que já dura meses ele sai por R$ 90 mil, mas a tabela cheia beira os R$ 100 mil. No primeiro caso, interessantíssimo. No segundo, nem tanto.
De qualquer forma, vem recheado: luzes diurnas em LED, multimídia de 10” com conexões sem fio, painel de instrumentos digital personalizável de 7”, ar-condicionado digital automático, pedaleira em alumínio, rodas de liga aro 15, bancos em couro sintético, portas USB traseiras, teto em preto brilhante, volante multifuncional, sistema de som com 6 alto-falantes, vidros e travas elétricas, retrovisores elétricos, câmera de ré e até alguns mimos que estrearam no C3 2026, como iluminação de porta-luvas (em LED) e botões dos vidros traseiros na porta do motorista (finalmente).
Melhorias do C3 2026
Luz de porta-luvas e comandos dos vidros no lugar certo, aliás, são melhorias aplicadas em boa parte da linha C3 2026. Vieram junto de um acabamento mais refinado na cabine: esse XTR tem couro sintético no painel e nas laterais de portas dianteiras, um avanço para o tão simples hatch. E aqui também estão presentes adesivos e emblemas especiais pela carroceria, bem como pneus de uso misto (Pirelli Scorpion ATR), que deixam o XTR mais parrudo. Sua base é na Feel 1.0 manual, R$ 3 mil mais barata.
Motorização: simples e eficiente
Bonitinho, ele aposta na motorização mais simples. 1.0 Firefly de aspiração natural, com seus 75 “pocotós” bebendo álcool (71 com gasolina), mas um bom torque para sua cilindrada, de 10,7 mkgf com etanol (10,0 mkgf com gasolina), acoplado ao câmbio manual de cinco marchas. Com comando simples e duas válvulas por cilindro (seis no total), ele até aproveita essa configuração para ser mais ágil e esperto nas baixas rotações: o carrinho é forte em arrancadas e retomadas em baixa.
Casa bem com a proposta o câmbio com as primeiras marchas curtas, em especial a primeira, que, por muitas vezes nem precisa ser utilizada (ele sai em 2ª em trechos planos sem muito esforço). 3ª, 4ª e 5ª, mais longas, dão conta de manter o Firefly em rotações não tão altas, sem fazer muito barulho. A última marcha, inclusive, ficou até um pouquinho mais longa na relação, justamente para deixar o C3 mais quieto em médias e altas velocidades. Esse XTR vai a 3.500 rpm a 100 km/h, mesmo com os pneus ATR.

Na estrada…
Pena que, justamente pela falta do comando variável e de mais válvulas, o Firefly seja moroso e mais lento nas altas rotações. Isso faz com que o C3 XTR seja um carro preguiçoso em retomadas ou ultrapassagens no uso rodoviário, e claro que isso se intensifica com mais peso a bordo. Seu habitat natural é mesmo a cidade, embora, com um pouco de paciência, seja possível encarar a estrada, também. 75 cv não fazem milagres.

Economia e silêncio
Porém, há vantagens nesse powertrain, além do câmbio bem escalonado e do motor que não é tão ouvido ou sentido pelos passageiros (bom trabalho de coxins e mantas fonoabsorventes). A principal delas é a economia de combustível: mesmo com apetrechos e equipamentos (mais pesado), e pneus de uso misto, o carrinho da Citroën brindou com médias de 13,5 km/l ou mais na cidade, ou algo ao redor dos 18,5 km/l na estrada, queimando gasolina nesses casos. Rende bem, o que é ótimo.
Sobra espaço e porta-malas
E, como todo bom C3 dessa geração, espere bastante espaço nesse XTR. Com uma proposta semelhante à do Renault Sandero, ele é simples e funcional, com ampla distância entre-eixos (2,54 m), teto alto, cabine arejada e folga para quatro adultos.
Tirando as portas pequenas, oferece mais espaço que alguns SUVs compactos por aí, o que inclui o porta-malas. A Citroën declara bons 315 litros VDA, aliás.
Como anda?
O motorista vai bem. Tem uma direção macia com relação pouco multiplicada (mais voltas de batente a batente), pedaleira espaçada, posição de guiar bem alta (lembra um SUV), alavanca de câmbio na mão e, o que conta muito, bancos ergonômicos. Esses, forrados em couro sintético, lembram bastante os do finado C4 Cactus. Faz falta, sim, um ajuste de profundidade da coluna de direção, bem como um apoio de braço nessa versão XTR, mas são limitações de um “popular chic”, digamos.
Mesmo altinho, com suspensões elevadas e carroceria com maior centro de gravidade, o C3 é afiado ao volante. Não desaponta em curvas rápidas e cumpre bem provas de frenagem fortes, não ficando muito aquém do seu irmão Peugeot 208 (esse uma referência no segmento). Claro, o acerto de molas e amortecedores da Citroën, que segue a filosofia do “tapete voador”, deixa ele mais macio do que outra coisa, só que isso não interfere muito na dinâmica de condução.
Off-road leve: até vai
E é isso que citei acima, das suspensões altinhas e carroceria longe do solo, que cai tão bem na proposta dessa versão XTR. Com pneus de uso misto, o carrinho fica robusto e brabo pra pegar estradas de chão batido ou cascalho, passar pela buraqueira, cruzar valetas e até enfrentar alguma travessia de água. Temos 18 cm de altura livre do solo (um Chevrolet Tracker tem 16), 23º de ângulo de ataque e 39º de ângulo de saída (21º e 30º num Renegade 4×2, por exemplo), números excelentes.
Por menos de R$ 90 mil: boa pedida
No conjunto da obra, ele agrada. E, com uma mãozinha da Citroën, o negócio se tornou mais interessante com a recheada oferta de equipamentos, versus o preço de tabela promocional. Por menos de R$ 90 mil nessa oferta que não tem prazo pra acabar, difícil existir outro hatch tão enfeitado e completo quanto esse C3 XTR. Por essas e outras, é o rei do custo X benefício dentre os hatches, desde que esteja em promoção…



















































