05/12/2018 - 8:20
Na Europa é comum que os fabricantes ofereçam a opção de encomendar um carro sem os logotipos traseiros. Afinal, se a intenção é se destacar na vizinhança sem gastar tanto, o ideal é que os seus vizinhos não consigam diferenciar se você comprou o topo de linha ou o básico todo equipado. A mesma analogia pode ser aplicada ao Citroën C4 Cactus Feel Pack. Custando a partir de R$ 84.990, tem o motor 1.6 VTi de 115/118 cv, mas combinado ao visual externo da versão topo de linha Shine (confira aqui a avaliação), R$ 9 mil mais cara e dotada do bem mais potente propulsor 1.6 THP de 165/173 cv. A única diferença aparente é a ausência do logotipo “THP Flex” na tampa do porta-malas.
Está exatamente no visual o grande trunfo desta versão, a mais cara do novo SUV compacto com o motor 1.6 aspirado. Assim como o topo de linha, o Cactus Feel Pack tem tanta personalidade que muita gente pensa que ele custou mais caro do que o valor de tabela. Impressão que é amplificada pelas rodas de 17” com detalhes em preto e acabamento diamantado e pelas barras no teto do tipo flutuante com pintura em preto brilhante. A principal diferença para o Cactus mais caro está no interior, que traz bancos revestidos em tecido no lugar dos assentos de couro. Mesmo assim, a cabine encanta tanto quanto o exterior.
Além dos vários (e bem localizados) porta-objetos, para os motoristas mais baixos, de cerca de 1,65 m de altura, é fácil achar uma posição ideal para guiar nos bancos dianteiros, que têm um ótimo apoio lombar. Exclusivo para o Brasil, o painel tem forração em material acolchoado e uma estreita faixa de tecido, enquanto o display central de 7” concentra os comandos dos sistemas de som e ventilação, como nos SUVs de luxo. As portas têm uma pequena faixa de tecido e plásticos duros, mas o encaixe entre as peças é preciso.
A única nota destoante é o quadro de instrumentos digital, que tem instrumentos de fácil leitura mas um visual muito pobre com a sua tela monocromática. Apesar de a carroceria ter a largura típica dos compactos, o entre-eixos de 2,60 m (6 cm mais longo do que no primo Peugeot 2008, com quem o Cactus divide sua plataforma) permite um espaço para as pernas dos passageiros do banco traseiro bem próximo ao que é encontrado nos hatches médios. É uma pena que para isso a marca francesa tenha sacrificado o espaço no porta-malas, que tem apenas 320 litros de volume. Igual ao do Renegade.
A lista de equipamentos dessa versão é bem completa. Além de ser um dos poucos SUVs compactos na faixa de R$ 85 mil com airbags laterais, ar-condicionado automático digital e sistema de chave presencial, o Cactus Feel Pack traz ainda alarme, luzes diurnas de LED, piloto automático, controles eletrônicos de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, monitoramento de pressão dos pneus, isofix, sistema multimídia com tela de 7” compatível com Android Auto e Apple CarPlay, alarme, faróis de neblina, volante ajustável em altura e profundidade e câmera de ré. Disponível no Cactus THP, o sistema Grip Control (modos de condução para uso em condições adversas) ficou indisponível nesta versão. Mas essa é uma ausência perdoável para um carro de comportamento pacato e sem pretensão de ser um utilitário para uso no fora-de-estrada.
Mesmo assim, o Cactus é valente. Com um vão livre para o solo de 22,5 cm (um dos maiores do segmento), é possível enfrentar desde valetas a estradas sem pavimentação sem medo de raspar a parte de baixo do carro. Mesmo em pistas irregulares e cheias de buracos, a suspensão merece elogios ao trabalhar de maneira silenciosa e filtrar bem as irregularidades do piso. Já a direção com assistência elétrica talvez pudesse ter um pouco mais de peso — de tão leve, chega a incomodar nas manobras em baixas velocidades, mas muitos consumidores devem gostar.
O conjunto formado pelo motor 1.6 aspirado e o câmbio automático de seis marchas se mostra menos adequado ao Cactus do que o THP. Embora se saia bem no uso urbano, a história muda quando colocamos o SUV na estrada com bagagem no porta-malas e dois passageiros adultos no banco traseiro: o motor faz força para embalar o carro, principalmente nas retomadas. Para extrair o melhor desempenho do conjunto, é preciso que o motorista use o modo esportivo do (bom) câmbio de seis marchas. Ou faça as trocas manualmente, no modo sequencial (só pela alavanca).
Esse C4 Cactus Feel Pack fica posicionado bem na mesma faixa de preços de modelos como o Jeep Renegade Sport 1.8 AT (R$ 85.490) e o Ford EcoSport SE 1.5 AT (R$ 84.290). Ambos têm motores bem mais potentes (com 139 cv e 137 cv, respectivamente), mas não trazem alguns dos equipamentos presentes no SUV da marca francesa e já não têm mais a mesma aura de novidade. Se a ideia é apenas chamar a atenção nas ruas, o Cactus Feel Pack é o seu carro. Mas se para você o visual não é tudo e poderia ser casado com um conjunto mecânico mais apimentado, vale a pena investir no Cactus Shine com o motor 1.6 THP.
Ficha técnica:
Citroën C4 Cactus Feel Pack 1.6 VTi
Preço básico: R$ 79.990
Carro avaliado: R$ 84.990
Motor: 4 cilindros em linha 1.6, 16V
Cilindrada: 1587 cm³
Combustível: flex
Potência: 118 cv a 5.750 rpm (g) e 115 cv a 5.750 rpm (e)
Torque: 16,1 kgfm a 4.000 rpm (g) e 16,1 kgfm a 4.750 rpm (e)
Câmbio: automático sequencial, seis marchas
Direção: elétrica
Suspensões: Pseudo MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,170 m (c), 1,714 m (l), 1,563 m (a)
Entre-eixos: 2,600 m
Pneus: 205/55 R17
Porta-malas: 320 litros
Tanque: 55 litros
Peso: 1.225 kg
0-100 km/h: 12s1 (g) e 12s (e)
Velocidade máxima: 185 km/h (g) e 190 km/h (e)
Consumo cidade: 10,4 km/l (g) e 7,3 km/l (e)
Consumo estrada: 13 km/l (g) e 9,1 km/l (e)
Emissão de CO²: 118 g/km
Nota do Inmetro: C
Classificação na categoria: B (Utilitário Esportivo Compacto)