Por Flávio Silveira e  Rafael Poci Déa 

Como dono de Civic, eu sou um dos “órfãos” do fim da fabricação nacional. Premiado pela crítica e adorado pelos proprietários, suas vendas caíram com o domínio dos SUVs e a Honda não quis investir na renovação. Se fosse trocar o carro hoje e quisesse outro Civic “zero”, teria quer ser a nova geração, híbrida – e não quero gastar R$ 265 mil. Pra ficar na Honda, restam HR-V e ZR-V (voltarei a eles) ou, se quiser sedã, este City. Sendo “o que tem pra hoje”, será que me convence? Passei uma semana com um para responder.

Entre os motivos que animam a fazer a troca, ficam a central multimídia melhor, com interface fácil, tela maior e mais conectividade, e o quadro de instrumentos semidigital, fácil de operar por belos comandos no volante e muito personalizável em informações (embora os gráficos sempre mantenham o design básico, ele é elegante, claro e objetivo). Por fim, o porta-malas é igualmente enorme.

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Ao volante, as suspensões são menos confortáveis que as do Civic, mas ainda excelentes (melhores que antes). E gostei da mecânica, que surpreendeu no desempenho: o 1.5 aspirado é mais potente que os 1.0 dos rivais turbinados, embora tenha menos torque.

Faz o City ser muito econômico e ter reações mais progressivas, pois ainda trabalha muito bem com o câmbio CVT. Este último, novo, é melhor que aquele que vinha no Civic G10 – mas, no geral, o conjunto motor-câmbio é inferior ao do Civic, mesmo o 2.0 de 150 cv (o City é bem pior nas retomadas, por exemplo).

(Divulgação)
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O painel digital é elegante, e há muitos – e bem organizados – comandos no volante: no lado esquerdo, ajustes de mídia e de telefonia; na direita, os dos sistemas semiautônomos. Há saída de ar para o banco traseiro (o ZR-V não tem), mas o City fica devendo o freio de mão eletrônico. A alavanca de câmbio clássica, junto do botão ECON, que deixa o comportamento mais pacato. Os comandos do ar digital e automático são claros e intuitivos

E houve o que me espantasse: fiquei decepcionado com o espaço na cabine, o conforto dos bancos, a posição de dirigir mais alta e o acabamento interno – sempre comparado ao meu Civic, é claro. Achei irritante ter que ajustar a luminosidade da tela sempre manualmente e me decepcionei com o isolamento acústico. E os sistemas semiautônomos são ótimos, mas, pessoalmente, dispenso, e alguns só funcionam acima de 72 km/h (ao menos agora o sedã pode vir sem; antes eram “obrigatórios”).

Adaptando o famoso bordão da Brastemp, direi que o City “não é assim um Civic”. É um ótimo sedã, com vantagens em tecnologia e entretenimento em relação ao último Civic nacional. Mas, ao volante, é inferior. Só consideraria a compra se fosse um degrau abaixo, na recém-lançada versão LX (R$ 115 mil).

Já a alternativa HR-V, com o preço que teria um Civic nacional flex hoje, substitui o hatch, não o sedã. Preciso de mais porta-malas, então teria que ser um SUV médio – Corolla Cross e Compass são bons, mas não tão grandes (e, pessoalmente, não me agradam). Nem levaria o novato Honda ZR-V – excelente em conforto, espaço e dinâmica (pra um SUV), mas caro pelo upgrade em relação ao Civic G10. Acabaria, acho, com um Corolla ou um Sentra. Ou endividado e com o Civic G11…

Flávio Silveira | Editor

COMPRE SE…

 Você quer um sedã muito econômico no uso cotidiano, que tenha porta-malas grande e um rodar suave e confortável, além de garantia de manutenção baixa e revenda mais fácil que a média.
 Seu uso do carro é principalmente urbano, e as eventuais viagens não são por estradas com serras ou que exijam muitas do motor, com necessidade de ultrapassagens rápidas e frequentes.

NÃO COMPRE SE…

 Você gosta de acelerar e prefere carros que respondam de modo imediato. Neste caso, é .
 Para você, o automóvel é uma compra emocional, que serve para agradar aos olhos e aos sentidos. O City é um ótimo carro, mas que não garante muitas emoções. É extremamente racional.

(Divulgação)

Honda City Touring

Preçco básico R$ 115.300
Carro avaliado R$ 140.500

Motor: quatro cilindros em linha 1.5, 16V, injeção direta, duplo comando variável em tempo e em abertura, i-VTEC, VTC Combustível: flex Potência: 126 cv a 6.200 rpm (g/e)
Torque: 152 Nm (g) e 155 Nm a 4.600 rpm (e)
Câmbio: automático continuamente variável, modos S e M, sete marchas simuladas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,549 m (c), 1,748 m (l), 1,477 m (a)
Entre-eixos: 2,600 m
Pneus: 185/55 R16
Porta-malas: 519 litros
Peso: 1.170 kg
Tanque: 44 litros
0-100 km/h: 10s8 (g)*
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo cidade: 13,1 km/l (g) e 9,2 km/l (e)
Consumo estrada: 15,2 km/l (g) e 10,5 km/l (e)
Nota do Inmetro: B
Classificação na categoria: A (Médio)