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Não foi por acaso que a Jaguar escolheu a Córsega – a ilha francesa onde nasceu Napoleão Bonaparte – para lançar seu novíssimo E-Pace. Esse carro tem a missão de colocar a Jaguar na guerra de um dos mercados mais atraentes do mundo: o dos SUVs médios de luxo. Durante três semanas, jornalistas do mundo inteiro, escolhidos a dedo pela marca, se revezaram na condução de vários exemplares do Jaguar E-Pace pelas estradas mais desafiadoras dessa ilha do Mar Mediterrâneo. Afinal, a Córsega sedia uma etapa do Mundial de Rali FIA, conhecido como o “rali das 1.000 curvas”. Mas, assim como Napoleão era um grande estrategista, a Jaguar criou um novo circuito, combinando trechos bastante desafiadores com paisagens belíssimas, para impressionar ao lado do carro.

Foram mais de 300 km em estradas incrivelmente estreitas e sinuosas, à beira de penhascos, no alto de montanhas geladas, com perigo constante e muita informação sobre o carro. O Jaguar E-Pace estreia no Brasil em abril com dois motores 2.0: um de 249 cv com 37,2 kgfm (P250) e outro de 300 cv com 40,8 kgfm (P300), que dirigimos. Nosso primeiro contato com o E-Pace aconteceu já no pequeno aeroporto de Figari. E é paixão à primeira vista, pois o carro é lindo. Tem um design extremamente caprichado, que remete à esportividade dos modelos da Jaguar – e foi concebido como um cupê.

Napoleão Bonaparte nasceu em Ajaccio, na Córsega, em 1769, e se tornou líder militar e político. Sua família tinha ascendência italiana. Um chapéu de Napoleão, de dois bicos, chegou a ser leiloado por R$ 6 milhões

Na linha do BMW X4 e do Mercedes-Benz GLC Coupé, o E-Pace é facilmente percebido como um cupê quando visto de lado. Mas suas linhas disfarçam esse desenho (ainda um pouco polêmico) e ele passa facilmente por um SUV tradicional, com visual esportivo, se visto por outros ângulos. O segredo está no alto do vidro traseiro, pois os designers fizeram um prolongamento do teto para funcionar como aerofólio. Essa mesma solução é usada no Jaguar F-Pace, mas ele não é um SUV-cupê como o E-Pace.

Ainda por fora, a grade dianteira cercada por duas enormes entradas de ar, abaixo do conjunto óptico afilado, dão ao carro um aspecto de fera fixando o olhar. As laterais são musculosas e as finas lanternas traseiras não apenas mantêm, mas também prologam o desenho afilado dos faróis, invadindo a lateral como em poucos carros. Para completar, duas grandes ponteiras de escapamento cromadas, uma de cada lado, acentuam a esportividade. De qualquer ângulo que é visto o E-Pace surpreende. Inclusive por cima, pois seu teto tem quatro diferentes opções de design, podendo ser fechado ou totalmente panorâmico.

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Por dentro, o Jaguar E-Pace mantém o padrão. Seu desenho é muito limpo, quase minimalista, mas a quantidade de equipamentos à disposição do motorista é enorme. Tudo é servido de forma simples e intuitiva. Se vivesse em nosso tempo, Napoleão certamente iria querer guiar um E-Pace. Isso foi rapidamente percebido quando saímos com o carro rumo ao “rali das 1.000 curvas” particular da Jaguar. O carro é silencioso. Mas o motor é forte. A bordo do E-Pace P300 (que estará disponível no Brasil somente em uma versão), o motorista conduz, mas não tem aquela sensação de estar carregando o carro nas costas. Isso era coisa para os soldados napoleônicos do final do século XVIII e início do século XIX.

Ao volante do Jaguar E-Pace, o motorista tem controle total do carro por meio do Configurable Dynamics, que oferece configurações individuais de aceleração, trocas de marcha e respostas ao volante de direção. O sistema Adaptive Dynamics (disponível na versão topo de linha) tem sensores que monitoram de forma constante o comportamento do veículo e configuram automaticamente os amortecedores e o sistema de suspensão como um todo. O resultado é um carro fácil de guiar, rápido e seguro.

A velha carroça de Domaine de Murtoli e os porcos da estância A Pignata mostram como a Córsega mantém viva a tradição da vida rural e da culinária à base suína

O E-Pace é o primeiro Jaguar equipado com o sistema Active Driveline, aliado à tração nas quatro rodas. Essa tecnologia atua em situações difíceis. Para manter seu apelo esportivo, o E-Pace funciona a maior parte do tempo com tração traseira, mas o Active Driveline aciona automaticamente a tração nas quatro rodas em apenas 300 milissegundos quando o piso exige o modo AWD. Nesse caso, as duas embreagens traseiras são totalmente bloqueadas para oferecer o mesmo efeito que o bloqueio traseiro do diferencial, melhorando a estabilidade. Num teste realizado em circuito fechado, de terra, pudemos ver como o sistema de vetorização do torque trabalha a favor da trajetória, tirando até um pouco da graça da condução extrema fora da estrada. De qualquer forma, apesar da pegada esportiva, trata-se de um SUV. Poucos o levarão ao limite.

Outro ponto alto do carro é a conectividade. Durante todo o período em que rodamos na Córsega, mesmo nos lugares mais inóspitos, nunca ficamos sem contato, pois o carro tinha seu próprio sistema de wi-fi. A tela tátil multimídia é muito bem posicionada e tem 10”, capaz de conectar os aplicativos favoritos de cada família. São quatro pontos de carga de 12 volts e cinco saídas USB. O conforto também é grande. Devido à saliência do teto, a queda traseira da carroceria não atrapalha a cabeça das pessoas que sentam atrás (a menos que seja alguém muito alto), pois o arco em cupê está na lateral, mas não no teto. Uma solução genial. O porta-malas comporta 577 litros, o que é raro em SUVs dessa categoria. Isso foi possível devido à suspensão integral-link, que é bastante compacta, além de muito eficiente.

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Se o “rali das 1.000 curvas” original ocorre no norte da Córsega, o percurso escolhido pela Jaguar ficou mais ao sul da ilha. Afinal, é lá que ficam as aprazíveis Domaine de Murtoli (uma estância rural belíssima e elegante), A Pignata (especialista na rústica cozinha da ilha), Porto Vecchio (uma tranquila baía mais perto da Itália do que da França), o Hotel Casadelmar (todo rico deveria conhecer) e Bonifacio (uma linda cidade medieval). Mas nada se compara à estradinha que corta as montanhas do centro da ilha, rodeada por samambaias cultuadas pelos nativos e pelas altas árvores de raízes complexas.

O E-Pace também traz vários equipamentos de segurança e auxílio ao motorista, como frenagem autônoma de emergência e detecção de tráfego lento à frente, muito útil em situações de curva e baixa visibilidade. Outro item é o auxílio em manobras de estacionamento. O novo SUV inglês é o primeiro Jaguar equipado com a nova geração do head-up display – sua vantagem é projetar no para-brisa 66% mais informações em comparação com a geração anterior, com a utilização de cores vivas, de fácil leitura.

Bonifácio (à esq.), uma linda cidade medieval, e Porto Vecchio (à dir.), um elegante balneário mais perto da Itália do que da França, são destinos de turismo na Córsega

Dessa forma, o motorista tem no para-brisa até mesmo o limite de velocidade do trecho em que está passando. Para além disso, o E-Pace tem um quadro de instrumentos totalmente digital de 12,3”. Para quem gosta de luxo máximo, o carro oferece até uma pulseira à prova d’água e de choques que permite trancá-lo com a chave dentro – uma situação ideal para quem aprecia esportes ao ar livre, mas não quer carregar a chave do veículo.
A pulseira faz a função da chave e só ela pode destravá-lo, mesmo que os vidros sejam quebrados.

O Jaguar E-Pace chega ao Brasil em abril nas seguintes versões: P250 de entrada (R$ 222.300), P250 R-Dynamic S (R$ 246.750), P250 First Edition (R$ 275.900) e P300 R-Dynamic SE (R$ 278.080). Os motores são da família Ingenium Turbo acoplados à caixa de câmbio ZF de nove marchas. A versão First Edition está limitada em 45 unidades. O E-Pace P250 vai de 0-100 km/h em 7 segundos e atinge 230 km/h de velocidade máxima. Já o P300 acelera em 6,4 segundos e chega a 243 km/h. Qualquer dessas versões deixaria Napoleão Bonaparte orgulhoso e confiante para vencer a guerra dos SUVs europeus.


Ficha técnica

Jaguar E-Pace 2.0 P250 R-Dynamic

Preço básico (P250): R$ R$ 222.300
Carro avaliado (P300): R$ 278.080
Motor: 4 cilindros em linha 2.0, 16V
Cilindrada: 1998 cm³
Combustível: gasolina
Potência: 249 cv a 5.500 rpm
Torque: 37,2 kgfm de 1.200 a 4.500 rpm
Câmbio: automático sequencial, nove marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e integral multi-link (t)
Freios: disco ventilado (d) e disco (t)
Tração: integral AWD
Dimensões: 4,395 m (c), 1,984 m (l) com retrovisores rebatidos, 1,649 m (a)
Entre-eixos: 2,681 m
Pneus: 235/55 R19
Porta-malas: 577 litros
Tanque: 68,5 litros
Peso: 1.832 kg
0-100 km/h: 7s0
Velocidade máxima: 230 km/h
Consumo: não divulgado
Emissão de CO²: sem dados
Nota do Inmetro: ainda não foi lançado