03/05/2022 - 8:00
Aqui estamos, ao volante de um carro novo de verdade, que abre portas e janelas para um futuro até então só imaginado. Estou falando de um monstro elétrico com quatro motores que, entre uma curva e outra, não acelera, mas dispara em uma pura explosão de potência: é o Pininfarina Battista em seu modo de condução mais extremo, chamado de “Furiosa” (em italiano, carros são do gênero feminino).
O potencial dos (mais de) 1.900 cv que você tem sob o pé direito é surpreendente, mortal em sua absurda potência de alta tensão. Para comparação, o “lendário” Tesla Model S Plaid tem “só” 1.034 cv.
O botão para selecionar modos de condução fica na porta. Os gráficos do sistema multimídia são claros. O interior da cabine é de alfaiataria
Só não estou completamente surpreso porque os cerca de 2.000 cv do Aspark Owl, a combustão, que testei há alguns meses, me prepararam para um carro como esse – fazendo-me questionar, ainda assim, os novos papéis da condução ou usabilidade de carros como estes.
Superesportivos elétricos são um novo mundo, capaz de constranger e abalar certezas acumuladas em 135 anos de honrada história dos carros com motores de combustão interna.
Desempenho absurdo
O CEO da Automobili Pininfarina, Per Svantesson, nos fala abertamente de “novas fronteiras do luxo e da sustentabilidade”. E não há como culpá-lo, pois a fabricação dos modelos que saem do atelier Cambiano, na região italiana da Toscana, é inatacável – e o desempenho deles, verdadeiro hino às enormes oportunidades oferecidas pela neocultura automotiva de emissão zero.
Para resumir a história, o Battista impressiona: são menos de dois segundos para chegar a 100 km/h e menos de 12 para atingir absurdos 300 km/h!
Os passageiros que vai transportar devem estar plenamente cientes dos picos absolutos dos quais este hipercarro é capaz, se não quiser deixá-los enjoados! Pessoalmente, sinto que vamos nos acostumar com desempenhos como este: de fato, é fácil prever que muitos fabricantes, mais cedo ou mais tarde, acabarão fabricando carros similares.
Não precisaremos de motoristas acostumados a eles, mas de um plano de negócios adequado para vender tal tecnologia. Acompanhando meus primeiros quilômetros ao volante doPininfarina Battista está o ex-piloto de F1 Nick Heidfeld, agora no Fórmula E da indiana Mahindra (que hoje detém 100% da Automobili Pininfarina) e também piloto de testes do hipercarro.
Enquanto Heidfeld está ao volante, ele me revela que o Battista é “mais lento do que um Fórmula E: digamos que, nas retas, o desempenho fica mais próximo do visto em um F1”. Ele dirige usando toda a pista e gerenciando decisivamente o peso do carro, cerca de 2.200 quilos, que é forçado a acomodar nas curvas.
As acelerações longitudinais são mais fortes do que as laterais porque, especialmente em uma pista, o risco é acabar com um conjuntos de pneus em poucas voltas – e também com uma recarga, que, na estrada, teoricamente garante cerca de 500 quilômetros de autonomia.
Personalidade sob demanda
O Battista tem quatro motores elétricos – um por roda, garantindo tração integral e somando os tais 1.904 cv ou 1.400 kW, abastecidos pela bateria de 120 kWh.
Aparte eletrônica e a carroceria vêm de um acordo com o fabricante croata Rimac; todo o resto é modificado e remodelado seguindo o instinto que o engenheiro Paolo Dellachà, chefe de produção e projeto, queria que este Pininfarina tivesse.
E são instintos múltiplos, pois as quatro configurações disponíveis alteram bem a condução e a dirigibilidade deste superesportivo.
A potência vai de 300 kW no modo Calma (408 cv, 1.180 Nm) a 1.400 kW no Furiosa (1.904 cv e 2.360 Nm – ou 241 kgfm), passando pelos 745 kW (1.013 cv, 1.416 Nm) do Pura e os 1.000 kW (1.360 cv, 1.888 Nm) do Energica. Na verdade, há também um quinto modo, Carattere, no qual cada parâmetro do carro pode ser ajustado conforme as preferências do motorista.
O prazer de guiar o Battista entre as curvas de qualquer estrada no modo Pura – portanto, não o mais extremo, mas certamente o mais adequado para aproveitar ao máximo a docilidade e a “redondeza” de sua afinação – não tem preço.
De qualquer forma, seja qual for o cenário escolhido, este Pininfarina sempre entrega sensações de agilidade e leveza. Na pista, fiquei impressionado com a rapidez da resposta ao acelerador no meio das curvas: o peso do carro não pode ser escondido, é verdade, mas, ainda assim, ele continua sendo incrivelmente fácil de controlar.
Dentro da cabine, destacam-se os monitores voltados para o motorista: uma solução mais espetacular do que útil, já que a visão das telas fica sempre escondida pelo volante. Mas estamos em um hipercarro, então há espaço para experimentação e para simplesmente “fazer cena”.
Por outro lado, a pequena tela acima da coluna de direção é bonita e funcional: contém, em gráficos simples e precisos (como o do resto do sistema multimídia e de informações) tudo o que você precisa saber sobre bateria, velocidade, alcance e regeneração de frenagem.
Duas manoplas de alumínio permitem selecionar o modo de condução (curiosamente, elas ficam na porta do motorista) e interagir com o seletor de marchas acima do túnel central.
Interessado? Corra, pois serão produzidas apenas 150 unidades do Battista, todas elas totalmente personalizáveis, a um preço superior a € 2,4 milhões (R$ 14 milhões em conversão direta).
A assistência será fornecida tanto por um sistema OTA (a parte do software) quanto pelos revendedores (manutenção de rotina). E um mecânico estará sempre disponível para voar (literalmente) e socorrer o cliente: um serviço adaptado ao preço do ingresso.
Chegará ao Brasil? Muito pouco provável, talvez apenas por importadoras independentes.
O futuro: o segundo modelo está quase pronto
Se o Battista, cartão de visita da Automobili Pininfarina, é uma hipérbole, o segundo capítulo da história, que chega em 2023, deve retirar a marca do ambiente semiartesanal e entregar a produção a um pequeno fabricante industrial.
E será confiado a um veículo (que nosso ilustrador imaginou na projeção ao lado) muito mais “normal”, por assim dizer, em termos de volumes e posicionamento de preço. Para começar, terá a carroceria alta, para se encaixar na categoria de SUV-cupês, a mais popular do momento.
Isso não quer dizer que ele não será exclusivo – terá o Aston Martin DBX e o Lamborghini Urus na sua mira, por assim dizer –, refinado em design e com alto desempenho. Para a produção dos motores e da bateria, porém, os planos incluem uma fábrica “verdadeira”.
Ainda não foi comunicado em que localização exata ela nascerá, mas certamente será em solo italiano.
Pininfarina Battista
Preço básico (Europa) R$ 14.000.000
Carro avaliado (Europa) R$ 14.000.000
Motores: elétricos com imãs permanentes (síncronos), dois dianteiros e dois traseiros
Combustível: a bateria
Potência: 1.904 cv
Torque: 2.360 Nm
Câmbio: caixa redutora com relação fixa, uma marcha à frente e uma à ré
Direção: elétrica
Suspensões: dados não divulgados
Freios: dados não divulgados
Tração: integral
Dimensões: 4,91 m (c), 2,24 m (l), 1,21 m (a)
Entre-eixos: 2,75 m
Pneus: dados não divulgados
Porta-malas: dados não divulgados
Bateria: íons de lítio, 120 kWh
Peso: 2.200 kg (aproximado)
0-100 km/h: menos de 2s
0-300 km/h: 12s
Velocidade máxima: 350 km/h
Consumo: dados não divulgados
Autonomia: mais de 500 km
Recarga: até 250 kW
Nota do Inmetro: C*
Classificação na categoria: C*
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