Renault Duster 1.0? Quando o SUV chegou ao mercado em 2010 na Europa (como Dacia, a marca original) e em 2011 no Brasil, foi um sucesso. Isso porque incorporou uma nova (e de certa forma inesperada) maneira de entender um SUV. Espartano, sem frescura, de baixo custo. Não é fácil convencer os motoristas, mas, nestes anos, o Duster conseguiu.

Nascido da base do Logan, outro fenômeno de vendas da Dacia/Renault, chegou a ser o utilitário esportivo mais vendido do Brasil em 2012, quando ele e Ford EcoSport tinham um terço do mercado, e vice em 2013 e 2014 (depois chegaram Jeep Renegade, Honda HR-V e Nissan Kicks, complicando sua vida). Desde então, ganhou um facelift e o irmão Captur, com a mesma base, mas com design que mira outro público.

A segunda geração chegou agora ao Brasil com muitas mudanças – leia aqui a avaliação –, mas ficou devendo novas mecânicas. O motor 2.0 foi aposentado, assim como a versão 4×4, que infelizmente ninguém comprava. Só com o motor 1.6, câmbio CVT e tração 4×2, ele ficou mais urbano. E devendo uma mecânica mais forte para peitar rivais turbinados como Chevrolet Tracker e VW T-Cross.

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POUCOS CAVALOS, MUITA HONRA

O (Dacia) Renault Duster 1.0 turbo que testamos na Europa aposenta o 1.6 por lá, enquanto o 1.3 turbo foi adotado lá no lugar do extinto 2.0 (e já está em testes no Brasil, onde chega muito em breve, provavelmente com 150 cv). Com 101 cv, o Duster 1.0 é menos potente do que o antigo 1.6 (até 120 cv com etanol), porém tem praticamente o mesmo torque: 16,3 kgfm, ante 16,2 do 1.6 – e, como todo motor turbo, tem pico de força mais cedo, a 2.750 rpm (4.000 no 1.6).

Nascido da aliança entre Renault, Nissan e Mitsubishi (leia mais aqui abaixo), esse motor do Duster 1.0 europeu certamente é mais econômico que nosso atual 1.6, principalmente na cidade, onde fez incríveis 14 km/l em nossos testes (o nacional faz 10,7 km/l, segundo o Inmetro). Com três cilindros, ele estará também nos novos Logan, Captur e Sandero (leia aqui como ficará a nova geração). 

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O Duster 1.0 provou ser “de outro planeta” comparado ao 1.6 aspirado que a Dacia está aposentando (e que a Renault deve aposentar aqui em um ou dois anos). Não tanto do ponto de vista do desempenho absoluto – em nossos testes o Duster 1.0 acelerou de 0-100 km/h em 12,5 segundos, praticamente o mesmo do 1.6 aspirado, então, neste caso, o 1.3 será o motor mais indicado –, mas para quem busca diversão ao volante.

Na verdade, basta superar as 2.000 rpm para o novo Duster 1.0 mostrar uma boa desenvoltura, com a sobrealimentação que ajuda muito (sempre de modo sutil) nas saídas. Se o motor 1.6 exige pisar fundo no pedal para ter acelerações com certo brilho, o “mil” trabalha mais na parte inferior do tacômetro. Obviamente, se você estiver com pressa, precisará trabalhar bem com a caixa de câmbio, porque as retomadas não são realmente um dos pontos fortes dos três cilindros. E se o câmbio manual deste Duster 1.0 tem engates um pouco pesados, a embreagem nunca cansa a panturrilha esquerda, mesmo em trânsito pesado, semáforos e cruzamentos. 

ALÉM DA CIDADE

Na estrada, o quadro geral permanece do Duster 1.0 é positivo: o três cilindros não prejudicou as boas qualidades do SUV na estrada, que só fica devendo no isolamento acústico da cabine: andando a 130 km/h, os ruídos de rodagem dos pneus e aerodinâmico fazem companhia aos passageiros. E marcou ótimos 15,4 km/l (o 1.6 nacional faz só 11,1 km/l, segundo o Inmetro).

No mais, o Duster 1.0 europeu é praticamente igual ao nosso, com as mesmas qualidades (espaço, habitabilidade, robustez) e os mesmos defeitos (menos refinamento, acabamento). Leia a avaliação completa do novo Renault Duster 1.6 nacional aqui.

O MOTOR DA ALIANÇA

O Duster 1.0 tem um três litros com injeção indireta. O turbo é conectado ao coletor de escape integrado na cabeça do cilindro e equipado com válvula de alívio operada eletricamente

Este Duster 1.0 tem o novo motor três litros da aliança Renault Nissan-Mitsubishi: uma unidade moderna, com diversas variantes com diferentes características técnicas e níveis de potência. Esta versão avaliada é a mais simples, com variador de fase apenas na admissão e sem injeção direta. No entanto, tem várias peculiaridades em comum com as outras versões: o revestimento dos cilindros por spray Bore, que deposita uma fina camada de ferro fundido com um acabamento espelhado para reduzir o peso e o atrito. O coletor de escape integrado na cabeça para otimizar o funcionamento do turbo. Tem ainda correia de distribuição (que não requer manutenção) e válvula de alívio operada eletricamente, que permite maior precisão de controle da sobrealimentação. O novo 1.0 reduz consumo e emissões de CO2 em 15% em comparação com o 1.6 quatro cilindros de até 120 cv.

FICHA TÉCNICA

Motor: três cilindros em linha 1.0, 12V, turbo Cilindrada: 999 cm3 Combustível: gasolina Potência: 101 cv a 5.000 rpm Torque: 16,3 kgfm a 2.750 Câmbio: manual, cinco marchas Direção: elétrica Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t) Freios: disco ventilado (d) e tambor (t) Tração: dianteira Dimensões: 4,376 m (c), 1,832 m (l), 1,693 m (a) Entre-eixos: 2,673 m Pneus: 215/60 R17 Porta-malas: 475 litros Tanque: 50 litros Peso: 1.264 kg 0-100 km/h: 12s5 (QRT) Velocidade máxima: 165 km/h (QRT) Consumo cidade: 14 km/l Consumo estrada: 15,4 km/l Emissão CO2 127 g/km