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Uma das estrelas da Fiat no Salão do Automóvel de São Paulo foi o 500X, crossover-SUV feito sobre a mesma base do Jeep Renegade desde 2016 que, como já apontamos aqui antes, tem enorme potencial para ser vendido no mercado brasileiro – mas por decisão do ex-presidente da FCA no Brasil, Stefan Ketter, nunca foi vendido aqui pra não atrapalhar os planos de implantação da marca Jeep no Brasil, com fábrica e tudo. Agora, com a FCA sob nova chefia, o modelo volta a ser avaliado para dar fôlego à linha Fiat nacional, que foi modernizada, sim, mas também reduzida. Poderia ser inicialmente importado da Itália e, dependendo do sucesso, até feito em Pernambuco, junto com o Jeep e outro companheiro de plataforma já fabricado lá, a picape Fiat Toro.

Para cá, o Fiat 500X viria já na versão reestilizada avaliada, a mesma exibida no Salão 2018, que chega agora à Europa e marca a estreia da Fiat dos motores Firefly turbo, derivados dos que já são feitos no Brasil e que já chegaram ao Jeep Renegade europeu (mas não ao nacional). Ambiciosos, aposentam os MultiAir e devem ser protagonistas no futuro processo de eletrificação da marca. Os novos motores 3 cilindros 1.0 de 120 cv e 4 cilindros 1.3 de 150 cv são potentes para as cilindradas, perfeitos no uso urbano, com bom desempenho e consumo contido. O 500X, que segue com plataforma e mecânica do Renegade, ainda ganhou muita tecnologia – poderia ser um diferencial.

Avaliamos o SUV com o motor “mil” e transmissão manual de seis velocidades, versão de entrada urbana com boa oferta de opcionais, como inéditos faróis full-LED (primeiro Fiat) e recursos como assistente de manutenção de faixa (o Renegade nacional já tem). E também na topo de linha Cross, com motor 1.3 e câmbio automatizado de dupla embreagem e seis velocidades, um conjunto particularmente adequado à personalidade do carro.

O espaço é mais que suficiente para viajar em quatro com facilidade notável. Em cinco, quem viaja no banco traseiro precisa se sacrificar um pouco, mas sobra espaço para as pernas. Dirigir o 500X, com qualquer motor, sempre foi muito agradável: elegante e moderno por dentro (agora com instrumentação mais legível), o crossover feito na Itália aproveita a altura elevada do assento para garantir ao motorista uma posição de domínio, com ótima visão da estrada (menos para os cantos do pára-brisa, devido às colunas largas). Um carro reconfortante, que freia bem e se mostra ao mesmo tempo sólido e refinado.

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As vocações do Fiat 500X são múltiplas: na cidade é um carro ágil e bem desenvolto no trânsito, mas mesmo nas viagens longas é confortável, graças também às novidades. A começar pelo equilíbrio perfeito dos motores Firefly no uso cotidiano. O 1.0 tem vivacidade incomum para um 3 cilindros, além de ser silencioso, suave e responder sempre com prontidão, enquanto o câmbio manual tem engates precisos: trocar de marcha não cansa; pelo contrário, é um prazer. Como o Renegade, o 500X é pesado, e com 4,26 m, não é exatamente um city-car (carro urbano).

O desempenho do novo 1.0 fica em linha com o do antigo 1.4 MultiAir de 140 cv: o novo é menos rápido na aceleração (0-100 km/h em 1s5 a mais), e surpreendentente na máxima (190 km/h), mas suas retomadas ainda são um tanto lentas. Quanto ao consumo, o 500X 1.0 marcou 11,5 km/l na cidade e 14,1 na estrada – números que não impressionam, prejudicados pela relação cilindrada/peso. Só mais uma prova de que o motor maior é mais adequado ao modelo: o 500X 1.3 gastou menos na cidade e na estrada (12,5 e 15,2 km/l, respectivamente) e ainda garante 0-100 km/h em menos de 10 segundos e retomadas mais vigorosas. Certamente deixa o carro bem mais equilibrado. Mas o câmbio de dupla embreagem, apesar de ser geralmente fluido nas trocas de marcha, sofre de eventuais indecisões que pedem uma atualização.

Em suma, os Firefly abrem uma nova era e são mais adequados às qualidades do 500X. Se não o tornam um SUV esportivo, fazem dele um carro brilhante e desenvolto: ideal para situações cotidianas nas cidades esburacadas, mas também para estradas e viagens mais longas.


Ele se adapta ao limite

Os pacotes do 500X destacam os sistemas de assistência ao motorista. Na Europa, todos vêm de série com lane keeping, o leitor de placas e o Speed Advisor, que adapta automaticamente a velocidade às placas “lidas” pelo carro: basta aceitar a mudança no volante. Nas versões mais caras, o pacote de segurança ativa é opcional, com controle de cruzeiro adaptativo (ACC), alerta de ponto-cego e frenagem de emergência automática.


Muito mais que uma turbina

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Os novos Firefly Turbo de 3 e 4 cilindros foram projetados com medidas básicas (entre-eixos, diâmetro e curso) dos motores aspirados homônimos lançados no Brasil há dois anos, a fim de produzi-los nas mesmas linhas, mas têm características técnicas peculiares, além da sobrealimentação. A distribuição é mais sofisticada, pois, além de multiválvulas, tem o sistema MultiAir de terceira geração – o controle eletro-hidráulico das válvulas criado pela Fiat, que permite administrá-las de forma eficiente. É possível ajustar o torque para melhorar o desempenho em cargas baixas e médias. Além disso, pode-se calibrar à vontade a recirculação interna dos gases de escape para evitar detonação (risco sempre presente em motores turbo de alto desempenho) sem recorrer ao enriquecimento da mistura para resfriar as câmaras de combustão – que implicaria em piora no consumo e emissões (no Brasil ainda há a complicada tarefa de torná-lo flex em caso de nacionalização).

Com o MultiAir, retarda-se o fechamento das válvulas de admissão e, portanto, se reduz a taxa de compressão efetiva, enquanto a estequiométrica (10,5:1) é alta, para ótimo desempenho em cargas menores. Entre as particularidades está a construção inteiramente em liga leve com estrutura adicional sob a base para aumentar a rigidez. O turbo com válvula wastegate e comando elétrico combinado ao intercooler integrado no coletor de admissão e resfriado a água, de modo a aumentar a eficiência e melhorar a resposta aos comandos do acelerador. Há ainda injeção direta e comando livre de manutenção durante toda a vida do motor. São produzidos na fábrica polonesa de Bielsko-Biala e enviados a Melfi, onde o 500X e o Renegade são montados.


Fichas técnica:

Fiat 500X 1.0

Preço básico (EST/BR): R$ 79.990
Motor: 3 cilindros em linha 1.0, 12V, comando continuamente variável de tempo e abertura, injeção direta, turbo
Cilindrada: 999 cm³
Combustível: gasolina
Potência: 120 cv a 5.750 rpm
Torque: 19,3 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: manual, seis marchas
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d/t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,26 m (c), 1,80 m (l), 1,60 m (a)
Entre-eixos: 2,570 m
Pneus: 225/45 R18
Porta-malas: 350 litros
Tanque: 48 litros
Peso: 1.395 kg
0-100 km/h: 11s6 (Quattroruote)
Velocidade máxima: 190 km/h
Consumo cidade: 11,5 km/l (Quattroruote)
Consumo estrada: 14,1 km/l (Quattroruote)
Nota Inmetro: B (estimada)

Fiat 500X 1.3 (diferenças)

Carro avaliado (1.3/est.): R$ 109.990
Motor: 4 cilindros em linha 1.3, 16V, comando continuamente variável de tempo e abertura, injeção direta, turbo
Cilindrada: 1332 cm³
Combustível: gasolina
Potência: 150 cv a 5.250 rpm
Torque: 27,5 kgfm a 1.850 rpm
Câmbio: automatizado, dupla embreagem, seis marchas
0-100 km/h: 9s4
Velocidade máxima: 203 km/h
Consumo cidade: 12,5 km/l (Quattroruote)
Consumo estrada: 15,2 km/l (Quattroruote)
Nota Inmetro: A (estimada)