24/08/2021 - 8:00
Este Fiat Argo Drive 1.0 com pacote “série S-Design Tech” é o tipo de carro que só aparece na frota de carros para teste da imprensa. Recebi o modelo da linha 2022 para avaliar durante uma semana. O carro é bom, e, por isso mesmo, está disputando o título de mais vendido este ano, bem “na cola” do Hyundai HB20 (leia avaliação) – embora o resultado seja favorecido pela paralisação na produção do ótimo Chevrolet Onix (clique para ler a avaliação) por falta de componentes (que gerou anomalias no mercado). Gostei bastante dele, sim, como um 1.0 urbano bem completinho… até ir ao “Monte seu Carro” no site da marca e ver os preços.
FIAT ARGO 1.0 2022: PREÇOS E VERSÕES
Vamos às versões do Fiat Argo 2022. O Argo 1.0, sempre com o moderno motor três cilindros Firefly, parte de R$ 65.690 na versão mais básica, sem nem um rádio e com vidros traseiros e retrovisores elétricos opcionais (pacote de R$ 2.990), assim como rodas aro 15 (R$ 1.500) e controle de estabilidade com assistência em rampa (R$ 770). Com tudo isso, mas ainda sem rádio, o Argo 1,0 vai a R$ 70.940, só R$ 1.020 menos que a versão Drive com o controle de estabilidade, também opcional, adicionado – e este ainda soma a ótima central multimídia, ajuste de altura do banco do motorista, luz no porta-malas… E, já adianto aqui, é a versão que mais vale a pena com motor 1.0. Veja as fotos abaixo.
Agora, voltemos à versão com a qual passei a última semana. O Fiat Argo 1.0 Drive custa R$ 71.190, e, com o pacote “série S-Design Tech” (R$ 4.250), vai a R$ 75.440. E aí que está o seu grande problema: por R$ 76.690, ou apenas R$ 1.250 a mais, você pode comprar o Fiat Argo 1.3 S-Design, com exatamente os mesmos equipamentos, mas uma versão maior do mesmo motor Firefly, com um cilindro a mais. Já volto à mecânica, mas antes vamos falar do que esse pacote oferece.
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POPULAR-CHIC
Foi-se o tempo em que carros 1.0 eram todos pelados. Este Argo surpreende por não apenas adereços visuais – belas rodas (mas que raspam fácil), lanternas escurecidas, spoiler, frisos e retrovisores com cores e/ou acabamentos diferentes e exclusivos – mas também por ter retrovisores elétricos com tilt-down, chave presencial, ar-condicionado digital automático, luzes de leitura individuais… enfim, alguns itens que alguns carros bem mais caros não oferecem em suas versões básicas. Parece que a Fiat enfim entende que um carro popular compacto e econômico não precisa ser necessariamente um “carro de pobre”. O consumidor pode querer um carro que não gaste muito e não chame a atenção de ladrões para circular diariamente pela cidade, mas não quer abrir mão de itens de conforto e de conveniência. Seria um “popular-chic”. A questão, pontual e específica, é que, repito, no caso desta oferta da Fiat optar pela versão 1.3 S-Design não custa quase nada a mais.
MULTIMÍDIA: TAMANHO NÃO É DOCUMENTO
Embora não tenha Android Auto sem fio, algo que é especialmente conveniente em uma proposta mais urbana, a central multimídia agrada muito. Pode ter a tela considerada pequena (9”), mas isso não é documento: a central é mais fácil de usar do que muitas maiores por aí. Tem os essenciais atalhos físicos para volume e sintonia ou mudança de faixa, além de um botão “mudo” e um para apagar a tela. Para completar, tem comandos atrás do volante para ajuste de volume e mudança de faixas.
Falando nos botões do volante, mesmo a versão mais barata tem a telinha do meio do quadro de instrumentos, com funções de computador de bordo e outros dados do carro, controlada por quatro botões direcionais e um “OK” no meio, o que torna a operação fácil e muito intuitiva. Também é possível ver vários dados de consumo na tela multimídia.
Ainda falando da cabine, com 4 metros de comprimento, o espaço é bastante adequado para uma família com crianças pequenas. Já o porta-malas não é muito grande, mas, falando em um hatch compacto, os 300 litros merecem elogios.
GASOLINA A R$ 7
Voltando à questão mecânica, tudo bem, você pode este Argo 1.0 pela economia de combustível. Afinal, com a gasolina já chegando a R$7 em alguns estados, o motor Firefly, moderno e extremamente econômico, é muito bem-vindo. Segundo o PBEV do Inmetro, o consumo do Argo Drive 1.0 é, na cidade, de surpreendentes 14,2 km/l (gasolina) e 9,9 km/l (etanol); e, na estrada, de ainda ótimos 15,1 km/l (gasolina) e 10,7 km/l. Mas o motor 1.3 é da mesma família, com um cilindro extra (totalizando quatro) e garante marcas de consumo de ainda ótimos 12,9 km/l (gasolina) e 9,2 km/l (etanol) na cidade e 14,3 km/l (gasolina) e 10,2 km/l (etanol) na estrada. Em termos de consumo absoluto, portanto, o 1.0 tem, sim, uma vantagem, por menor que seja.
Se você só roda em meio ao trânsito caótico da cidade, o Argo 1.0 de até 77 cv é ágil o suficiente para o cotidiano. Aliás, surpreendentemente ágil, graças ao bom torque de até 10,9 kgfm a razoáveis 3.500 rpm. E o câmbio tem engates macios e relação da primeira marcha bem reduzida, permitindo até sair de segunda em algumas situações. Nos testes práticos, o consumo foi até melhor que o do Inmetro: com etanol no tanque e a ajuda do conveniente indicador de troca de marchas, fiz médias de quase 12 km/l na cidade – mas, na estrada, por outro lado, registrei a mesma marca. Isso porque circulei por estradas com limites de 120 km/h, quando falta uma sexta marcha (muitos rivais têm) e o conta-giros beira 4.000 rpm (com surpreendente silêncio na cabine). Andando mais perto de 90 km/h, fiquei mais próximo dos dados oficiais.
Além de ter mostrado consumo rodoviário não tão bom, o Argo 1.0 sofreu um pouco para manter os 120 km/h nas longas subidas da Rodovia dos Bandeirantes. E, em esticadas de marcha e acelerações de saída do pedágio, por exemplo, a vibração e o ruído do motor três cilindros se fizeram bem mais presentes. Mas, se é o caso de pegar mais estrada, ou mesmo que não seja, o motor 1.3 resolve esses problemas de ruído e desempenho. Gasta um pouquinho mais, é verdade, principalmente na cidade, mas tem até 109 cv e 14,2 kgfm na mesma rotação, garantindo um desempenho bem mais digno: no 0-100 km/h, por exemplo, são 10,8 segundos contra 13,4 (ambos com etanol).
No mais, os retrovisores enormes garantem boa visibilidade, freio e direção são bem calibrados e as suspensões agradam por serem tipicamente Fiat: bastante macias, passam sensação de robustez e não pregam sustos em curvas, embora os modelos da marca não sejam referência em comportamento dinâmico.
CONCLUSÃO: FIQUE COM O ARGO FIAT 1.0 DRIVE “BÁSICO” OU PREFIRA O 1.3
Como já adiantei, não acho que valha a pena comprar um Fiat Argo 1.0 Drive com esse pacote “série S-Design Tech”. Ou compra-se o 1.0 Drive só com ESP ou parte-se logo para o 1.3 S-Design, um carro surpreendentemente agradável de guiar. Mas não deixe de comparar também com os concorrentes: principalmente o Chevrolet Onix e o Hyundai HB20 – ambos com motores 1.0 aspirados ou turbinados, dependendo do valor.
FICHA TÉCNICA
FIAT ARGO
Preço básico: R$ 65.690
Carro avaliado: R$ 75.440
Fiat Argo Drive 1.0
Motor: três cilindros em linha 1.0, 6V, variador de fase
Cilindrada: 999 cm³
Combustível: flex
Potência: 72 cv a 6.000 rpm (g) e 77 cv a 6.250 rpm (e)
Torque: 10,4 kgfm (g) e 10,9 kgfm (e) a 3.500
Câmbio: manual, cinco marchas
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 3,998 m (c), 1,724 m (l), 1,503 m (a)
Entre-eixos: 2,521 m
Pneus: 175/65 R14 (S-Design: 185/60 R15)
Porta-malas: 300 litros
Tanque: 48 litros
Peso: 1.077 kg
0-100 km/h: 14s4 (g) e 13s4 (e)
Velocidade máxima: 157 km/h (g) e 162 km/h (e)
Consumo cidade: 14,2 km/l (g) e 9,9 km/l (e)
Consumo estrada: 15,1 km/l (g) e 10,7 km/l (e)
Emissão de CO2: 96 g/km
Nota no Inmetro: A
Classificação na categoria: A (Compacto)
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