28/07/2025 - 6:00
É difícil acertar uma reestilização de meia-vida de um carro. Especialmente nos casos em que o que muda segue uma linha de design diferente do que já existia, como aconteceu no Cronos 2026: ele estreou uma dianteira remodelada com faróis, grade e parachoque renovados, sempre com traços mais planos, limpos e quadrados. Só que, no restante, o sedan compacto tem visual arredondado e “cheinho”.
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Cronos 2026: ficou bom! E mais barato…
Mas, não é que ficou bom? A Fiat acertou no “enxerto” dessa nova dianteira, e todo o conjunto ficou harmônico, com ajuda valiosa do novo (e belíssimo) jogo de rodas diamantadas aro 16, além de traços inéditos no parachoque traseiro. Para muitos, como eu, essa versão Precision 2026 é a configuração mais bonita do Cronos desde sua estreia em 2018. Versão topo de linha, ela sai por R$ 119.000, e foi a única que ficou mais barata. Até a linha 2025, custava R$ 119.990. Pouco, mas baixou…
No que o Cronos 2026 evoluiu?
E, ainda assim, ganhou mais equipamentos. Agora totalmente em LED, os faróis são novos, e melhoraram bastante a iluminação do carro a noite. Junto deles, DRLs, luzes de seta e até faróis de neblina, tudo em LED, que ajudaram no visual mais elaborado do sedan. A multimídia continua com 7”, só que agora tem novo layout e conexões sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. Ficou melhor.
Só que, o que mais fez diferença na vida a bordo, até mais que os novos faróis em LED, são os bancos dianteiros. Os que ele tinha antes, emprestados do Argo, eram confortáveis, só que pequenos e estreitos, com ergonomia razoável e nada muito além. Agora, o Cronos Precision passa a compartilhar esses componentes com os SUVs Pulse e Fastback.
O que isso significa? Esses novos bancos da frente são maiores, com abas laterais mais pronunciadas, acabamento mais refinado e bonito, além de melhorarem muito o conforto de quem dirige. Não cansam mais nas longas viagens, por exemplo. De quebra, eles acomodam airbags laterais, e agora o sedan passa a ter quatro de série na versão topo de linha. Um enorme avanço, em que pese a ausência do ajuste de profundidade do volante, limitação que ainda faz falta no modelo.

Como anda o Cronos 2026?
Mais bonito, equipado e bom de guiar, o Cronos 2026 não mudou no que não precisava, basicamente. Isso inclui o competente motor 1.3 Firefly de quatro cilindros em linha: ele é simples na concepção, e dispensa injeção direta, duplo comando de válvulas, variadores de fase, e só tem duas válvulas por cilindro, tudo em prol de uma manutenção mais fácil e barata. Entrega seus 98/107 cv de potência com 13,2/13,7 mkgf de torque, e rende consideravelmente bem.
Na realidade, no Cronos, esse 1.3 tem que carregar os quilinhos a mais da carroceria sedan. Porém, com proposta mais urbana, se vira bem com as duas válvulas por cilindro, que justamente garantem mais agilidade nas baixas velocidades, em conjunto com um acelerador eletrônico bem sensível e programação para boa entrega de força nas menores rotações. O pico de torque vem lá em cima, depois dos 4.000 rpm, mas já entre 1.500 e 2.000 giros ele ganha velocidade sem demora.

O câmbio automático CVT de sete marchas simuladas não “patina” tanto, e, inclusive, é um dos que melhor imita sete engrenagens físicas. Girando sempre ao redor de 2 mil rpm, mantendo pé leve e queimando gasolina, esse powertrain surpreende pelo baixo consumo urbano: passa dos 14,0 km/l em determinadas situações, e sem muita dificuldade. Mesmo com etanol, o motor Firefly é econômico: chega a 12 km/l.

Claro, há limitações. Sem turbo, esse Cronos exige maiores rotações para ganhar velocidade na estrada, especialmente com dois ou mais ocupantes a bordo. É a desvantagem das oito válvulas, ao invés das dezesseis, que permitem melhor respiração do motor nas altas velocidades (melhorando o rendimento na estrada). Nesse caso, ele entrega seu máximo na faixa de torque total, acima do 3.500 rpm, aí sim fazendo o sedan desenvolver com mais vida no fluxo rodoviário.
Inclusive, honrosa menção a opção do modo Sport de condução e opção de “trocas” manuais pela alavanca, que a Fiat manteve nesse powertrain do Cronos: o primeiro sobe o giro (em cerca de 1.000 rpm durante o uso) e deixa a transmissão CVT mais esperta, escorregando menos, para melhor performance. O segundo permite brincar entre passagens e reduções, coisa rara num câmbio desse tipo.

Economia é destaque no Cronos 1.3 CVT 2026
E o Cronos 1.3 CVT é pão-duro até mesmo na estrada: mantendo velocidades baixas, sem abusar, consegue ir além dos 18,0 km/l de gasolina sem muitas dificuldades. Com etanol, passa dos 14 km/l. Mesmo num estilo de condução mais apressado, apelando pra maiores rotações, trocas manuais e modo Sport ativado o tempo todo, ainda fechou uma viagem de 90 km de rodovia com média de 15,6 km/l, rodando a 120 km/h, pelo menos. O marcador de combustível foi prova real. Danado!
Como vantagem dessa versão mais cara avaliada, há um capricho nitidamente maior nos materiais fonoabsorventes da cabine. O 1.3, mesmo gritando alto, não incomoda os ocupantes, enquanto o CVT trabalha de forma tão suave e silenciosa, que é praticamente imperceptível. Nas versões mais baratas, porém, ouve-se mais dos dois.
O bom e velho Cronos…

No mais, é o bom e velho Cronos. Tem um enorme porta-malas, que cabe o pequeno, o médio e o grande nos 525 litros declarados. Na cabine, apesar do entre-eixos pequeno (2,53 m), há um ótimo aproveitamento de espaço, que garante folga a bordo até para quem vai no banco traseiro. Esses bancos dianteiros novos, maiores, tomaram só um pouquinho do espaço para as pernas de quem vai atrás. Ainda é bem folgado, mesmo para quem tem 1,85 m de altura ou mais.
Também é um carro comportado na dirigibilidade, com conforto de sobra. Macio na direção e suspensões, encara bem a buraqueira do nosso piso lunar, nem reclama nas maiores valetas, lombadas ou rampas. Não raspa parachoques, não bate assoalho, nem dá o chamado “fim de curso” das molas. Ele é bem abrasileirado, apesar da produção argentina. Tal qual seu irmão hatch, o Argo, que é mineiro de Betim.
Para manobrar, tem direção elétrica extremamente leve, com ajuste direto. Na hora de fazer uma curva rápida, se comporta com segurança, sempre neutro e sem sustos. Também freia bem, apesar da simplicidade dos tambores traseiros. Aliás, o Cronos é dos mais simples na mecânica. É barato de manter, ao menos.

O que o Cronos oferece na versão Precision?
Essa configuração Precision só não tem assistentes inteligente de condução (ADAS), afinal isso elevaria muito seu preço final. Mas vem com retrovisor interno fotocrômico, bancos e volante em couro sintético (pode ser marrom ou preto), ar-condicionado digital automático, retrovisores com rebatimento elétrico e luzes de cortesia, conjunto óptico full LED, faróis com sensor crepuscular, limpadores com ativação automática (sensor de chuva), porta USB traseira, além das bonitas rodas aro 16 com acabamento diamantado, maçanetas e frisos laterais cromados.
Cronos Precision tem preço de Renegade. Mas…
Ok! Por esses R$ 120 mil dá para levar para casa um Fiat Fastback, ou mesmo um Jeep Renegade 1.3 turboflex, ambos maiores, mais modernos e com aspecto SUV que a maioria gosta. Só que esses luxos na lista de equipamentos, e esse estilo simpático de um sedan, só o Cronos tem…
