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Quem é rei nunca perde a majestade? Não é bem assim, pois há bastante tempo o EcoSport já não é mais o “bonzão” do segmento. Sua queda começou após a chegada do Renault Duster (mas este depois foi superado) e ficou pior com a entrada de Honda HR-V e Jeep Renegade. Depois, a chegada de Peugeot 2008, Nissan Kicks, Hyundai Creta, Renault Captur e Chevrolet Tracker dificultou mais ainda. Ex-líder imbatível do segmento, o EcoSport suportou essa concorrência acirrada até onde pode. Mas, de janeiro a maio deste ano, teve 10.914 unidades licenciadas, portanto atrás de Honda HR-V (19.160), Jeep Renegade (14.800), Hyundai Creta (13.805) e Nissan Kicks (10.759) e à frente de Chevrolet Tracker (3.870), Renault Duster (8.724) e Renault Captur (3.346). (Confira aqui as versões e equipamentos do EcoSport 2018).

Chegou a hora de o EcoSport tentar recuperar a sua coroa. Por isso, o crossover foi redesenhado e será vendido em mais de 140 países – a fábrica de Camaçari (BA) abastecerá os mercados sul-americanos. O exterior tem ares de Mini-Edge, com novos para-choques, capô elevado, grade trapezoidal, faróis de xenônio com DRL, luzes de neblina maiores, novas capas dos retrovisores e um friso cromado na lateral. As rodas são de 17”. Quanto ao polêmico estepe do lado de fora, que desapareceu em outros mercados, aqui no Brasil continua firme e forte, inconvenientemente fixado na tampa do porta-malas.

Por dentro, a cabine combina tons claros e cinza. Esse acabamento é exclusivo da versão topo de linha Titanium, por ser a menos aventureira da gama – nas demais configurações, o interior será escurecido. A cor champagne aparece na porção inferior do painel, nas laterais de portas, no teto e nos bancos em couro (não sintético), que estão maiores e mais confortáveis. Já quem viaja atrás dispõe de bom espaço para a cabeça e para as pernas. O requinte aparece nos materiais macios ao toque e nos detalhes em preto brilhante, prata fosco e cromados. No novo quadro de instrumentos há uma tela TFT de 4,2”.

Volante e comandos do ar-condicionado foram melhorados e uma nova (e bastante necessária) central multimídia possui tela flutuante de 8” sensível ao toque e o sistema Sync 3 oferece conectividade Apple CarPlay/Android Auto. O aúdio Sony Premium tem nove alto-falantes. Outro mimo é o teto solar elétrico. Como quem vê cara não vê coração, agora o EcoSport Titanium adotou o motor 2.0 Direct Flex, com injeção direta, da linha Focus. Esse propulsor traz bloco, cabeçote e cárter de alumínio e, no Eco, perdeu 2 cv, passando para 176 cv.

Mesmo assim, é uma cavalaria e tanto! Maior que a dos oponentes Honda HR-V 1.8 (140 cv), Hyundai Creta 2.0 (166 cv), Jeep Renegade 1.8 (139 cv), Renault Captur 2.0 (148 cv), Nissan Kicks 1.6 (114 cv), Chevrolet Tracker 1.4 turbo (153 cv) e até a do também turbinado Peugeot 2008 THP (173 cv). E se o antigo Duratec 2.0 de 147 cavalos causava uma boa impressão no Ford, agora a conversa mudou da água para o vinho. O EcoSport ficou mais divertido de guiar e essa injeção de ânimo é sentida logo nos primeiros metros, devido às saídas ligeiras. As retomadas de velocidade também melhoraram. Além do motor 2.0, o EcoSport trará um bloco tricilíndrico 1.5.

O câmbio de dupla embreagem PowerShift enfim acabou aposentado. Foi substituído por uma transmissão automática convencional de seis marchas. E essa nova caixa cooperou no desempenho. Seja guiando moderadamente ou de forma mais esportiva, ela responde sem titubear, proporcionando rápidas trocas e reduções – as trocas sequenciais são feitas pelas borboletas atrás do volante. Assim como esse conjunto mecânico, a dinâmica em curvas também cativou. As suspensões dianteiras ganharam 1,7 cm extra de curso e as buchas foram recalibradas.

Segundo a Ford, houve uma melhora de 15% na absorção de impactos e de 40% na aspereza do volante. Atrás, o eixo traseiro está 15% mais rígido, além de ter molas reprojetadas e barra estabilizadora com novas buchas. Comparado ao modelo anterior, o
EcoSport melhorou em 6% o controle de rolagem e aumentou em 5% a rigidez torcional. Não só bom de curva, o EcoSport também roda mais silencioso, graças ao emprego de para-brisa acústico, mantas estruturais nas portas, adição de materiais fonoabsorventes e defletores aerodinâmicos nos para-choques e à frente das rodas traseiras. A aerodinâmica retrabalhada traz grade frontal ativa, igual à do Fusion, garantindo benefícios como redução do arrasto e um consumo otimizado.

Em segurança, o EcoSport levou um banho de loja. Essa versão Titanium oferece sistema anticapotamento, assistente de ponto cego e de tráfego cruzado, sensores e câmera de ré, monitoramento da pressão dos pneus, assistente de partida em rampas e isofix para cadeirinhas infantis. Para receber esses aperfeiçoamentos de conforto/conveniência e de segurança, a Ford aplicou uma nova arquitetura eletrônica ao crossover. O EcoSport pode ter perdido terreno, porém, agora ele pode ter em mãos a chance de recuperar o seu reinado. Para isso acontecer, porém, vai depender dos preços. A versão topo de linha Titanium tem valor de R$ 93.990, o que não é pouco. Também dependerá da reação do consumidor às mudanças visuais, pois ele ainda guarda muita semelhança com o modelo que envelheceu.


Ficha técnica:

Ford EcoSport 2.0 Titanium

Preço básico: R$ 93.990
Carro avaliado: R$ 93.990

Motor: 4 cilindros em linha 2.0, 16V, comando variável, injeção direta
Cilindrada: 1999 cm3
Combustível: flex
Potência: 170 cv a 6.500 rpm (g) e 176 cv a 6.500 rpm (e)
Torque: 20,6 kgfm a 4.500 rpm (g) e 22,5 kgfm a 4.500 rpm (e)
Câmbio: automático sequencial, seis marchas
Direção: elétrica
Suspensões: McPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,269 m (c), 1,765 m (l), 1,693 m (a)
Entre-eixos: 2,519 m
Pneus: 205/50 R17
Porta-malas: 356 litros
Tanque: 52 litros
Peso: 1.359 kg
0-100 km/h: 9s7 (e)
Velocidade máxima: 190 km/h (e)
Emissão de CO2: sem dados
Consumo cidade: não divulgado
Consumo estrada: não divulgada
Nota do Inmetro: não divulgada