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Enquanto meu estômago e meus pulmões se misturam, o piloto Luís Gozzani passa dos 160 km/h ao volante da F-150 Raptor. O cenário é a pista de terra batida do campo de provas da Ford em Tatuí (SP), onde cada curva parece inspirada na Baja 1000.
A traseira da picape lambe a beirada da pista, jogando pedras e poeira nas árvores. As rodas dianteiras estão no contraesterço total e o pé direito de Luís vai arrumando a Raptor no traçado. Apesar de toda a sensação de montanha-russa, a picape não pula nem chacoalha. Um balé elegante e brutal ao mesmo tempo, como domar um dinossauro usando só polegares e indicadores.

A Ford do Brasil ainda estuda vender a F-150 Raptor por aqui. Não há informação oficial sobre eventuais configurações ou preços. Nos bastidores, entretanto, se fala em um preço de cerca de R$ 400 mil e uma longa lista de equipamentos. Apesar do tamanho, a picape não exige CNH “C” e “D”. Uma vantagem em relação a Dodge RAM 2500.

E enquanto a rival RAM é uma picape bruta feita para carregar mais de uma tonelada na caçamba, a Raptor leva só 549 quilos. Mas a explicação é simples: ela não é feita para trabalhar, mas para divertir. O motor V6 3.5 Ecoboost biturbo tem 457 cv e também pode ser visto em ação no novo Ford GT. Com o câmbio automático de dez marchas (o mesmo do Mustang) e tração integral, a Raptor chega aos 100 km/h em cerca de 6 segundos. Nada mau para uma picape de 2.113 quilos e com espaço de sobra para cinco ocupantes.

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Mas o melhor de tudo são suas suspensões. Fazer um veículo potente assim ser habilidoso na terra é um grande desafio. A maior parte do desenvolvimento e da atenção com a Raptor foram focados na suspensão. A montadora trabalhou em parceria com a Fox para criar um sistema eletrônico com válvulas, que controla em tempo real a rigidez e o desempenho dos amortecedores, deixando a Raptor sempre na posição e no ajuste ideais.

Hora de tomar o volante. Diferentemente do Luís, piloto com as altas credenciais na Ford, preciso deixar as “babás” eletrônicas ligadas. A Raptor salta na pista de terra batida e ganha velocidade. Nos primeiros metros já dá para perceber como a suspensão é bem melhor do que a de uma picape normal. Enquanto outros veículos saltam como cavalos chucros, a F-150 segue grudada no piso sem transferir os solavancos para a minha coluna. Nas curvas, a traseira escapa um pouco e a eletrônica já alinha novamente a picapona. Mesmo com toda a interferência da eletrônica, é a picape mais divertida e rápida que já dirigi.

Dentro dela, claro que o conforto é absoluto, com todos os mimos que se pode esperar de um veículo de R$ 400 mil. Os plásticos duros e o visual parrudo se justificam, afinal é uma picape para rodar na lama, na areia e na neve. Agora resta torcer para que a Ford dê o sinal verde para a Raptor vir ao Brasil – o que não falta por aqui é estrada de terra para desbravar.


Ficha técnica:

Ford F-150 Raptor

Preço estimado: R$ 400.000
Carro avaliado: R$ 400.000
Motor: 6 cilindros em V, 3.5, 24V, turbo, injeção direta
Cilindrada: 3497 cm³
Combustível: gasolina
Potência: 457 cv a 5.000 rpm
Torque: 70,5 kgfm a 3.500 rpm
Câmbio: automático sequencial, dez marchas
Direção: elétrica
Suspensões: duplo A (d) e eixo rígido (t)
Freios: disco ventilado (d/t)
Tração: 4×4
Dimensões: 5,890 m (c), 2,192 m (l), 1,994 m (a)
Entre-eixos: 3,708 m
Pneus: 315/70 R17
Caçamba: 549 kg
Tanque: 136 litros
Peso: 2.582 kg
0-100 km/h: 6s1
Velocidade máxima: 160 km/h (limitada)
Consumo cidade: 4,5 km/l*
Consumo estrada: 7,4 km/l*
Nota do Inmetro: ainda não disponível no Brasil

*dados dos EUA