11/08/2025 - 6:00
O que não faltam são picaponas com motor turbodiesel, tração 4×4 e carrocerias grandes desfilando…no meio das cidades. Apesar da proposta off-road, para rodar na terra e no barro, em estradas de sítio, elas costumam mais ficar no asfalto, cercadas de prédios e lojas, do que outra coisa. A Ford, sabendo desse público que gosta de caminhonete, mas não sai da cidade, criou a Ranger Black.
+Recall: Ford chama unidades de EcoSport, Edge, Fusion, Mustang, Ranger e Bronco
+Avaliação: Ram Rampage Rebel 2.2 turbodiesel é a versão certa com motor certo
Proposta da Ranger Black
Essa é a segunda geração da versão Black, já que ela começou na carroceria anterior da Ranger, exatamente nos mesmos moldes: motor turbodiesel, câmbio automático, tração traseira, visual mais discreto e escurecido, acertos especiais de suspensão, além da atraente relação custo X benefício. A Black é completona e custa menos que as versões “peladas” da Ranger, aquelas para trabalho.
Preço e concorrentes da Ranger Black
Por R$ 238.900, ela não tem rivais diretas de preço na Chevrolet, Toyota, Nissan ou VW. Basicamente, só consegue bater de frente com algumas versões da Mitsubishi L200 Triton (da geração velha), com a chinesa JAC Hunter, ou com a configuração mais básica da Fiat Titano, aquela com rodas de ferro e câmbio manual. Desde que você abra mão da tração 4×4 e reduzida, uma pechincha!

Equipamentos da Ranger Black
E, no pacote, bancos em couro sintético, carregador de celular sem fio, faróis em LED, sensor crepuscular, sensores de estacionamento traseiros, câmera de ré, ar-condicionado digital, multimídia de 10” das versões mais caras, rodas aro 18 escurecidas (mesmo desenho da Limited topo de linha), pneus de uso misto, painel de instrumentos digital de 8”, seletor de modos de condução, estribos laterais, faróis de neblina com luzes de conversão estática, piloto automático e 7 airbags. Sem contar os acessórios disponíveis.
Por via de regra, a picape da Ford já tem acertos elogiáveis, especialmente de direção, suspensões e freios. Nessa Black, ajustes especiais deixam seu rodar mais macio e confortável, com pouquíssimo sacolejo ou pula-pula, típicos das picapes cabine dupla. Ela absorve melhor a buraqueira, sem que isso leve a perdas na dinâmica ou condução. Claro que com tração nas quatro rodas ela se garante muito mais nas curvas rápidas, por exemplo, mas mesmo 4×2 ela vai bem.

Vida a bordo da Ranger Black
Apesar do tamanho grande e imponente, com direito a capô a mostra durante toda a condução, ela não dá trabalho no uso diário dentro da cidade. Com exceção da carroceria grande, inevitável, as balizas são facilitadas pela direção elétrica que deixa o volante leve. Sensores traseiros e câmera de ré em alta resolução evitam acidentes nas manobras traseiras. Mas, não tem jeito: a noção de distância à frente e espaço frontal exige um pouquinho de prática ao volante dessa Ranger.
Falando em prática, mesmo com esse perfil “urbanoide”, o modelo da Ford conserva as qualidades de qualquer caminhonete: é alta e consegue atravessar qualquer obstáculo urbano, tem pneus de uso misto para encarar um off-road leve (quando for preciso), e mantém a tonelada de capacidade de carga, caso seja necessário encher sua caçamba de bons 1.250 litros, das maiores do segmento. Os estribos laterais estão lá para ajudar no embarque e desembarque.
Motorização da Ranger Black
Competente também é o motor 2.0 turbodiesel da moderna família Panther, com seus 170 cv de potência e cerca de 41 mkgf de torque. Está um passo à frente do antecessor 2.2 Duratorq no silêncio e suavidade de operação, e na hora de acelerar entrega boa força em baixas rotações. De quebra, tem ronco agradável, coisa não muito comum num turbodiesel pequeno como ele.

Como dispensa a tração nas quatro rodas, essa versão Black acaba ganhando alguns pontinhos na performance, mesmo com o motor de números razoáveis. Basicamente, há muito menos perda de força no processo de tração, e só duas das quatro rodas tem todo o torque concentrado. Arranca bem, e mesmo nas altas rotações, tem performance agradável para sua proposta.
O 2.0 Panther tem como característica a operação em giros mais baixos. Justamente por isso, a Ford optou pelas longas relações do câmbio automático de seis marchas, incluindo as primeiras velocidades, fazendo com que as acelerações sejam mais progressivas. No seletor de modos de condução, o Sport deixa o powertrain mais esperto, caso seja necessária uma força extra. O “Eco” retarda as respostas do acelerador para melhorar o consumo, e o “Normal” fica no meio do caminho. Ainda há o “Rebocar”, para quem puxa trailers, carretinhas e afins.
Consumo (baixo) da Ranger Black
O Eco foi o preferido na semana de testes, e permitiu médias ainda melhores de km/l de diesel. As Ranger de quatro cilindros apostam forte na economia de combustível, de qualquer forma. Na cidade, rondou os 10,5 km/l, fazendo falta o sistema Start & Stop (de série nas V6), enquanto conseguiu passar facilmente dos 14 km/l na estrada, mantendo média de 110 km/h. A 100 km/h, rondou os 15 km/l.

Considerando seu tamanho, peso, alto arrasto aerodinâmico e pneus de uso misto, números excelentes. Prova real: foram 780 km percorridos, e, terminado o teste, ainda restava quase ¼ de tanque. São 80 litros, como em outras versões.
Ao volante da Ranger Black
A vida a bordo da Ranger tem seus méritos. Além das suspensões especialmente macias nessa Black, seus bancos não cansam nem nas viagens longas, embora não sejam os maiores. Ajustes completos para o motorista (banco, volante, cinto de segurança) ajudam a encontrar a melhor posição de guiar, que, inclusive, é sempre elevada, como costuma ser nessas caminhonetes.
Impressiona o altíssimo nível de silêncio a bordo, que também é mérito das Ranger V6: na estrada, ela parece um sedan de luxo. Nem mesmo os pneus ATR são muito ouvidos pelos passageiros, assim como transmissão e motor (esse, fica mais nítido em rotações elevadas). Na buraqueira, porém, a suspensão por feixes de molas atrás tem ruído mais percebido. Outra coisa normal nessas picapes, vale falar.
Espaço traseiro? Bom. A ampla altura do teto vale mais que o vão para as pernas. A largura da carroceria também permite a melhor acomodação de três adultos no banco traseiro, tarefa não muito fácil num SUV da mesma faixa de preço. Nenhum mimo foi cortado para quem vai na segunda fileira: luzes de leitura, saídas de ar-condicionado e portas USB atendem os ocupantes que vão ali.
Ranger Black: imbatível?
Considerando que essa Ranger Black custa quase o preço de uma Maverick, monobloco menor, ou supera só um pouco a tabela da Ram Rampage de entrada, não é exagero dizer que é dela o melhor custo X benefício dessa faixa de preço. Isso, claro, se você não considerar tração 4×4 ou reduzida, sistemas que ela não traz. Uma belíssima aquisição de caminhonete média turbodiesel com cabine dupla, mas também vale dar uma olhadinha nas rivais da Mitsubishi e JAC Motors…
