10/12/2019 - 8:31
Com um motor mais fraco que as versões topo de linha e vendida a R$ 159.790 já com tração 4×4 e câmbio automático, a Ford Ranger XLS 2.2 disputa mercado não apenas com outras versões intermediárias das picapes tradicionais, mas aparece também como uma interessante alternativa à queridinha do mercado, a Fiat Toro. Afinal, a picape da Fiat parte de R$ 95 mil, mas só tem tração 4×4 nas versões a diesel, que começam em R$ 131.990 na “pelada” Endurance, vai a R$ 143.990 na Freedom, R$ 155.990 na Volcano e passa de R$ 160 mil nas top Ranch e Ultra.
Mas a picape “quase-média” da Fiat é construída com monobloco, como os carros tradicionais e as picapinhas Strada, Saveiro e cia., e muitos daqueles que fazem um uso mais pesado – de carga ou em trilhas – não acham que tenha robustez, valentia e durabilidade das médias. Uma questão discutível, e que tem muito a ver com o uso específico de cada um e com gosto e opinião pessoal envolvidos, claro.
Outras picapes construídas sobre chassi, como a Chevrolet S10, só tem uma opção de motor a diesel, mais potente, porém custam mais. Delas, a que fica mais alinhada com essa Ranger é a Nissan Frontier ATTACK AT 4X4, que parte de R$ 155.590 – com o mesmo motor de 190 cv das versões topo de linha, que garante um desempenho um pouco superior, mas sem o mesmo refinamento na cabine e com um rodar não tão convincente.
Aliás, nessa última mudança da Ranger o interior foi uma das evoluções mais notáveis. Seu interior é realmente superior à média. Mesmo nessa versão mais barata, é praticamente um Fusion por dentro. Do sedã grande, herdou o painel de instrumentos com telas laterais configuráveis – e legar que ao passar o câmbio automático para o modo esporte, a tela da esquerda automaticamente passa ao conta-giros, que neste caso passa a ser mais necessário. Para completar, tem um volante de boa pegada, uma posição de dirigir agradável e um acabamento acima da média do segmento de picapes.
A central multimídia é outro destaque da cabine, com compatibilidade com Android Auto e Apple CarPlay e um uso muito intuitivo, além de ótima qualidade sonora e GPS nativo off-line, item importante para quem vai viajar também por regiões sem sinal de celular.
RODAR APRIMORADO
Sendo uma picape sobre chassi, o rodar da Ranger não é tão suave e confortável como o da Toro – um dos argumentos de venda do modelo da Fiat –, mas, comparado às rivais e principalmente às antigas Ranger, foi outro ponto de forte evolução. É incrível a capacidade de amortecimento das suspensões, que enfim ficaram mais macias. Sem carga, a Ranger ainda pula um pouco e as rodas traseiras destracionam com certa facilidade no modo 4×2 (tração traseira), mas no geral ela ficou muito boa de andar, no asfalto ou (principalmente) na terra.
Agora, para quem busca picape média pela imponência e/ou status, esse é um ponto em que a Ranger deixa a Toro bem para trás. A distância do solo é enorme e posição de dirigir é bastante alta, então você se sente de fato “por cima”, seja no trânsito ou nas trilhas. Poucos SUVs (dos modelos raíz), e mesmo picapes “raiz”, são altos como ela.
Nessa Ranger 2.2, o motor tem um cilindros a menos que na 3.2, que é no mínimo R$ 21 mil mais cara. Seu quatro cilindros tem 160 cv (40 a menos), mas quase 40 kg de torque. O câmbio automático sequencial de seis marchas trabalha bem, mas como a picape é pesada, o desempenho não é grande coisa. São cerca de 15 segundos no 0-100 km/h, e as retomadas são meio lentas e barulhentas, mas marcamos facilmente mais de 12 km/l na estrada e no uso normal, na terra e nas trilhas, não se sente falta de força.
Então, se desempenho não é sua maior prioridade, você quer uma picape média valente para encarar trabalho pesado e percursos difíceis – esta Ranger tem 4×4 e reduzida – sem abrir mão de um ótimo interior e ainda se sentindo “por cima” no trânsito, essa Ranger é uma ótima alternativa à queridinha Fiat Toro.
FICHA TÉCNICA
Ford Ranger Limited
Preço básico (XLS 2.2 4×2 AT CS): R$ 126.800
Carro avaliado: R$ 159.790
Motor: 4 cilindros em linha 2.2, 20V, turbo commonrail
Cilindrada: 2198 cm3
Combustível: diesel
Potência: 160 cv a 3.200 rpm
Torque: 39,3 kgfm a 1.600 rpm
Câmbio: automático sequencial, seis marchas
Direção: elétrica
Suspensão: duplo triângulo (d) e eixo rígido com feixe de molas (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: 4×2 ou 4×4, com reduzida e bloqueio eletrônico do diferencial
Dimensões: 5,354 m (c), 1,860 m (l), 1,815 m (a)
Entre-eixos: 3,220 m
Pneus: 265/65 R17
Caçamba: 1.009 kg / 1.180 litros
Tanque: 80 litros
Peso: 2.024 kg
0-100 km/h: 15s
Velocidade máxima: 164 km/h
Consumo cidade: 8,4 km/l
Consumo estrada: 10,4 km/l
Emissão de CO2: 218 g/km
Nota do Inmetro: D
Classificação na categoria: D (Picape)