29/09/2025 - 6:00
O Honda City Hatch parece ser um daqueles carros que, se você acordar num dia e inventar de fazer uma viagem dirigindo pelo mundo, ele vai encarar a empreitada sem muito esforço. Um tanque cheio, uma troca de óleo e filtros, e pé na estrada. Coisas da marca japonesa, e sua tradição de confiabilidade.
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City Hatch EX custa só R$ 1 mil a menos que Sedan
Essa fama toda, porém, faz com que ela salgue seus preços. Exemplo: esse City Hatch EX, segunda versão mais simples do modelo, custa R$ 134 mil. Acredite se quiser, mas é apenas R$ 1 mil mais barato que seu irmão três-volumes, o City Sedan EX.

Para que se tenha uma ideia, hoje em dia, as versões mais caras de outros hatches compactos (VW Polo, Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e afins), rondam os R$ 130 mil, com tudo que tem direito no quesito equipamentos. O Hondinha aqui é intermediário na entrega de conteúdo, mas surpreende por uma coisa que nenhum dos rivais tem: um pacotão de tecnologias que faz inveja até a SUVs médios.
City Hatch EX é simples e “hi-tech”
Embora simples, com acabamento mediano, sistema de som limitado, bancos em tecido e outras economias, como esperado na segunda versão menos cara do catálogo, o City Hatch EX é, de longe, o mais ‘hi-tech’ da sua categoria. Interessante…

Só ele traz, por exemplo, freio de mão eletromecânico com função Auto Hold, aquele que segura o carro sozinho em paradas rápidas, sem precisar colocar o pé no freio. Também é exclusividade dele o piloto automático adaptativo (ACC), que controla a velocidade sozinho de acordo com o veículo da frente, coisa que até alguns carros mais caros ficam devendo. De quebra, o ACC tem função Stop & Go, que chega a parar e arrancar sozinho com o City Hatch, sem a intervenção do motorista. Bacana!
Quer mais? Alerta de saída de faixa ativo (“pulsa” o volante se o carro estiver saindo da faixa), assistente de permanência na faixa (faz curvas sozinho e alinha o City no meio da faixa de rodagem, coisa que também só ele faz no segmento), alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência e comutação automática do farol alto. Os próprios faróis, por exemplo, dispensam luzes de LED e apostam nas lâmpadas halógenas simples, mas contam com a tal tecnologia que ajusta o facho alto sozinho.
Não que esse pacotão de sistemas modernos justifique sua cifra salgada, porém, ainda assim, ele vem com mais itens interessantes. Ar-condicionado digital automático, carregador de celular sem fio, rodas aro 15 diamantadas, faróis de neblina, sensor crepuscular, chave presencial, partida por botão, saídas de ar traseiras e a mesma multimídia das versões topo de linha. Não há opcionais.
Vai entender…
Só que algumas coisas chamam a atenção, e não por um lado bom. Na realidade, duas. Naturalmente, o City Hatch tem pegada mais jovial e esportiva, diferente do familiar City Sedan, mas isso não justifica a ausência de um apoio de braço traseiro, item que só está na carroceria de três-volumes. Porém, o mais difícil é explicar a falta das borboletas para trocas de marchas manuais no Hatch EX, que, por mais estranho que possa parecer, são de série no Sedan EX!
Equilíbrio mecânico
Se os paddle-shifts fazem alguma diferença brutal no uso do City Hatch EX? Diria que não. É apenas uma função que deixaria a tocada do carro mais apimentada e interativa, pra quem curte. Afinal, o foco do seu powertrain é robustez e economia: motor 1.5 16v de aspiração natural, 126 cv de potência e 15,5/15,8 mkgf de torque (gas/eta), parceiro de um câmbio automático CVT que simula sete marchas.
Esse motor 1.5, graças ao comando variável VTEC e quatro válvulas por cilindro, se vira bem nos baixos giros, fazendo valer a carroceria bem leve desse City. A transmissão, suave e progressiva, costuma “escorregar” um pouquinho nas saídas, mas conta com modo Sport de condução, que garante uma tocada bem mais ágil. Em altos giros, especialmente na faixa do torque máximo (cerca de 4.500 rotações), esse conjunto torna-se até divertido, aliás. Sem o imediatismo de um turbo, mas agrada.
O consumo é ponto forte. Apesar do tanque pequeno, com apenas 39 litros, ele brindou nossos testes com médias de 17,7 km/l na estrada e 13,8 km/l na cidade, mantendo pé leve no acelerador e modo Eco de condução. Com injeção direta de combustível, seu 1.5 se mostra eficiente também com etanol: considere pouco mais de 10,5 km/l na cidade e cerca de 13,0 km/l na estrada.
Sólido e espaçoso
No geral, também é um carro sólido, com direção segura mesmo quando exigido ao limite (curvas rápidas, frenagens bruscas e afins), e acerto de suspensões correto. A carroceria Hatch é só um pouquinho mais rígida nas molas e amortecedores quando comparada com a Sedan. Mesmo assim, ambas agradem pelo conforto.
Lombadas, valetas e buracos não são problema para o City Hatch, ainda que a carroceria baixa e o parachoque dianteiro “bicudo” peçam mais cuidado na condução, para não rasparem no solo. Uma direção precisa e macia também entra nesse time, assim como a ergonomia acertada para quem dirige: esses bancos de tecido são até mais confortáveis que os forrados em couro sintético, e a coluna de direção, com ajustes amplos, permite que até motoristas altos fiquem num posto agradável.
Quem olha por fora nem imagina seu elevado nível de espaço interno. Como tem a mesma distância entre-eixos do sedan (bons 2,60 m), o hatch traz um verdadeiro latifúndio para pernas, pés e ombros de quem viaja na segunda fileira. E, apesar da carroceria baixa, nem passageiros mais altos encostam a cabeça no teto. Só não dá para esperar uma carroceria larga, que acomode três adultos com folga atrás, afinal ainda falamos de um modelo compacto. O porta-malas é pequeno: 268 litros.
Briga entre irmãos
Por R$ 1 mil a mais, ou R$ 136 mil no total, você pode levar pra casa um City Sedan EX, lembra? Mesma motorização, mesmo interior, mesmos equipamentos, mesmas tecnologias e, de quebra, alguns detalhes extras, indisponíveis no Hatch (paddle-shifts e apoio de braço traseiro). Sem contar o porta-malas maior, com ótimos 519 litros. Dependendo, o maior rival do City Hatch EX pode ser justamente seu irmão sedan…