A linha 2021 do SUV mais vendido da Hyundai no Brasil ganhou novas versões, com novos nomes. Este Hyundai Creta Smart Plus substitui as antigas Smart e Pulse Plus. É, agora, a opção intermediária entre as três automáticas com motor 1.6, custando R$ 93.990 – as outras são a básica Action, de R$ 83.390, e a top Limited, de R$ 102.390. 

Quando foi lançado, no fim de 2016, nós avaliamos a versão 2.0 topo de linha e cravamos que o carro seria um sucesso, apesar do motor “beberrão”. E foi: ficou sempre entre os mais vendidos, chegando à liderança em alguns meses ao longo desses anos. 

Agora, em setembro e outubro, ficou em terceiro lugar do segmento – um belo feito, considerando que tem um design já “cansado”, que a nova geração (polêmica, veja aqui) foi lançada lá fora e que há novos concorrentes, como Chevrolet Tracker e VW T-Cross.

O motor

O mais surpreendente é que o Hyundai Creta tem resultados tão bons mesmo tendo um problema: o motor 1.6. Ele é fraco para o carro, com desempenho não muito melhor que de carro 1.0 aspirado (0-100 km/h na faixa de 12 segundos). E, pior, gasta tanto quanto o Creta 2.0 – que, pelo menos, garante um desempenho melhor para justificar o consumo.

Os números do PBEV/Inmetro são quase iguais nas duas motorizações: enquanto o Hyundai Creta 1.6 Smart Plus faz 7,1/10,1 km/l na cidade (etanol/gasolina) e 8,2/11,3 na estrada, o 2.0 Prestige faz 6,9/10 km/l na cidade e 8,2/11,4 na estrada. Ambos nota D (e piores que o Jeep Renegade, tão criticado pelo consumo). Mas lembre-se que o Creta 2.0 faz de 0-100 km/h em 9,7 segundos, e tem retomadas bem melhores.

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O pacote

O curioso é que, apesar disso, o motor 2.0 é usado agora só na versão Prestige, de R$ 111.990. Ou seja, para ter a melhor opção de motor, você precisa comprar a versão mais cara. Está virando regra em diversas montadoras: quem quer a versão mais forte é obrigado a levar o pacote mais caro, mesmo que considere supérfluos os equipamentos extras.

Porque, para mim, em equipamentos, o Hyundai Creta Smart Plus tem tudo o que precisa. Não curto muito bancos de couro, e esta versão já vem com alguns itens aos quais dou importância, como ar-condicionado automático digital, uma boa central multimídia, faróis com acendimento automático e luz diurna – mas fica devendo mais airbags (só tem dois, enquanto muitos rivais já tem sete, mesmo nessa faixa de preços) e faróis de LED.

 Vida a bordo

Hyundai Creta Smart Plus

Uma das grandes qualidades do Hyundai Creta Smart Plus, como sempre teve todo Creta, é o espaço a bordo. Todos os passageiros, tanto na frente quanto atrás, desfrutam de ótimo espaço interno, e o porta-malas fica entre os maiores da categoria.

O acabamento não impressiona, abusando dos plásticos como acontece na maioria dos modelos do segmento, mas os comandos são bem localizados e a montagem é boa, garantindo uma experiência sem muitos ruídos a bordo – exceto pelo do motor, que, quando mais exigido, invade um pouco além da conta a cabine.

Ao volante

Rodei cerca de 400 quilômetros no Hyundai Creta Smart Plus, entre a cidade de São Paulo, as rodovias Ayrton Senna e Carvalho Pinto e estradinhas – de terra e de asfalto – na região da Serra da Mantiqueira.

Uma das grandes qualidades do Creta está na plataforma, derivada do Elantra e não do HB20. Dá uma sensação de carro mais sólido, robusto e maduro que muitos rivais que usam plataformas de modelos de entrada – como Nissan Kicks (March/Versa antigos) e Chevrolet Tracker (Onix).

As suspensões trabalham silenciosamente e com bastante eficácia, além de terem aguentado muito bem as estradas de terra (onde a boa altura do solo nos manteve afastado das pedras) e se comportar bem nas curvas. 

Mas, voltando à mecânica, por melhor que seja a caixa automática de seis marchas – e ela é mesmo muito bem calibrada –,  não tem como fazer milagre. São só 16,5 kgfm a 4.500 rpm, e é preciso ir às 6.000 rotações para “achar” os 130 cv máximos. Então, para manter 120 km/h nas subidas é preciso puxar a quinta marcha, ou a quarta. E, no caso de ultrapassagens, é preciso um bom planejamento. Minha média na estrada, com etanol, não passou de 8 km/l.

Para “ajudar” o Hyundai Creta Smart Plus a andar mais nessas situações, vale a pena apelar para as trocas sequenciais de marcha, mas elas podem ser feitas apenas pela alavanca, pois não há aletas junto ao volante.

Conclusão

No fim, o preço do Hyundai Creta Smart Plus até que é bom, principalmente pelo pacote de equipamentos oferecido. E, se o desempenho decepciona, vale lembrar que Nissan Kicks, Jeep Renegade e outros são igualmente ruins nesse quesito. Mas o Nissan pelo menos tem consumo mais baixo.

Recomendo esse Creta 1.6 para quem roda mais na cidade. Para quem faz questão de um bom desempenho, melhor a versão 2.0. E, para a Hyundai, recomendo que na nova geração oferece motores melhores, sejam turbinados ou não. Porque o fato de ser um carro que anda como um 1.0 e gasta como um 2.0 acaba ofuscando outras qualidades do SUV. Com motores melhores, talvez o Creta vendesse ainda mais.

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FICHA TÉCNICA

HYUNDAI CRETA 1.6

Preço básico: R$ 76.990
Carro avaliado: R$ 93.990
Emissão de CO2: 127 g/km
Nota do Inmetro: D
Com etanol: zero

Hyundai Creta 1.6 Smart Plus

Motor: quatro cilindros em linha 1.6, 16V, duplo comando variável, start-stop
Cilindrada: 1591 cm3
Combustível: flex
Potência: 123 cv (g) e 130 cv (e) a 6.000 rpm
Torque: 16 kgfm (g) e 16,5 kgfm (e) a 4.500 rpm
Câmbio: automático sequencial, seis marchas
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,270 m (c), 1,780 m (l), 1,635 m (a)
Entre-eixos: 2,590 m
Pneus: 215/60 R17
Porta-malas: 431 a 1.396 litros
Tanque: 55 litros
Peso: 1.359 kg
0-100 km/h: 11s9 (e)
Velocidade máxima: 172 km/h (e)
Consumo cidade: 10,1 km/l (g) e 7,1 km/l (e)
Consumo estrada: 11,3 km/l (g) e 8,2 km/l (e)
Nota do Inmetro: C
Classificação na categoria: D (SUV compacto)