10/06/2020 - 9:00
O que você levaria para a sua garagem por quase R$ 80 mil: um SUV compacto ou um hatch compacto aventureiro? Afinal, este novo Hyundai HB20X, na versão Diamond Plus avaliada aqui, custa salgados R$ 77.990, enquanto um “legítimo SUV”, como o Hyundai Creta Attitude, parte por R$ 75.990 (leia aqui a avaliação dele).
Embora o SUV ofereça maior espaço interno, ele é bem menos recheado de itens de série e, por este preço, tem câmbio manual. Mas a questão, neste caso, vai além: o modelo aventureiro chocou uma parcela do público pelo design inspirado no conceito Saga EV, exibido no Salão de São Paulo de 2018 (acima, na foto menor, o modelo antigo, para comparação).
O que mudou
A dianteira do Hyundai HB20X ganhou para-choque com entradas de ar funcionais, grade do radiador exclusiva e faróis e luzes de neblina com projetores. As molduras plásticas não se conectam, enquanto as laterais também exibem um aplique na coluna “C”. Atrás, as lanternas têm lentes escurecidas. O visual se completa com rack, rodas diamantadas de 16” e antena Shark. No frigir dos ovos, há quem curta, mas a maioria torce o nariz. Gosto, porém, é subjetivo.
Frente a seu antecessor, as dimensões aumentaram pouco, para 3,970 m de comprimento (+15 mm), 1,740 m de largura (+30 mm), 1,540 m de altura (-10 mm) e 2,530 m de entre-eixos (+30 mm). Ou seja, ele está maior que o Ford Ka FreeStyle (3,954 m),
porém ainda é menor que o Fiat Argo Trekking (3,998 m) e o Renault Stepway
(4,070 m). (leia aqui um comparativo entre os três).
Apesar de não ser exatamente uma nova geração, as medidas espichadas do novo Hyundai HB20X transmitiram melhor habitabilidade aos passageiros. Quem viaja atrás encontra bom espaço para as pernas e joelhos, e o porta-malas segue com 300 litros – a mesma capacidade do Argo Trekking, bem mais que no Ka FreeStyle, com seus 257 litros, e menos que os 320 do Stepway.
No lado esquerdo do volante, ficam os comandos de start-stop, auxílio em faixas, controle de estabilidade e alerta de colisão. O painel de instrumentos com velocímetro digital “se inspira” no antigo do rival Onix (que agora o abandonou). Há ainda chave presencial (mas só abre a porta do motorista) com partida por botão. O ar-condicionado é “digital”, porém não automático.
Altos e baixos
A cabine apresenta do HB20X bons materiais – uma das grandes qualidades da família HB20 desde seu surgimento – e a cor vermelha nas saídas de ar e nas costuras dos bancos/coifa de câmbio dão ares de esportividade. O quadro de instrumentos inspirado nas motocicletas já esteve no antigo Chevrolet Onix, mas as informações do computador de bordo são acessadas por um antiquado “pininho”.
Outras críticas vão para o ar-condicionado “digital” sem função automática e a entrada sem chave que só pode ser feita pela porta do motorista. Para compensar, há duas tomadas USB: uma para carregamento rápido e outra para conexão ao sistema multimídia com 8” e Android Auto/Apple CarPlay. A qualidade sonora dos altos-falantes poderia ser melhorzinha.
Faltou o turbo
Por incrível que pareça, este HB20X não tem o eficiente novo motor Kappa de três cilindros 1.0 turbinado com injeção direta, 120 cv de potência e 17,5 kgfm (gasolina/etanol) que chegou com a renovação da família (leia a avaliação do hatch e do sedã HB20S, que foi eleito nossa Compra do Ano 2020 na categoria, ambos com o esse 1.0). Ao invés dele, o aventureiro usa o “velho” Gamma 1.6 aspirado, que passou a 130 cv (dois a mais) e 16,5 kgfm de torque.
Mesmo sem a pegada do motor “mil” turbinado, ele possui duplo comando variável (admissão/escape) e move bem os 1.098 kg do hatch, garantindo uma relação peso-potência de 8,45 kg/cv. Os números são melhores que os 109 cv/14,2 kgfm do 1.3 do Argo Trekking (10,37 kg/cv), os 118 cv/16 kgfm do 1.6 do Renault Stepway (9,75 kg/cv), porém menos que os 136 cv/16,1 kgfm do 1.5 do Ford Ka Freestyle (8,35 kg/cv).
As dimensões mudaram pouco, então o espaço continua apenas razoável, principalmente no banco traseiro. O porta-malas tem capacidade para 300 litros, dentro da média
O câmbio automático de seis marchas também é o mesmo de antes, mas recebeu uma reprogramação e agrada bastante no uso diário. O único problema aparece em pequenos trancos que são sentidos nas mudanças/reduções em baixa velocidade, quando se circula na faixa de 2.000 rpm.
E também fazem faltas borboletas atrás do volante para trocas sequenciais (o HB20X também está disponível com caixa manual). Já o sistema start-stop tem funcionamento suave ao desligar/ligar o motor durante breves paradas e ajuda a conter o consumo urbano (mesmo assim, seria mais econômico se usasse o motor turbinado).
Como anda
Na estrada, andando a 80 km/h o ponteiro do conta-giros marca 1.250 rpm, mas quando se circula acima dos 100 km/h é possível ouvir ruídos aerodinâmicos. Os pneus Michelin LTX Force rodam quietos e ajudam a absorver as irregularidades do asfalto.
As suspensões elevadas deixam a carroceria rolar demais nas curvas contornadas rapidamente. Dependendo do tipo de piso, batem seco na fase de compreensão, mas nada que tire o brilho do projeto.
Por outro lado, as suspensões do HB20X garantem maior distância do solo (bons 5,1 cm a mais frente ao HB20 hatch), permite transpor pequenos obstáculos sem dificuldades no off-road light (e ajuda a evitar as incômodas raspadas em valetas ou lombadas).
Os freios não são a disco nas quatro rodas, mas o HB20X Diamond Plus tem auxílio de partida em rampa, quatro airbags, controles de tração/estabilidade, monitoramento da pressão dos pneus, alerta de mudança de faixa, câmera/sensores de ré, sinalização de frenagem de emergência, controlador/limitador de velocidade e sistema de alerta/frenagem autônoma capaz de “ver” pedestres.
Conclusão
No fim das contas, este novo Hyundai tem qualidades que compensam o visual polêmico. E, quanto à escolha entre ele ou um SUV, para quem não precisa de tanto espaço ele pode, sim, ser uma ótima opção. Mas ficaria bem melhor com o novo motor turbo.
Hyundai HB20X Diamond Plus 1.6 AT
Preço básico R$ 62.990
Carro avaliado R$ 77.790
Motor: quatro cilindros em linha, 1.6, 16V, duplo comando variável, start-stop Cilindrada: 1591 cm3 Combustível: flex Potência: 130 cv e 123 cv a 6.000 rpm (g/e) Torque: 16 kgfm (g) e 16,5 kgfm a 4.500 (e) Câmbio: automático sequencial, seis marchas Direção: elétrica Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t) Freios: discos ventilados (d) e tambores (t) Tração: dianteira Dimensões: 3,970 m (c), 1,740 m (l), 1,540 m (a) Entre-eixos: 2,530 m Pneus: 195/60 R16 Porta-malas: 300 litros Tanque: 50 litros Peso: 1.098 kg 0-100 km/h: 10s9 (e) Velocidade máxima: 186 km/h (e) Consumo cidade: 11,7 km/l (g) e 8,1 km/l (e) Consumo estrada: 13,3 km/l (g) e 9,3 km/l (e)Emissão de CO2 108g/km Com etanol = 0 g/km Consumo nota b Consumo combinado: 12,2 km/l (g) e 8,4 km/l (e) Nota do Inmetro: B Classificação na categoria: B (utilitário esportivo compacto)